
Reitero que defendo as UPPs como um modelo ideal de intervenção policial em favelas dominadas pelo tráfico, não sem reconhecer seus óbices. Igualmente me rendo à realidade de que jamais a PMERJ logrará atender a todas as comunidades fluminenses com igual intervenção. Eis minha razão de olhar para trás, tal como o maratonista que não pode perder a visão da linha de partida – espécie de feedback da corrida. Insisto, porém, em assegurar que não sou partidário de nenhum governo. Prendo-me à instituição PMERJ e lhe almejo sucesso para que, em última análise, ela seja útil à sociedade. E mais afirmo: faço o reparo para minimizar as críticas figadais que me virão por insistir no meu otimismo (Que me desculpem o “Belzeba” e os “300 de Esparta”!), sentimento que é restrito à PMERJ e não se reporta a nenhuma defesa do atual governo.
Agora sim, torno ao início de tudo, ao Morro Dona Marta, e registro o que assisti, no escorrer desta semana, no canal global de tevê: esgoto a céu aberto e muitas reclamações sobre a sujeira e suas consequências danosas. E sublinho as reclamações dos favelados, que contaram com a solidariedade dos repórteres, mas, por outro lado, mereceram deles críticas severas por não cuidarem devidamente do lixo: jogam-no nas valas fétidas que descem morro abaixo, servindo os entulhos como represadores das águas pluviais. A crítica do “politicamente correto” aflora na matéria como se houvesse na favela o recolhimento regular do lixo, como se a chuva fosse problema dos favelados e a existência da favela fosse também culpa deles.
O essencial, todavia, é que os repórteres defenderam unanimemente as UPPs, porém poupando de críticas a tão propalada “invasão social”, que não houve. A realidade é que tem sido a própria PMERJ, por meio de seus efetivos lotados nas UPPs, a que mais se empenha em levar cidadania às crianças faveladas e até aos adultos, e não apenas em simplório lazer, mas mediante cursos de língua inglesa, de música etc., funcionando os dedicados militares estaduais como mestres. Inegável, portanto, que a PMERJ se esforça para minimizar a enraizada cultura denunciada por Alba Zaluar (ibidem, pág. 153):
Esta tentativa que o trabalhador faz de compreender seu outro – o bandido – relativiza a oposição entre eles e acaba por aproximá-los enquanto pobres submetidos às mesmas condições de vida. (...) Mesmo assim, os “bandidos” vizinhos e conhecidos são “gente como nós”.
Eis como se apresenta a inferência da eminente estudiosa, cabendo-nos a sublinha de que, em princípio, não deveria ser parte do labor policial instituir contraculturas em ambientes historicamente forjados por interações reprodutoras de violência (“Ninguém é bandido porque quer” – ibidem, pág. 153). Talvez seja este (o íntimo elo trabalhador-bandido) o pior dos obstáculos. Cá entre nós, se inexistisse a vontade latente do favelado de gozar da liberdade sem riscos, a PMERJ não lograria êxito na integração comunitária que hoje se vê nas favelas com UPP. Há, sem embargo, o êxito da corporação, mesmo com ela enfrentando desvios de conduta inclusive gravíssimos de alguns componentes de UPP. Apesar disso, hoje é possível arriscar a afirmação de que há uma saudável interação trabalhador-policial nas comunidades beneficiadas, quebrando-se, para nosso alento, o binômio histórico “trabalhador-bandido” focado por Alba Zaluar.
Quanto ao futuro, creio que cabe a cada um de nós, oficiais e praças, incentivar os companheiros empenhados na nova modalidade de policiamento preventivo (antes e ainda hoje a repressão predomina na maioria das favelas), de modo que eles (e elas) saibam que não estão sozinhos na sua luta. Sim, esses efetivos de UPPs requerem (e merecem) a atenção da tropa de serviço no asfalto, que deve estar sempre pronta a apoiá-los em momentos críticos, de modo que a força da instituição prevaleça ante os obstáculos a que me referi e que não devem ser ignorados, mas enfrentados com transparência e firmeza. Assim, creio eu, a PMERJ sagrar-se-á vencedora no seu labor cotidiano de protetora de fato do cidadão favelado.
O essencial, todavia, é que os repórteres defenderam unanimemente as UPPs, porém poupando de críticas a tão propalada “invasão social”, que não houve. A realidade é que tem sido a própria PMERJ, por meio de seus efetivos lotados nas UPPs, a que mais se empenha em levar cidadania às crianças faveladas e até aos adultos, e não apenas em simplório lazer, mas mediante cursos de língua inglesa, de música etc., funcionando os dedicados militares estaduais como mestres. Inegável, portanto, que a PMERJ se esforça para minimizar a enraizada cultura denunciada por Alba Zaluar (ibidem, pág. 153):
Esta tentativa que o trabalhador faz de compreender seu outro – o bandido – relativiza a oposição entre eles e acaba por aproximá-los enquanto pobres submetidos às mesmas condições de vida. (...) Mesmo assim, os “bandidos” vizinhos e conhecidos são “gente como nós”.
Eis como se apresenta a inferência da eminente estudiosa, cabendo-nos a sublinha de que, em princípio, não deveria ser parte do labor policial instituir contraculturas em ambientes historicamente forjados por interações reprodutoras de violência (“Ninguém é bandido porque quer” – ibidem, pág. 153). Talvez seja este (o íntimo elo trabalhador-bandido) o pior dos obstáculos. Cá entre nós, se inexistisse a vontade latente do favelado de gozar da liberdade sem riscos, a PMERJ não lograria êxito na integração comunitária que hoje se vê nas favelas com UPP. Há, sem embargo, o êxito da corporação, mesmo com ela enfrentando desvios de conduta inclusive gravíssimos de alguns componentes de UPP. Apesar disso, hoje é possível arriscar a afirmação de que há uma saudável interação trabalhador-policial nas comunidades beneficiadas, quebrando-se, para nosso alento, o binômio histórico “trabalhador-bandido” focado por Alba Zaluar.
Quanto ao futuro, creio que cabe a cada um de nós, oficiais e praças, incentivar os companheiros empenhados na nova modalidade de policiamento preventivo (antes e ainda hoje a repressão predomina na maioria das favelas), de modo que eles (e elas) saibam que não estão sozinhos na sua luta. Sim, esses efetivos de UPPs requerem (e merecem) a atenção da tropa de serviço no asfalto, que deve estar sempre pronta a apoiá-los em momentos críticos, de modo que a força da instituição prevaleça ante os obstáculos a que me referi e que não devem ser ignorados, mas enfrentados com transparência e firmeza. Assim, creio eu, a PMERJ sagrar-se-á vencedora no seu labor cotidiano de protetora de fato do cidadão favelado.
Um comentário:
É tudo uma farsa. O que mais recebo são pedidos para transferência para qualquer outra unidade que não seja UPP. As reclamações e decepções dos nossos recrutas são tão grandes que não cabem num rascunho da Bíblia...
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