segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Artigo de Jorge da Silva

Não resisti em postar a magistral reflexão e corajosa do Cel PM Jorge da Silva postada em seu blog. Ponho o Cel PM na dianteira de sua expressiva formação acadêmica em graduações, mestrados e doutorados em Direito, Sociologia, Antropologia etc. Faço-o somente para que os críticos de plantão, que estudaram pouco, mas se acham sábios, ponham-se nos seus lugares. E faço um apelo à mídia séria que reproduza o artigo de Jorge da Silva para conhecimento geral da sociedade, esta que, aliás, pouco pensa e muito reclama da PM, em conduta geralmente ideológica que vai às raias da pressão pela desmilitarização das polícias militares estaduais como mais uma maneira de torná-las "Geni".

PM. A GENI TAMBÉM É USADA COMO BOMBRIL






1 de fevereiro de 2014     Deixe seu comentário



Impasse na greve dos rodoviários de Porto Alegre. O prefeito tem criticado a PM (Brigada Militar/RS) por não estar, a seu juízo, reprimindo com rigor os piquetes e as depredações de ônibus pela cidade. Não entro no mérito, porém é curiosa a manchete do jornal Zero Hora de ontem (31/01/2014):

 “Prefeitura pedirá apoio a PMs para atuarem como motoristas de ônibus em Porto Alegre”

A proposta faz lembrar sugestão de comentarista midiático carioca há cerca de 20 anos, de se colocar PMs junto aos postes de iluminação para evitar os frequentes roubos de fios de cobre. O prefeito de POA bate forte na Geni, mas quer utilizá-la como se fora aquele célebre produto “de mil e uma utilidades”. Os PMs substituiriam os motoristas, não estando claro se fariam isso fardados ou à paisana… Se à paisana, o prefeito certamente pedirá proteção da PM para os PMs feitos rodoviários ad hoc. E por aí vai, com a PM na berlinda.

Por igual, se se trata de garantir a segurança dos torcedores, dentro e fora dos estádios de futebol, mande-se a PM; se a população de rua e as cracolândias proliferam, que a PM suma com elas, de preferência com bombas de gás e balas de borracha; se se trata de “sem terra” ou “sem teto”, mande-se a PM para resolver o problema; se é para remover ocupações, posseiros e grileiros, idem; se é para “acabar” com o tráfico de drogas, mande-se a PM para as favelas, mas armada de fuzil; se é para “acabar” com rebeliões em presídios, idem; se é para impedir arrastões nas praias, que a PM vá de bicicleta ou triciclo, e os PMs de bermudas, mas armados; se é para ajudar em campanhas diversas, peça-se o apoio da PM; se é para reprimir manifestações de professores em greve, ou de bombeiros reivindicando melhores salários, que o governo mande a PM para impor a ordem; e se a manifestação for dos próprios PMs, chame-se a PM para reprimir os PMs. Se é para garantir segurança nas escolas, mande-se a PM; se é para manter a ordem em manifestações e protestos contra aumento de passagens etc., mande-se a PM, mas com bombas de gás, de efeito moral e balas de borracha; se o problema são os rolezinhos em shoppings, chamem a PM para distinguir quem é quem. (E se, por acaso, os governos forem acusados de excessos ou de omissão, não há problema, é só atribuí-los à PM e aos PMs, e prometer punição exemplar). E pau neles: “Despreparados!” Se é para policiar as ruas, praças, vias expressas e outros logradouros públicos, cadê a PM para propiciar tranquilidade à população? Se os assaltos em ônibus aumentam, há quem pense em colocar PMs fardados viajando neles, como se PMs brotassem da terra. Se o número de assaltos e homicídios aumenta, onde estava a PM? E tome bosta na Geni!

O prefeito de POA afirma que se a PM não fizer a sua parte no caso da greve, recorrerá ao Governo Federal pedindo a Força Nacional. Ele parece não saber que a referida Força nada mais é do que a reunião episódica e eventual de PMs de diferentes estados, inclusive do RS. Força Nacional é PM.

O que, nesse contexto, causa espécie é o fato de a PM e os PMs virem assumindo candidamente o papel de Bombril, como se tivessem a obrigação de limpar a sujeira dos outros, que assistem de camarote à desqualificação da corporação e dos profissionais que mais trabalham e correm riscos no Brasil (sic). Pior, não reagirem quando lhes jogam bosta em cima ou cospem na sua cara. Pior ainda: receber cusparadas e bosta dos que mais a usam.

Solução: acabar com a PM ou reconhecer o seu valor e democratizá-la?

…………

PS. Em postagem anterior, comparei a PM à Geni, e pedi desculpas a Chico Buarque pela comparação. Conferir em  http://www.jorgedasilva.blog.br/?s=geni


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