quarta-feira, 30 de abril de 2014

A DESMILITARIZAÇÃO DAS PPMM II




Referência: “PCE-51: revolução na arquitetura institucional da segurança pública.”


Vivemos num mundo de competitividade, e não é de hoje que as PPMM enfrentam forte oposição de instituições e segmentos acadêmicos, amantes do socialismo, que as querem apagar do mapa brasileiro mais por sectarismo que por lógica. Mas em vista de sua utilidade social, que é regra geral, as PPMM vão em frente, por sorte acertando mais e errando menos (as estatísticas de atendimento ao povo pelas PPMM não mentem). Porém os erros são sempre e brilhantemente generalizados como se fossem predominantes e os acertos nem existissem. Ora!...

Paradoxalmente, embora sabedoras desta vultosa e inegável ira política, as PPMM não reagem nem quando produzem ações positivas, o que poderia ser feito por meio de eficiente trabalho de Relações Públicas em campanhas institucionais junto à sociedade brasileira e internacional. Contudo, enquanto se descuida dos acertos em vez de difundi-los convenientemente, as PPMM recebem indefectíveis pancadarias midiáticas promovidas por seus contrários, jornalistas e prepostos, deste modo sepultando todas as ações positivas no túmulo do esquecimento. A conclusão que se chega é a de que as PPMM são autistas ou demasiadamente arrogantes. Agem com perspectiva de sistema fechado, ignoram as pressões externas, e mantêm a rotina sem se sentirem ameaçadas. Um absurdo!...

Talvez a razão deste incompreensível comportamento resida no fato de que, enquanto as PPMM são instituições permanentes, seus dirigentes máximos (coronéis) são efêmeros, e poucos são os agraciados com o poder interno entre seus pares. Eles ocupam os principais cargos de comando e direção em grupos geralmente da mesma turma de Academia, espécie de “facção política” que se forja desde a formação, com a turma mais velha sempre se achando melhor que as mais novas e vice-versa, resultado desta nefasta cultura que começa nos bancos escolares as históricas dissensões que vão do início ao fim da carreira de cada oficial

Mais grave é ainda o problema porque dentro da mesma turma a convivência não é tão assim harmoniosa; muitas rupturas acontecem em função do sistema meritocrático que começa a se impor desde as primeiras provas para aferição de conhecimento individual, valendo a lista de classificação como paradigma de “precedência hierárquica”: o detentor de melhores graus nas provas passa a ser o líder da turma, o “xerife”, e assim a competição que se inicia em salas de aula vai afastando uns dos outros e formando “panelinhas” que se eternizam além do serviço ativo e vão à inatividade.

Enfim, a cultura interna da oficialidade, que inicialmente não passa pela arriscada vivência das ruas, como acontece com as praças, é a da destruição de seus contrários intramuros de quartéis, desunião que se acirra em disputa por promoções, funções e cargos mais importantes e melhor remunerados. E assim segue a competitividade interna entre os supostamente líderes, mas que não ultrapassam a condição de meros “chefes” a cobrarem da tropa o fiel cumprimento dos tacanhos regulamentos disciplinares, meio simples de anulação da vontade dos subordinados por meio de anacrônicos regulamentos disciplinares.

Ora bem, este é o perfil genérico de comportamento que se nota nas PPMM, em menor ou maior proporção dependendo da PM considerada. E serão esses oficiais eventualmente ocupantes do poder em suas instituições que terão a responsabilidade de conter a onda destruidora que se avizinha no Congresso Nacional (PEC -51 e outras), com fortes possibilidades de contar com o aplauso de revoltadas tropas de graduados e praças Brasil afora. Sim, infelizmente as corporações de PPMM não formam um só corpo, embora o vocábulo “corporação” induza ao significado de “corpo” em “ação”, ou seja, de entidade unida em torno de objetivos comuns a serem otimamente alcançados. Não é assim, esta união só ocorre quando há tropa formada a comando de voz, corneta ou apito, momento em que se acentuam os “corpos dóceis” denunciados por Michel Foucault em Vigiar e Punir.

Esta é a minha preocupação, pois os que estão em franca competitividade contra as PPMM não as querem mudar para melhor interferindo na sua cultura interna em típica “mudança evolucionária” (“Quando uma mudança de uma ação para outra que a substitui é pequena e dentro dos limites das expectativas e do status quo. A mudança evolucionária é lenta e suave e não transgride as expectativas daqueles que nela estão envolvidos ou são por ela afetados. Há uma tendência de se repetir e reforçar soluções que foram eficientes no passado e de se abandonar soluções fracas e deficientes.”). Pelo contrário, o título do artigo do antropólogo e professor da UERJ Luiz Eduardo Soares, foco das reflexões que venho fazendo neste blog (“PEC-51: revolução na arquitetura institucional da segurança pública”), não nasceu de mero acaso. Na verdade, é fruto de poderosos conceitos a serem introjetados no inconsciente individual e coletivo para depois emergir como míssil de águas profundas para atingir de surpresa o seu alvo: as desavisadas PPMM.

É evidente que o escopo dos mentores da PEC-51, – dentre os quais está o eminente estudioso Luiz Eduardo Soares cujo saber vai muito além da formação que ostenta em simplicidade e ademais adentra a ideologia socialista que professa, – o escopo dos mentores da PEC-51 é o de promover uma “mudança revolucionária” (“Quando a mudança contradiz, rompe ou destrói os arranjos do status quo. A mudança revolucionária é rápida, intensa, brutal, transgride e rejeita as antigas expectativas e introduz expectativas novas. Enquanto as mudanças evolucionárias ocorrem aos poucos, não provocam entusiasmo ou resistência, as mudanças revolucionárias são súbitas e causadoras de impacto.”).

Os supracitados conceitos, extraídos da obra de Idalberto Chiavenato (Introdução à Teoria Geral da Administração – Elsevier, Rio de Janeiro, 2003, pág. 378) explicam o vocábulo “revolução” do título do artigo do antropólogo, assim como a palavra “arquitetura” do seu (dele) título nos remete à máxima arquitetural de Louis Sullivan (“O formato deve seguir a função”). Em linguagem mais apropriada ao âmbito da Teoria Geral da Administração e, em especial, ao Planejamento Organizacional: “A estrutura deve seguir os objetivos”. Isto demanda redesenhar estruturas para atender a novos objetivos, ou seja, tudo na contramão “institucional” (outro vocábulo do título) das PPMM, que, bicentenárias e estruturadas à imagem e semelhança do Exército Brasileiro, assim almejam permanecer até que o planeta Terra seja atingido por um asteróide e desapareça do Universo.

Exatamente por serem teimosas como mulas, inflexíveis como jumentos, – e notadamente arrogantes como touro bravio que não rompe fracas cercas e aguarda assim o abate, – é que tendo ao sucesso a solução buscada pelos que almejam outro instrumental de segurança pública no Brasil, esta que se resume à destruição total das atuais e carcomidas estruturas das PPMM pátrias. Cá entre nós, não falo de ficções, refiro-me a uma Proposta de Emenda Constitucional real e politicamente poderosa, que tem no seu “nome fantasia” (DESMILITARIZAÇÃO) de propaganda maciça já nas ruas e na mídia o manto que oculta a verdadeira intenção do sistema situacional dominante: extinguir as PPMM.

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