terça-feira, 7 de abril de 2015

RIO EM GUERRA XL

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)


G1 Rio - 06/04/2015 18h09 - Atualizado em 06/04/2015 20h24

Bases definitivas de UPPs serão feitas em caráter emergencial, diz governo

Pezão já havia adiantado informação em entrevista nesta segunda-feira.

Alerj vai doar R$ 70 milhões e haverá parcerias com a prefeitura do Rio.

Juliana Scarini Do G1 Região Serrana




Luiz Fernando Pezão esteve em Nova Friburgo nesta segunda  (Foto: Juliana Scarini / G1)

O Governo do Rio confirmou nesta segunda-feira (6) que as novas bases definitivas das UPPs serão construídas em regime emergencial, sem licitação. Segundo a nota do governo do Estado, a Assembleia Legislativa do Rio doou R$ 70 milhões para a construção, e haverá parcerias com a prefeitura.

“Nós vamos realizá-las e eu não posso ficar esperando a burocracia de ter título de propriedade ou se vai construir sem licença ambiental. Porque o traficante quando entra lá, ou miliciano, faz seu paiol, faz seu local para comercialização da droga e não pede licença pra ninguém. Então, o Estado vai entrar e vai estar presente dentro dessas comunidades fortemente. É determinação minha que a gente faça essas obras imediatamente”, afirmou o governador, que disse em nota que "se precisar responder a processo", responderá.

Segundo o governo, a Assembleia Legislativa do Rio doou R$ 70 milhões para construirmos as bases e o prefeito Eduardo Paes ajudará com a construção de pelo menos oito unidades.

O governador afirmou também que o treinamento dos PMs de UPPs já está mudando com a presença do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque nas comunidades.

“O secretário Beltrame, com o coronel Pinheiro Neto, já tinham mudado o treinamento dos policiais. Esses policiais vão ser treinados por 20 ou 30 dias, o tempo que eles precisarem. Essa questão nossa é prioridade”, disse Pezão, que descarta o pedido de ajuda às Forças Armadas novamente.

Segundo o governador, o caso Amarildo, com as manifestações de junho, foi um "divisor de águas". "A gente teve muito problema no questionamento da política de segurança pública. Então, a gente custou um pouco a se reerguer, das pessoas acreditarem de novo na polícia. As manifestações são legítimas, mas muitas dessas manifestações têm o tráfico de drogas por trás.”

RJ não tem 'cheque especial', diz

O governador também anunciou que vai começar a liberar orçamentos para saúde, educação e segurança pública na segunda quinzena deste mês. “O Governo do Estado não tem cheque especial, não vai gastar o que não arrecadar. Tenho a responsabilidade fiscal pra atender e quero trabalhar no zero a zero”, contou.

MEU COMENTÁRIO

A reação governamental está no meio da caminhada, mas deveria constar como providência inadiável desde o início, para melhor aproveitar a fraqueza do adversário, no caso o crime organizado do tráfico. A manutenção, como definitivos, dos provisórios containers, vem transmitindo aos bandidos certa ideia de efemeridade do programa. Uma construção sólida, tal como fortaleza, talvez tivesse evitado a morte da PM Fabiana Aparecida de Souza no Complexo do Alemão, em julho de 2012.

Mas nunca é tarde, a construção de bases sólidas para todas as UPPs, sem exceção, pode ser o primeiro passo da solidariedade dos segmentos estaduais e municipais à polícia (a União não ajuda muito além de discursos ocos, como ocorreu com a presidenta no caso específico da morte do menino de 12 anos no mês próximo passado). Mas, cá entre nós, isto ocorre depois de muito o secretário Beltrame reclamar que a polícia “está sozinha”. Ora, a sede da UPP em qualquer comunidade há de ser fortaleza a garantir segurança máxima para os PMs em missão. Deve ser uma segura trincheira contra os fogos inimigos e possuir meios panópticos a garantirem visibilidade ampla e minuciosa do local a ser policiado. São detalhes de segurança contra surpresas que demandam investimentos pesados em tecnologia.

Esta visão geral (substituindo as vulneráveis patrulhas a pé) é fundamental ao controle pacífico do ambiente a ser policiado pelas UPPs, sejam quais forem suas bandeiras. Também as edificações devem impor ao poder marginal o reconhecimento da superioridade do poder estatal. São duas situações emergenciais que não podem ser travadas por burocracias, pois se trata de proteger a vida dos PMs e também de evitar balas perdidas em tiroteios aleatórios. No caso do sistema de observação indireta, hoje sabemos ser possível instalá-lo de tal modo que os bandidos custem a identificá-lo; e se ocorrer algum contratempo é só recriar novas tecnologias de observação que permitam acompanhar em tempo real a movimentação dos marginais.

Vejo esses dois itens de segurança como mais eficientes e eficazes que o mero aumento de efetivo, sempre gerador de altos custos e tendente ao desgaste. Porque as edificações capazes de abrigar a tropa em situações de ataque, permitindo-lhe reagir com precisão, valem mais no momento que aumentar o efetivo. Mais ainda figura como providência essencial o sistema panóptico a ser montado em momento concomitante de pressão máxima da polícia, como o foi no dia da primeira ação no Complexo do Alemão que contou com a ajuda das FFAA. Hoje nem vejo necessidade do concurso destas forças federais amigas. O BOPE é suficiente para atemorizar os bandidos e acuá-los num tempo suficiente à instalação do sistema de câmeras, incluindo as infravermelhas para visão no escuro, já que a tática de destruição dos transformadores é tão corrente que até já romanceei sobre ela.

Bem, faço estas ponderações para demonstrar que não vivo somente de críticas e sou adepto da ideia de que o Estado não deve realmente recuar a não ser como racional conduta de combate no terreno ocupado, porém sem sair dele, como fizeram os EUA no Vietnã. Para tanto, porém, deve haver uma forte da reciclagem tropa até fazer desaparecer o improviso que atualmente se vê, e como foi no caso das reações isoladas de PMs às manifestações de moradores do Complexo do Alemão. Porque o diagnóstico já está feito pela vivência acumulada. Hoje, em virtude desta vivência, é possível antever os problemas para se lhes antecipar eficiente e eficazmente, o que não sugere a foto extraída do G1, que não deve ser repetida, porque assim jamais haverá a efetividade das UPPs (aplausos permanentes).




Nenhum comentário: