domingo, 22 de março de 2015

O BRASIL TEM JEITO!

Foto: eu; minha esposa, Sandra Otero; meu filho, Paulo; minha neta, Anne Karoline

 

A formatura de Anne Karoline

 

Geralmente ocupo este meu espaço para falar de assuntos relacionados com segurança pública ou política, predominando o primeiro tema. Contudo, me sinto suficientemente legitimado para fazê-lo nos dois casos, embora não possua o midiático título de “especialista”, que não sei de onde provém. Por outro lado, nada me impede abordar outros assuntos, incluindo os que me afetam emocionalmente e que nem sempre me são agradáveis. Hoje, porém, abro espaço para deixar falar positivamente o meu velho coração, e o faço tomado por muita emoção em virtude de evento do qual participei no dia 20 deste mês, em Petrópolis: a solenidade de formatura de minha neta Anne Karoline no Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET/Petrópolis –, evento ocorrido no Auditório do LNCC (Laboratório Nacional de Ciência da Computação), naquela cidade serrana que abriga boa parte da história monárquica e imperial pátria.

 

A deslumbrante beleza arquitetônica dos palácios e mansões mantém-se inalterada, como outrora, e é um colírio para os olhos das pessoas que passeiam pelos quarteirões tomados por essas construções a desafiarem em beleza a arquitetura contemporânea, esta que dispõe de tecnologia e materiais com os quais os mestres de outrora sequer seriam capazes de sonhar. Mas decerto os mestres da arquitetura de hoje visitam Petrópolis e se inspiram naqueles estonteantes prédios, que, presumo, são tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional e quiçá considerados Patrimônio Mundial por mérito de universalidade.

 

Contudo, não é desta indescritível emoção visual que quero falar. Atenho-me à solenidade de formatura de minha querida neta Anne, posto não se ter resumido ao lugar-comum de ato protocolar a confirmar o óbvio: o término de curso para algumas dezenas de formandos. Não, não foi ato trivial, foi muito mais por conta da poesia que extravasou da alma dos formandos e dos professores homenageados e envolveu em incontrolável emoção os amigos e familiares presentes.

 

É verdade! Não foi ato comum, cada momento guardou um sentimento especial devido ao formato único da solenidade: os alunos se revezando no púlpito e se dirigindo ora aos colegas, ora aos mestres, em palavras que pareciam setas perfumadas a alcançarem os corações e fazê-los palpitar de modo agradavelmente intenso. Eu diria, sem medo e de errar, que o único momento solene, por sinal não menos emotivo, foi o do canto do Hino Nacional Brasileiro, com os presentes mirando a Bandeira Nacional posta em relevo no cenário do evento. Sim, o restante foi só de natural emoção, muita emoção!

 

A poesia maior veio da alma dos formandos e se expandiu no recinto como o variado perfume dos jardins floridos de Petrópolis. Sim, havia no pequeno auditório um ar de milagre, uma aura de emoção que transcendia a tudo e todos. Sim, impressionante como os formandos, moços e moças, – entremeados por uma senhorinha que entre eles se arriscara ao recomeço e também se formara, – os moços e moças roubaram a cena da festa com suas palavras cheias de imaginação e, por vezes, de fina ironia, porém todas movidas por uma só energia: o amor e a gratidão aos pais e mestres. E desta forma os atos se foram alternando e inundando o ambiente com o perfume que emanava das palavras, e das mãos a abanarem corações emocionados, e das lágrimas que brotavam em todos os indisfarçáveis olhares.

 

Não sei mais como usar palavras para descrever o que vi e senti, elas são insuficientes. Mas sei que meu velho coração de avô estava à frente do meu corpo e por isso sentiu intensamente o impacto de cada palavra ou gesto, tanto dos mestres como dos formandos. Destaco, todavia, um professor, jovem, de nome Frederico, cujo discurso de paraninfo em muito ultrapassou as expectativas. Conseguiu ele sintetizar a maravilha da formatura com belas lições filosóficas e poéticas entoadas em voz de barítono, jorrando palavras em significados que as tornaram magníficas em sua comunicação aos formandos. Palavras de gratidão, palavras que coloriam o passado e projetavam o otimismo ao futuro, palavras inteligentes, sensíveis, palavras de mestre à altura dos seus alunos não menos inteligentes e sensíveis. Enfim, palavras que ficarão gravadas na memória de cada um que teve a sorte de participar do evento produzido como preciosa peça teatral, só que dotada de emoção real, não fictícia, raridade nos dias de hoje.

 

Confesso aos meus amigos que aqui me visitam: jamais imaginei desfrutar tanta emoção, embora “cascudo” em matéria de cerimoniais civis e militares. Porque esta formatura foi diferente de todas; foi única dentre as que muitas vezes participei, ou como formando ou como instrutor de Academias Militares. Sim, esta foi única porque me resgatou a certeza de que o Brasil, com professores de alto quilate, como os que lá se expressaram, e com jovens por eles tão preparados para o Bom Combate, o Brasil, meus amigos, não está perdido. O Brasil tem jeito!

 


 

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