quinta-feira, 26 de julho de 2012

O enterro de Fabiana

Como eu temia e declarei desde antes, eis os discursos no Jornal O GLOBO de hoje, 26 de julho de 2012, Caderno RIO, págs. 12 e 13):

O governador Sérgio Cabral fez, em Londres, sua primeira declaração pública, sem ser em nota oficial, sobre a morte da policial. Ele considerou o confronto como um fato isolado e disse que a política de pacificação continuará.”


“As primeiras informações indicam que foi um ato isolado de traficantes que querem demonstrar força para tentar manter alguma influência numa comunidade que está sendo pacificada.” (Roberto Sá – Subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da SSP)


“As blindagens reduziriam os riscos. Mas o que aconteceu foi um fato isolado, não previsto. Há uma ambição muito forte, muito grande, de inverter a lógica da guerra. As UPPs existem não para combater, mas para serem provedoras de segurança.” (João Trajano – cientista político, coordenador do laboratório de Análise da Violência da UERJ).


Claro que não falamos de nenhuma parenta deles. Daí a convergência dos discursos, com sublinha no do cientista político que, mesmo diante do incontestável fato de a PM Fabiana ter sido abatida por tiro de fuzil 762 em ação mui bem orquestrada, simplesmente lida com esta realidade do crime contextual como se fora ficção. Queria ver se o discurso dele seria este caso a morta fosse filha dele. Ora, “fato isolado” é uma ova!

7 comentários:

Anônimo disse...

Mas foi mesmo um fato isolado. Triste demais, mas não é certo sair colocando a culpa no governo, que tem feito um forte trabalho com as UPPs. Os bandidos estão se sentindo coagidos e por isso fazem esses ataques que não tem como prever. Agora é tomar medidas para que o local seja reforçado.

Emir Larangeira disse...

Tomara que o anônimo tenha razão. Não me sinto dono da verdade, embora eu entenda que o fato em si é resultante de muitas variáveis que falharam, continuam falhando e que precisam ser revistas. Não torço contra as UPPs, mas estou chocado com a morte da jovem. Quem comandou sabe que é duro perder um comandado desta forma. Também não estou preocupado em pôr a culpa no governo. Sempre me refiro ao crime organizado do tráfico como consequente de décadas de má gestão na segurança pública e da inibição policial gerada por ideologias políticas que veem o bandido como um Robin Hood hodierno das comunidades carentes. Pelo menos a morte da fabiana servirá para arrefecer os discursos ufanistas, dando lugar ao realismo. Só assim o crime poderá ser contido. Porque não adianta "avançar para trás"...

Luiz Monnerat disse...

Estimado Laranjeira,
Volto à carga sobre as UPPs numa abordagem em tom um pouco diferente do meu comentário anterior, onde o assunto maior era o prantear a nossa PM Fem Fabiana Aparecida de Souza, vitimada em serviço, em que pese tal infortúnio - ao contrário de ser considerado ‘fato isolado’ por esse governo, pelo staff dele e pelos seus doze eleitores anônimos que ainda restaram - passar a exigir dos verdadeiros responsáveis um esforço redobrado de modo a avaliar a real propriedade de tal programa, ou seja, jamais tal fatalidade, aqui no sentido de acontecimento desastroso e não de mera falta de sorte, poderá ser esquecida por quem quer que seja que toque ou aborde a matéria UPP.
Assim, vamos considerar – a título de estudo - a possibilidade de o crime organizado não ter perdido totalmente suas bases nas áreas ditas ‘pacificadas’ primeiramente com um ‘aviso’ do governador, ou do secretário de segurança, para que os marginais se retirassem do local, depois com o emprego da Marinha de Guerra, do Exército e do BOPE e para, finalmente, a área ser agraciada com a tal UPP e, antes dessa última providência, como seria lógico, racional e indispensável, se tivesse tranquila e criteriosamente analisado, sopesado, estimado e estabelecido um juízo completo da situação para que fossem tomadas as decisões e providências que se fizessem necessárias. Pois bem, depois de tudo isso, e com a possibilidade da Força de Ocupação do Exército, ao se retirar, ter advertido que o tráfico não havia sido extinto, será que o dispositivo implantado poderia ficar apoiado num contêiner mambembe, numa policial militar sozinha, numa área perigosa, com uma viatura e, ainda por cima, contando com uma experiência de recruta? Observe que tudo isso é mera hipótese rabiscada sobre um fato real acontecido.
Imagino que em outras plagas, dando linha à pipa hipotética, o acontecido seria examinado à luz de crime de responsabilidade, tal a gravidade desse resultado de equivocadas políticas que não podem passar impunes, sob pena de instituir condescendência com fatos graves e estes se passarem como rotineiros ou ‘fatos isolados’. O assassinato de um policial nunca pode ser considerado um fato isolado se este crime ocorreu durante serviço! Seja na hipótese ou na realidade. Um abraço,
Monnerat

Abreu Novo disse...

