segunda-feira, 3 de agosto de 2015

OS CÃES LADRAM, A CARAVANA PASSA (Nº 2)



Desde que o mundo é mundo existem predadores de animais vivos, e há os que se fartam apenas de carniça abandonada pelos que lutaram para sobreviver. São muitos os predadores: quadrúpedes e bípedes, com ou sem asas. Dentre os bípedes estão os racionais que realmente se alimentam de carne. Ocorre que, alegoricamente, muitos deles se alimentam de carniça... Interessa-nos este segundo grupo porque come uma carne tão putrefata que não mais atende aos que abateram a presa, nem anima os que se aproveitam da carniça antes de iniciar a putrefação. São os piores...




Sim, nesta última cadeia alimentar situam-se os comensais do final da festa alheia. São eles, carniceiros racionais, que sempre aparecem no seguro cenário de muitas lutas anteriores, assim se deliciando dos restos decompostos e dos vermes trabalhadores da morte que só desaparecem quando os ossos estão luzindo. Dentre esses carniceiros encontra-se um especial grupo formado por nojosos políticos, cineastas, jornalistas, policiais, artistas etc.

Já por esta hora os leitores devem estar ávidos por saber quem são as bestas-feras a que me refiro. Digo-lhes então que elas disputam restos mortais com abutres, hienas, coveiros, agentes funerários e semelhantes, que por determinismo natural ou função social vivem da morte alheia. Mas essas bestas-feras, intrusas na cadeia alimentar, não merecem ver seus nomes difundidos, pois é exatamente o que mais eles (e elas) almejam: a fama. Nem que por um átimo...

Sim, interessa a esse ignóbil grupo humano a fama. Para tanto, dependem da mídia, meio de comunicação onde a fama é disputada palmo a palmo. Porque neste meio midiático a fama lhes traz dinheiro e poder, o que faz com que os personagens inimigos da ética se incluam entre os comedores de carnes podres. Nada demais. No fim de contas, todos se merecem...

Destaco, sim, o grupo midiático, porque sem o concurso dele não há de haver fama alguma para ninguém. Daí é que todos se unem na causa comum de comer carniça alheira. E como a podridão não os afeta, continuam enfiados nela até limpar os ossos e chupar seus próprios dentes. E aí... Bem, aí sim, vão buscar nova carniça num ambiente que, naturalmente, sempre será servido dela pelos fortes que se alimentam de carne fresca conquistada a suor e sangue.

Vamos ao cerne...

De uns tempos para cá alguns cineastas de segunda linha vêm criando documentários sobre chacinas, desde que os acusados, com ou sem provas, sejam policiais, de preferência PMs. Cá entre nós, é fácil fazer isto, basta expor algumas fotos dos mortos, sempre chocantes, ouvir suas parentelas e entrevistar algumas personalidades ligadas aos direitos humanos, nem tanto por se preocuparem com direito humano algum, mas porque se trata de nicho deveras lucrativo.

Daí é que esses cineastas “exumam” os corpos mortos (vítimas de chacina) e trazem à lembrança pública o horror do passado, com o objetivo tão-somente de cumprir a agenda subvencionada com verbas públicas, diretamente, ou pela isenção de impostos, o que ao fim e ao cabo dá no mesmo. Enfim, não arriscam um só centavo de suas algibeiras na busca de fama, poder e dinheiro à custa da desgraça alheia.

Não me vou aqui reportar aos nomes desses cineastas e midiáticos nem das personalidades civis e militares de sempre que são postas por eles em frente dos holofotes. Nem sei se gratuitamente, mas é até possível, pois a estes (ou estas) nada mais interessa que fama.

Também não me vou, por enquanto, me reportar às chacinas que eles (e elas) escolhem, nem aos vilões que destacam em ira, sendo certo que sou o principal deles porque sou, fui, e sempre serei defensor do que entendo ser o lado do Bem, este, representado por bons policiais defensores da sociedade com o risco da própria vida, não da sociedade toda, mas dos seus segmentos que entendem ser o banditismo um Mal a ser eliminado nos termos de Jean-Jacques Rousseau (Do Contrato Social):

“(...). De resto, todo malfeitor, ao atacar o direito social, torna-se, por seus delitos, rebelde e traidor da pátria; cessa de ser um de seus membros ao violar suas leis, e chega mesmo a declarar-lhe guerra. A conservação do Estado passa a ser então incompatível com a sua; faz-se preciso que um dos dois pereça, e quando se condena à morte o culpado, se o faz menos na qualidade de cidadão que de inimigo. Os processos e a sentença constituem as provas da declaração de que o criminoso rompeu o tratado social, e, por conseguinte, deixou de ser considerado membro do Estado. Ora, como ele se reconheceu como tal, ao menos pela residência, deve ser segregado pelo exílio, como infrator do pacto, ou pela morte, como inimigo público, pois o inimigo dessa espécie não é uma pessoa moral; é um homem, e manda o direito da guerra matar o vencido.”

E mais ainda: jamais permiti que cães ladrassem em ira doentia à passagem da minha carruagem em defesa do Bem. Afinal, considero-me “Cão Pastor” a proteger indefesos rebanhos de ovelha contra os ataques de dissimulados lobos travestidos de cordeiros, ou contra o avanço de hienas, abutres e bestas-feras ditas racionais, mas que se alimentam de carniça e de almas mortas. Nem lobos ou lobas eles e elas são...





Quem são eles (e elas)?...

Bem, são os de sempre: grupo pequeno e permanente nos desdobramentos cinematográficos de temas que põem a polícia na berlinda de modo desairoso. Refiro-me, sim, à pequenez deles, porque prova que eles não representam nada além do interesse deles próprios, ou seja, a descarada exploração da desgraça alheia.

Onde eles estão?...

Bem, estão inseridos na própria polícia, na imprensa, no meio artístico, na política, no meio ministerial e judicial e em outros segmentos afins. Mesmo assim, reafirmo, são poucos. Não representam a maioria; não têm feitos nem feitios; nem sequer fazem jus a algum mérito de defensores das classes menos favorecidas. Porque são estas as mais atingidas por tragédias ligadas a uma criminalidade que floresce porque não é tratada como deveria ser pelo Estado, cuja função-síntese é a defesa do cidadão e da sociedade para que ela prospere num ambiente de paz. Mas como isto é utopia, o crime a mais e mais prospera neste ambiente social que exala o miasma em vez do perfume; e as matanças a mais e mais se sucedem; e novos corpos tombam mortos; e são devorados da forma como alegoricamente tentei descrever. Eis o Mal, que era assim ontem, é assim hoje, e o será amanhã...

A sociedade sadia, que é o todo perfumado, só precisa estar atenta ao miasma deles para combatê-los eficazmente...









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