segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A presidenta e o traficante tupiniquim



Nem sei se vale o esforço escrever sobre o empenho hercúleo da presidenta para evitar que um traficante internacional de drogas fosse fuzilado na República da Indonésia.  Mas não é esforço supor que o traficante deva ter logrado êxito muitas vezes em sua prática criminosa usando o artifício de ser atleta, ou seja, pessoa saudável e do bem. Só que desta vez seu sórdido comportamento, aliado à incomum audácia de ingressar num país onde o tráfico de drogas é punido com a morte, deu no que deu: prisão em flagrante, devido processo legal, condenação, fuzilamento, cremação, pó.

Mas, quem sabe, a insistência da presidenta baseie-se numa lógica razoável? Afinal, ela governa uma nação a mais e mais contaminada pelas drogas ilícitas, com uma demanda a garantir a venda de bilhões de dólares por ano de maconha e cocaína. Porque é corrente o desenfreado uso de drogas no Brasil, eis que aliado às facilidades de venda no varejo, o que não precisa detalhar. Mas sobreleva considerar que o tráfico em si, que é crime hediondo, faz proliferar uma gama de crimes conexos, com destaque para os crimes de sangue.

Por conta do comércio ilegal de drogas e do seu inútil combate, – que só faz aumentar o preço no atacado e no varejo, – são muitos os policiais mortos, assim como são incontáveis os traficantes e usuários que se autodestroem antes mesmo de serem alcançados pela repressão policial. Enfim, nada nos permite defender traficantes, principais responsáveis pela degradação de enorme parcela da sociedade, desde a ralé que usa crack  aos abastados que consomem as tais “drogas limpas” (cocaína, heroína etc.). Mas a nossa presidenta, sem mais nada de importante para fazer, dedicou-se com afinco para evitar a execução dum traficante contumaz. Por quê?...

Bem, talvez ela, – do sopé de sua reduzidíssima cultura, – tenha imaginado que a República da Indonésia não passe duma ilhota perdida em meio a um oceano qualquer. Talvez ela não saiba que se trata de país que ocupa o 18º lugar na economia mundial e que sofreu muitos horrores no passado, inclusive o pior deles: a colonização holandesa (não por acaso os indonésios fuzilaram e torraram também um holandês). Talvez a presidenta desconheça que a República da Indonésia conquistou sua independência ao custo de muitas perdas, e se hoje é um país equilibrado é porque possui leis rigorosas contra a corrupção, que lá é também punida com a pena de morte. E como aqui é o contrário, como aqui se vivencia um momento em que “bandido bom é bandido vivo e policial bom é policial morto”, talvez por isso ela tenha encenado sua opereta para agradar malfeitores. Talvez ainda ela tenha tomado esta atitude porque expressivo percentual da mídia pátria gosta de defender bandidos e execrar policiais.

Ah, são muitas as motivações da presidenta que poderíamos aqui especular, já que seu comportamento foi insólito. Melhor seria se ela focalizasse a mãe da menininha que saía do restaurante em Bangu e foi ao solo com um tiro fatal na cabeça, com a mãe pensando que sua filha apenas tropeçara. Não! Não tropeçara, não! Ela fora abatida por um balaço que decerto tem relação com o tráfico de drogas e com a criminalidade que grassa como peste o Rio de Janeiro e o Brasil. Mas, nesse andar da carruagem, imaginar que a presidenta vá derramar lágrimas pela criança brasileira que teve a sua vida interrompida pela violência do tráfico, é pura veleidade. Bom mesmo para ela é defender o traficante e ocupar o cenário internacional como “boazinha”. Ou então é mais uma prova de ignorância mesmo! Ou seria uma espécie de apologia ao tráfico de drogas dissimulada em gesto humanitário?... Não! Não deve ser! Ela não tentou salvar o traficante, é tudo sonho meu!...

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