“O mundo
está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por
causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)
Matéria
do Jornal EXTRA Digital de 44 ago 2015
24
ago 2015 Extra Ricardo Rigel Ricardo.rigel@extra.inf.br
UPPs sofrem ataques no Lins
e em Copacabana
Quatro
carros de PMs foram incendiados na Camarista Méier, na madrugada de ontem. Na
Tabajaras, uma viatura foi metralhada.
Policiais de duas Unidades de Polícia Pacificadora
(UPP) foram atacados por criminosos, na madrugada de ontem. No primeiro
atentado, quatro carros particulares de PMs lotados na UPP Camarista Méier, no
Complexo do Lins, foram incendiados. De acordo com moradores, a ação aconteceu
após a morte de um traficante durante uma troca de tiros com os agentes da UPP,
na madrugada de sexta-feira. Os três veículos ficaram completamente destruídos,
e um quarto ficou parcialmente queimado. Na UPP Tabajaras, em Copacabana, uma
viatura foi metralhada durante o patrulhamento pela comunidade.
Três dos carros particulares de policiais da UPP
Camarista Méier que foram incendiados
Um
policial militar que estava de plantão na UPP Camarista Méier, na manhã de
ontem, disse ao EXTRA que os carros eram de outros companheiros de farda que
estavam dentro da base da unidade no momento do ataque.
De
acordo com um morador, que preferiu não se identificar, um grupo de criminosos
chegou até os carros por um matagal e conseguiu atear fogo aos veículos sem
serem vistos pelos PMs.
—
Isso aqui está muito violento. Não temos paz. Estamos perdidos mesmo. Se até os
PMs que estão aqui para nos defender estão sendo atacados, imagina o que pode
acontecer com a gente. É muito triste tudo isso. Essa UPP não traz segurança
nenhuma para quem vive aqui — desabafou.
Em
nota, a assessoria de imprensa das UPPs confirmou o ataque e informou que
policiais e criminosos entraram em confronto próximo à base, por volta da 1h30m
de domingo. O policiamento foi reforçado, e buscas estão sendo realizadas à
procura dos suspeitos. O caso foi registrado na 25ª DP (Engenho Novo).
OUTRO
ATAQUE
No
dia 27 do mês passado, um grupo de traficantes armados arremessou um coquetel
molotov na lateral do contêiner que abriga os policiais da UPP Camarista Méier.
Houve um princípio de incêndio, que foi logo controlado pelos PMs.
MEU COMENTÁRIO
Se isto não é guerrilha urbana, não sei mais o que
poderia ser. Pois a verdade é que a figura do PM atalhando criminosos em ação
ou demovendo-os de agir pela presença ostensiva são fatores que compõem a
atividade de polícia administrativa de manutenção da ordem pública. Agora,
ataque frontal endereçado a PMs aquartelados (sede de UPP é quartel), com uma
desenvoltura espantosa, isto é guerrilha urbana a demandar ações operativas.
Para tanto, porém, haveria de haver a decretação do Estado de Defesa nessas
localidades onde quem deveria manter ou restaurar a ordem, num sistema de
normalidade, vem sendo insistentemente atacado, isto é grave perturbação da
ordem pública.
A PMERJ é uma instituição que atua segundo
princípios constitucionais, legais e doutrinários claros e precisos. Ela é
predominantemente preventiva e excepcionalmente repressiva. Mas ela pode ir
além desta condição mínima de ação, exatamente quando a situação de paz não
está sendo experimentada pela população nem pela instituição que deveria
garantir esta paz violada. Esta é uma situação de grave perturbação da ordem
pública configurada num quadro de Defesa Interna e não mais de Defesa Pública.
Porém, para atuar em missões operativas é indispensável a decretação do Estado
de Defesa, isto minimamente. No Brasil, é competência exclusiva da União...
Não é de hoje que a reação do banditismo do tráfico
às ocupações de favelas por UPPs está além da normalidade. A começar pelo alto
índice de ferimentos e mortes de oficiais e praças, durante os patrulhamentos
normais nesses lugares, ou fora deles e do serviço, mas como consequência de os
PMs vitimados se integrarem a alguma UPP.
Claro que nada dispensa a ação investigativa da
PCERJ. Mas ocorre que estão se avolumando os crimes sem identificação de
autoria, o que mais uma vez nos impele a concluir que somente ações operativas
poderão alcançar indivíduos a partir da coletividade criminosa a que se
integram consciente e ostensivamente. É como se duas forças antagônicas se
enfrentassem, cada qual identificada por suas características coletivas, eis
que geralmente seus integrantes atuam em grupos maiores ou menores. Portanto,
pensar numa resposta apenas de investigação de polícia judiciária depois do mal
já perpetrado é enxugar gelo.
É o que a polícia estadual no RJ, representada pela
PMERJ e pela PCERJ, mais faz atualmente: enxuga gelo, engarrafa fumaça e
recolhe água com peneira...
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