


Agora surge, decorrida apenas uma semana, a contestação dos dados apresentados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), a partir de informações estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O foco está nas mortes por “causas indeterminadas”, o que por si só representa uma ambiguidade, já que a morte é indubitavelmente efeito decorrente de alguma causa, podendo inclusive ser detectada post mortem. Entretanto, uma das reclamações reside exatamente na indeterminação da causa da morte pelo legista, não restando nada a fazer a não ser enterrar o defunto e seu mistério.
A reação do secretário Beltrame foi extremada, quer ver tudo apurado, e com razão. Afinal, ele foi a figura central do elogio em muitas páginas da Revista Época, cabendo-lhe a menor parcela de responsabilidade pelo escamoteamento da realidade das mortes violentas no RJ. E não será tão fácil apontar alguma culpa no jogo de empurra que envolverá pesquisas numéricas, reavaliações de metodologia e demais filigranas do gênero, não sendo demais esperar que o espírito de Malba Tahan venha de onde estiver para dar razão a todos os contendores simultaneamente. Sim, porque todos creem em estatística como um fim, como eu desta feita o fiz em ingenuidade imperdoável. Bem, agora só me cabe aguardar o desfecho, retomando, entretanto, meu ceticismo em relação à estatística no Brasil, que nunca se enfia no conteúdo: morre antes no continente, assim permanecendo na média das inutilidades práticas.
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