“O mundo
está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por
causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)
G1 Rio
3/04/2015
16h19 - Atualizado em 03/04/2015 20h00
Protesto contra morte de
menino no Alemão tem confronto com a PM
Polícia usou bombas de efeito moral; moradores
usaram garrafas e pedras.
Um protesto realizado na tarde desta sexta-feira (3) contra a morte de Eduardo de Jesus Ferreira, 10, vítima de um tiro no Conjunto de Favelas do Alemão, subúrbio do Rio, terminou em confronto entre moradores e polícia.
O
protesto começou pacífico por volta das 16h. Moradores, incluindo homens,
mulheres e crianças, pediam paz, agitando panos e lençóis brancos e carregando
cartazes. O grupo estava na Estrada do Itararé, uma das vias de acesso à
comunidade, e ia em direção à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do
Alemão, quando teve início um tumulto.
A Polícia
Militar usou bombas de efeito moral e gás pimenta. Parte dos manifestantes
atirou garrafas e pedras contra os policiais. Em seguida, a manifestação foi
dispersada.
Moradores
cobriram os rostos com panos para amenizar os efeitos das bombas. Pessoas de idade,
que participavam do protesto, se esconderam em bares.
Às 17h30,
a Estrada de Itararé foi liberada, mas os ônibus ainda desviavam pela Avenida
Itaoca, em razão do clima de tensão.
Por volta
das 18h, quando já escurecia, um grupo ateou fogo em objetos e montou
barricadas, como mostram imagens do helicóptero da TV Globo (assista no
vídeo ao lado). Um grupo de motociclistas circulava pelas ruas do
complexo.
A
tradicional Via-Sacra, que ocorre todos os anos no complexo, foi cancelada.
O policiamento foi reforçado com policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC) no local. às 18h30, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora informou que o policiamento continuava reforçado pelo Comando de Operações Especiais (COE).
O policiamento foi reforçado com policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC) no local. às 18h30, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora informou que o policiamento continuava reforçado pelo Comando de Operações Especiais (COE).
As UPPs
são unidades policiais instaladas nas favelas do Rio como parte de um projeto
de segurança da Secretaria Estadual de Segurança. Desde 2008, foram instaladas
38 UPPs, que contam com um efetivo de 9.543 policiais. A ocupação do Alemão aconteceu em novembro de 2010.
Protesto
de amigos e parentes do menino Eduardo na Estrada do Itararé, no Complexo do
Alemão, acabou em confronto da PM com moradores. Policiais usaram bombas de gás
e spray de pimenta para dispersar os manifestantes (Foto: Guilherme
Pinto/Extra/Agência Globo)
Moradores
atiram garrafas contra policiais durante protesto no Alemão (Foto: João
Laet/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
MEU
COMENTÁRIO
Duas cenas que dizem mais que palavras. A primeira, do graduado (não
identifico se cabo ou sargento) contra a multidão revoltada, me remete a mim ao
aforismo de Henry Ford: “Tudo que deve ser feito, deve ser bem feito.”
Num sistema técnico de controle de multidão tendente à turbamulta,
geralmente a tropa empenhada se inicia pela demonstração de força, de modo a
inibir a multidão e dispersá-la (fui instrutor de Emprego Tático de Unidades Especiais durante anos na EsFO da extinta PMRJ e portanto sei disso). Depois da simples presença, em formação típica
de controle de distúrbio indicando superioridade ante a força adversa, é que
então as manobras seguem seu curso conforme as condições do terreno,
formando-se a tropa em linha, cunha ou escalão à direita ou à esquerda e avançando
desta forma. A tropa, claro que a comando, não deve ter nervos, deve ser
simplesmente tropa, repito que a comando.
A cena do graduado jorrando spray de pimenta nos moradores em protesto,
justíssimo, por sinal, não se encaixa em nenhum padrão de conduta profissional. Ele, porém, não pode ser culpabilizado pelo que faz, mas sim quem deveria cuidar do
protesto proativamente e planejar o emprego da tropa de contenção com um mínimo
de estrago em vista do estrago maior já havido e sabido.
Não vou longe, apenas cuido de sequenciar duas fotos para agora sublinhar os favelados: na primeira, em que figura o sargento, eles são tão inofensivos que recuam ante um só PM. Pelo menos é o que a foto
sugere, sendo certo que vi outras imagens na tevê mostrando um bando de PMs sem
formação ou comando, uns expostos no meio da rua enquanto outros se protegiam,
não se sabendo, afinal, o que estava havendo, ou seja, se os bandidos ameaçavam
de longe ou apenas os moradores desfraldando panos brancos foram suficientes para a busca do abrigo por
alguns “menos corajosos”. Na segunda foto, um pequeno grupo age ou reage (não dá
para se saber) à desorientada ação dos PMs arremessando contra eles pedras e
garrafas. Enfim, nada “bem feito”, como sugeria no seu tempo Henry Ford com a autoridade de
precursor da produção seriada em massa de automotivos.
O resto é pura reflexão...
Um comentário:
Bom dia Cel Larangeira.
A situação está ficando crítica, e para quem tem um mínimo de senso percebe que a falta de comando vem lá de cima, bem do topo. A segurança pública do estado do Rio de Janeiro nunca teve tão criticada como agora, não se limitando aos fatos do Complexo do Alemão. Tem morrido muito policial e muito inocente em todo estado, tudo em nome do combate à crescente onda do tráfico de drogas. Tem horas que chego a pensar que o ex- governador Brizola estava certo nessa questão. Vamos ver no que vai dar isso aí!
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