MERVAL PEREIRA7.2.2014 10h05m
O caso
da médica cubana Ramona Rodrigues, que abandonou o programa Mais Médicos e está
abrigada provisoriamente no gabinete do deputado do DEM Ronaldo Caiado em
Brasília traz de volta ao debate público questões básicas da democracia
relacionadas com a contratação dos médicos cubanos para o programa.
Não está em jogo a capacitação desses médicos
– criticada por setores médicos brasileiros – ou se o programa
governista significa a solução para os problemas da saúde pública brasileira,
como a propaganda oficial quer fazer crer. Essas questões merecem ser
discutidas, mas diante dos problemas éticos e de direitos humanos que surgiram
com o sistema de contratação dos cubanos, devem ficar em segundo plano enquanto
o Ministério Público do Trabalho intervém para garantir os mínimos direitos a
esses estrangeiros, que aqui estão ainda sob a vigilância da ditadura cubana, o
que é inadmissível numa democracia.
Assim é que os médicos cubanos não podem sair de
férias, a não ser que vão para Cuba, não podem manter contato com estrangeiros
sem comunicar ao governo cubano, não podem desistir do programa e continuar por
aqui. E, se depender do parecer do Advogado Geral da União, Luis Adams, não
podem nem mesmo pedir asilo ao Brasil.
Essa atitude brasileira já produziu fatos
vergonhosos, não condizentes com o Estado democrático, como a entrega ao governo
cubano dos pugilistas cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que haviam
fugido da concentração durante os Jogos Pan-Americanos no Rio, em 2007, e
queriam ficar no Brasil asilados.
Meses depois, desmentindo o governo brasileiro,
que dissera que os cubanos pediram para voltar ao seu país, Erislandy Lara,
bicampeão mundial amador da categoria até 69 quilos, chegou a Hamburgo, na
Alemanha, depois de ter fugido em uma lancha de Cuba para o México. Em
2009, Rigondeaux acabou fugindo para Miami, nos Estados Unidos.
Como já escrevi aqui, o caso dos médicos cubanos
tem a mesma raiz ideológica. Cuba ganha mais com a exportação de médicos do que
com o turismo, isso por que o dinheiro do pagamento individual é feito
diretamente ao governo cubano, que repassa uma quantia ínfima aos
médicos. O governo brasileiro não apenas aceita essa mercantilização de
pessoas como dá apoios suplementares: enquanto as famílias de médicos de outras
nacionalidades podem vir para o Brasil, o governo brasileiro aceita que o
governo cubano mantenha os parentes dos médicos enviados ao Brasil como reféns
na ilha dos Castro.
O contrato dos médicos cubanos, sabe-se agora, é
intermediado por uma tal de “Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços
Cubanos”,
o que deveria ser investigado pois não se sabe para onde vai o dinheiro
arrecadado. Há desconfiança na oposição de que parte desse dinheiro volta para
os cofres petistas, o que seria uma maneira de financiar um caixa dois para as
eleições.
O Ministério Público do Trabalho, que não tivera
até o momento acesso aos contratos firmados pelo governo brasileiro e a tal
“Sociedade
Mercantil”,
o que é espantoso, a partir do depoimento da médica cubana decidiu cobrar que o
governo mude a relação de trabalho com os médicos cubanos, obrigando a que seja
igual à de outros médicos estrangeiros, que ficam integralmente com os R$ 10
mil pagos pelo governo brasileiro.
Não é de espantar que a deserção de médicos
cubanos não seja maior, pois há uma série de constrangimentos legais e pessoais
que tornam difícil uma atitude mais radical. O que importa é que o governo
brasileiro está usando mão de obra explorada por uma ditadura para fingir que
está resolvendo o problema de falta de médicos, enquanto nada está sendo feito
para resolver o problema de maneira definitiva.
MEU COMENTÁRIO:
Que o comportamento de socialistas extremados, atualmente no poder, não sugere boa intenção presente e futura, não mais se discute! O problema mais vergonhoso, porém, é a inércia do Ministério Público pátrio e da Justiça. Entende-se, talvez, que os quase 12 anos de petismo no poder tenham produzido nos seus bastidores a ascensão de muitos "companheiros" aos altos cargos do poder público como um todo e em todos os patamares do poder político: Municípios, Estados-membros e União. Mas supor que esta inércia é casual significa assumir a burrice. Por isso é necessário que os amantes da democracia reajam, principalmente os da estirpe de um Merval Pereira, e não se vendam tão barato. Também os artistas que vivem babando o saco deste governo descaradamente socialista, com pinturas castristas, stalinistas e/ou chavistas, deveriam se pronunciar sobre o escandaloso problema do "Mais Médicos", que enodoa a democracia brasileira, se é que alguém ainda crê que o momento pátrio é de democracia.
2 comentários:
Quando o governo federal lançou esse programa Mais Médicos no ano passado pense cá comigo; bom, agora não vou mais esperar semanas ou meses, mesmo com um "bom" plano de saúde para ser atendido por um médico de minha preferência.
Pensei também que nenhum médico iria mais me perguntar se queria recibo ou não, é que o leão está mais voraz que em outros tempos e se este não mordê-lo certamente morderá a mim.
Pensei também que não mais ia ver filas de irmãozinhos brasileiros de madrugada nos postos de atendimento médico.
Pensei que mais ofertas de serviço médico iria diminuir o apetite dos que estou acostumado a lidar, nos obrigando cada vez mais a manter um plano de saúde particular. Ledo engano, a cada dia surgem mais denúncias envolvendo esse programa que no início acreditava que tinha tudo para dar certo.
Confesso que se não fossem os laços familiares e de amizade construídos nos 60 anos da minha existência eu já teria metido o pé e estaria morando em um desses países da América do Sul; em muitos deles, a vida está bem melhor que aqui. Não há patriotismo que resista a tantos desmandos.
Dizem que vivíamos numa ditadura militar.Que ditadura era essa que permitiu a abertura política e a anistia destes parias que agora estão no poder.Os militares se mostraram mais democráticos e com senso de patriotismo ao atender os anseios de uma sociedade que pedia um governo eleito pelo voto direto.
O maior erro foi permitir que os terroristas de outrora tivessem seus direitos políticos intocados.
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