O que o atual governo faz com a PM, sem dúvida alguma é pura covardia, formar Policiais em curtissimo tempo, como em fornada de padaria, e em seguida sem qq experiência coloca-los na boca do leão. Fazendo a maior promoção e divulgação da "Pacificação" das comunidades. A morte da PM Fabiana, só teve a grande repercussão, talvez por ser uma jovem PM feminina, outros heróis mortos em serviço não são lembrados e seus familiares é que carregam a dor eterna da perda.

Emir Larangeira disse...

Torno ao ilustre anônimo entendendo o seu direito de afirmar que a morte da soldado Fabiana foi um “fato isolado”. É questão de ponto de vista. Quanto ao governo, prefiro avaliar as UPPs como um modelo operacional da PMERJ na medida em que foi abraçado pela corporação, cabendo-lhe total e intransferível responsabilidade. Deste modo, prefiro vislumbrar as UPPs sob a ótica do "Estado" e não do "Governo", seja qual for seu eventual titular. Analisando as UPPs sob a ótica de um organismo estatal de segurança pública (PMERJ), como está na Carta Magna, penso poder elogiar e/ou criticar as UPPs, concomitantemente, dependendo do momento e dos fatos. Aliás, muitas vezes a PMERJ experimentou modelos operacionais que não vingaram. Por outro lado, o "feijão com arroz" dos roteiros, subsetores, setores, subáreas e áreas de patrulhamento em máxima frequência permanece em vigor, com as guarnições acionadas ou não pelo 190. Eis o modelo que representa a grande massa de serviços prestados pela corporação faz tempo. Afora isto, muitas tentativas se tornaram infrutíferas, funcionando bem por tempo limitado. Daí a conclusão no sentido de que as UPPs não são eternas, nada nos garante essa eternidade neste mundo de incertezas em que tudo é relativo, nada é absoluto. Congelar as UPPs como sucesso sem ressalvas neste momento em que os questionamentos são inevitáveis me parece coisa, sim, “de governo”, o que respeito, porém discordo. Vejo que as críticas de fora podem servir de insumos positivos. Daí, defender as UPPs como um modelo pronto e acabado não me parece prudente, embora eu jamais lhes tenha negado valor, sempre com a ressalva de que as vejo como um modelo experimental de policiamento comunitário que tenta resgatar a cidadania do favelado, porém pela via única da segurança pública, o que por si só é pouco ou nada. Enfim, não nego a validade das UPPs, apenas acho-as insuficientes; não as vislumbro como um “milagre” ou algo tão valioso quanto a Teoria da Relatividade, por exemplo. Mais ainda: discutir sobre UPPs, se antes era importante, agora é imprescindível depois da inaceitável morte da soldado Fabiana, seja ou não um “fato isolado”.

Luiz Monnerat disse...

Dileto amigo,
Não há de se admitir nunca, nem por hipótese, um evento da gravidade do quilate que ceifou a vida da PM FABIANA APARECIDA como 'fato isolado'. Seria um desrespeito aos familiares da FABIANA e a banalização consentida da irresponsabilidade de superiores, sejam eles quais forem, que determinem a temerária medida de prover com policiais recrutas, inexperientes e sujeitos a atuação isolada, uma fração operacional, se é que se pode chamar assim a UPP, atuando em área das mais perigosas do mundo! Seria um acinte à capacidade média de raciocínio de qualquer pessoa normal engolir isso. Pior ainda do que tudo é ter que ouvir do delegado de polícia que investiga o crime dizendo que 'em virtude da dinâmica do ocorrido e do que foi apurado até agora, TUDO LEVA A CONCLUIR QUE A MORTE DA PM SERVIU PARA EVITAR UM MAL MAIOR'!? !?!?!?!?!!!!!!! Isto deveria ser apurado, é sacanagem pura, idiotice refinada, cara de pau desse camarada! Onde arranjou lógica para proferir tamanho disparate? Não fala coisa com coisa! Não bastasse uma presidente anacoluto, temos que conviver também com delegado anacoluto! Parece que virou moda!

Anônimo disse...

Ok,Ok, OK. Que o primeiro e o segundo falem o que falaram, está dentro de suas doentias mentes, já testadas durante 6 anos, mas que um cientista social(sic),joão trajano de não sei o que, diga que as "upp,não existem para combater, mas para serem provedoras de segurança".Isso em cima do cadáver ainda fresco de um Policial Militar,desculpem, mas: canalha, safado, f.da p., corno,chifrudo, merda,corrupto, sugador do dinheiro publico,assassino,covarde, etc,etc,etc.