Ou pesadelo?...
Encerrei minha exposição anterior com a frase: “Mas pode ser que tudo
renasça e se torne perigosa realidade...”. Pois bem, no dia em que postei o
artigo com o título acima (famosa frase de William Sheaskepeare), projetei a
idéia de que a realidade talvez ainda não se tenha concretizado. Agora, porém, em
vista dos episódios de 11 de julho (quinta-feira), com características
totalmente diversas das anteriores manifestações deflagradas por jovens universitários,
percebo que a situação poderá efetivamente rumar ao caos. Porque estas últimas manifestações
foram promovidas por centrais sindicais, partidos políticos e movimentos
sociais, além de deflagradas durante o dia (mais um incômodo), relevando-se as
bandeiras do PT e de algumas outras agremiações governistas, tornando-se
espécie de manifestação de “chapa branca”. Portanto está claro que o público
manifestante foi outro, e de certo modo hostil ao movimento anterior,
deflagrado à noite.
Enfim, duas multidões diversas e separadas em seus objetivos e ideologias,
porém ambas contaminadas por indigestos intrusos: os “Black Blocs”. Esses
grupos encapuzados, protegidos por máscaras contra gases, e armados com
coquetéis-molotov, pedaços de pau e pedras foram os que mais atordoaram os
movimentos de rua e a polícia. Autênticos e assumidos “corpos estranhos”, têm
sido eles responsabilizados pelo vandalismo e pela violência em geral,
incluindo ataques contra as forças de segurança em todas as manifestações,
deste modo generalizando uma violência que naturalmente seria evitada.
Sem rosto, e com objetivos beligerantes, esses “Black Blocs” não
receberam até então tratamento especial pelos setores de investigação criminal.
Com efeito, há certo marasmo em relação à específica repressão policial e penal
a esses vândalos que nada reivindicam além da anarquia pela anarquia. Parece
que interessa aos mandatários políticos, policiais, ministeriais e judiciais que
os manifestantes ordeiros respondam por excessos alheios para perderem a
legitimidade que conquistaram desde os primeiros momentos.
Por outro lado, se se acirrarem as hostilidades entre os manifestantes
“chapa branca” e os precursores das manifestações (que se dizem apartidários),
e se ambos os grupos quantitativamente expressivos decidirem se manifestar no
mesmo dia, na mesma hora e no mesmo local, poderá haver entrechoques de consequências
imprevisíveis, em especial porque não se pode deixar de considerar a intrusão dos
tais “Black Blocs”. É como se se formasse um “triângulo do fogo: manifestantes
“chapa branca” como combustível, manifestantes universitários como comburente,
e os “Black Blocs como a faísca (calor) a incendiar tudo. É esta a realidade me
referi prognostiquei no primeiro artigo intitulado “sonho de uma noite de verão”,
este que se poderá tornar "pesadelo egípcio"...
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