Como se costuma dizer em estatística: “na média, ambos têm razão”. O problema é que estatística é algo mais que anotar números redondos de antes e de depois sem considerar as mil e uma restrições que ocorrem enquanto este simplório resultado é apurado como fim em si mesmo, em vez de meio. Prefiro, portanto, continuar a crer no pesquisador Manuel López-Rey, que, sem jorrar cansativas tabelas em sua obra (O CRIME), apenas afirma que ele é inerente ao ser humano e basta aumentar a população para que a tendência seja a do seu aumento, mesmo que a primeira (população), em tese, cresça em progressão geométrica, e o segundo (crime), em progressão aritmética, não importando nem o grau de desenvolvimento do país considerado, a não ser para constatar que o crime se expande nos países mais desenvolvidos, posto se desenvolver e sofisticar-se concomitantemente.
Aqui se poderia acrescer a questão sociopolítica do crime (defendida por López-Rey): quanto mais o crime se expande em razão do avanço da ciência e da tecnologia, novas tipificações se fazem imprescindíveis para a devida punição. Isto feito, os relatos aumentam e são anotados, sendo certo que a identificação de comportamentos como criminosos e suas regras punitivas estão sempre defasadas, deixando-nos uma falsa impressão de que o crime não se avoluma, eis que ainda dependente de medição. Fixar, pois, um raciocínio lógico em estatísticas simples é um perigo. Imaginar um quadro de medição da criminalidade sem considerar todas as variáveis que interferem neste complexo fenômeno social, ou seja, sem identificar suas restrições e a significância dos resultados em testes estatísticos apropriados, é pura invencionice. Pelo menos, em vista da minha assumida ignorância, talvez nem tão leiga, penso assim. Daí, suponho que a discussão não tenha fim, concluindo-se que ambos os lados têm ou não têm razão, tanto faz, deste modo encerrando-se o assunto pelo cansaço de todos...
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