domingo, 2 de agosto de 2015

RIO EM GUERRA CXX

MAI UM SILOGISMO ERÍSTICO...

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

 02ago 2015- Extra- Paolla Serra - paolla.serra@extra.inf.br
Duas vítimas a cada dia
Mortes causadas por policiais do Rio representam 62% de todos os casos nos Estados Unidos
Houve aumento de 21% dos autos de resistência no Rio, entre 2014 e 2015

De 1º de janeiro a 30 de junho deste ano, 348 pessoas morreram durante confrontos com policiais no Rio — duas a cada dia, em média. No mesmo período, foram registrados 557 homicídios decorrentes de intervenção policial em todo o território dos Estados Unidos. Apesar da discrepância — o Rio tem 0,4% do território e 5% da população dos EUA — as mortes provocadas por policiais no estado representam 62% dos casos americanos. E o número daqui está crescendo: no primeiro semestre de 2015, houve aumento de 21% em relação ao mesmo período do ano passado.




De acordo com o levantamento feito pelo EXTRA, com base nos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) e numa pesquisa feito pelo jornal “The Guardian”, apenas a capital fluminense — que concentra 49% dos casos do estado — registrou o dobro da quantidade de mortes provocadas por policiais ocorridos na Califórnia. O lugar está no topo do ranking na quantidade de mortos pela polícia nos Estados Unidos.

Somente na área da Área de Segurança Pública (AISP) do 41º BPM (Irajá), houve 41 casos — sete a mais do que os registrados no estado da Flórida, por exemplo. Na vizinha AISP do 9º BPM (Rocha Miranda), foram 32 autos de resistência — mais de um por semana. É quase o triplo do número registrado (11) em todo o Reino Unido, entre 2013 e 2014.

— A polícia do Rio é a que mais mata, mas também é a que mais morre, é a que mais sofre a agressividade dos marginais. O poder bélico dos bandidos daqui é incomparável— ponderou o comandante do 9º BPM, coronel Roberto Garcia.

Para o secretário de Segurança José Mariano Beltrame, as mortes são consequências das operações policiais:

— Houve aumento das ações em determinadas regiões como Morro do Dezoito, Chapadão, Rola e Antares. E elas são feitas justamente porque a população nos clama, por e-mail e por telefone, todos os dias, pela chegada das UPPs. Enquanto elas não são instaladas, a polícia atua temporariamente. E nessas ações, acabam acontecendo autos de resistência. Mas não existe cheque em branco para matar.

MEU COMENTÁRIO

Não sei se cuido de qual obsessão em primeiro lugar, se a da jornalista que tenta fazer comparações do tipo “o Universo é redondo, então a Terra é redonda” ou a do secretário Beltrame associando todos os fenômenos policiais às UPPs...

Enfim, e com todo o respeito que as personalidades referidas me merecem, não sei se esse tipo de notícia é útil à sociedade. Mas, particularmente, creio que não, pois esta comparação superficial de números estatísticos entre o RJ e os EUA me parece absurda, sugere-me nada mais que silogismo erístico. Até justifica o secretário não ter deixado a autora da matéria sem resposta inventando a que primeiro lhe veio ao atino ou ao desatino. Brincadeira!... Ele tem de sair de cada arapuca conceitual que até dá pena!...


Ora, comparar ambientes e povos tão díspares em todos os sentidos sugere falta de melhor assunto e, sobretudo, falta de investigação jornalística séria. Portanto, vou encerrado por aqui, não sem lembrar que esta comparação estatística lembra a figura do homem com os pés na fogueira e uma pedra de gelo na cabeça a afirmar que “na média tudo lhe ficará bem”, ou seja, não morrerá de frio nem será calcinado...

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