terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sobre as UPPs e a CPMF: questão de preferência




Cabral ataca fim da CPMF e apoia Planalto na defesa de novo tributo (...)– Dilma mandou um recado aos governadores: ou eles se envolviam ou ficariam numa situação de dificuldade – confirmou ontem um auxiliar da presidente Dilma.” (O Globo, 06 set 2011, pág. 4, O PAÍS)

Claro que, não sendo mais candidato, o senhor Sérgio Cabral Filho não tem mais por que defender as UPPs com a veemência de antes nem gastar dinheiro com algo que ele, esperto como é, desde outrora sabia não se sustentar na prática a não ser por um tempo eleitoral predeterminado. Nem é mais caso de enumerar as situações de entropia que grassa como praga o sistema UPP, dadas a quantidade e a gravidade das ocorrências havidas nas localidades privilegiadas (?) com o “miraculoso” policiamento comunitário.
Insisto que não torço contra as UPPs, mas não posso deixar de consignar, com certa tristeza, que a PMERJ mais uma vez é usada como “bode” para atender a interesses político-eleitoreiros. Tal como o CBMERJ foi exaurido em sua cultura institucional até o limite da insubordinação coletiva, a PMERJ igualmente enfrentará em futuro próximo alguma desgraça, o que também ocorrerá com o Exército Brasileiro, totalmente desviado de função no Complexo do Alemão (vide destinação da tropa paraquedista no Google). Na verdade, o EB já sofre seus danos em virtude de sua inconcebível subserviência: quem poderia supor um general combatendo tráfico em favela?...
Transparente como a água cristalina é a postura do governante, agora guinando seu interesse para outro campo envolvendo a dilapidação do bolso do povo. Mas ele não há de se preocupar com eleitores: os próximos candidatos, até aquele que ele apoiará nas eleições vindouras, que se danem! Pois o que lhe interessa é garantir mais quatro anos de poder, quem sabe como ministro da própria presidente Dilma em reeleição difícil de ser barrada neste país demasiadamente interventivo e explorador do máximo clientelismo.
Vejo que os discursos ufanistas em prol das UPPs dão agora lugar ao real sentido da interação PM-Favelado, tendente ao fracasso e difícil de ser revertida. Trata-se dum processo histórico de animosidade, cujo exemplo, embora pouco explorado pela mídia exatamente hoje, se resume na morte de mais uma criança (Juliana Rodrigues, de seis anos,) devido a confrontos entre policiais civis e traficantes na Favela Parque Alegria, situada no Caju, Rio de Janeiro. Nada demais a morte da menininha, que deveria estar numa indignada primeira página, mas se encontra perdida num reduzidíssimo espaço do jornal em destaque. No fim de contas, a notícia sobre o fracasso das UPPs interessa mais à mídia. Afinal, é uma ótima ocasião para tachar o Exército Brasileiro de “Comando Verde” em véspera do desfile de Sete de Setembro, podendo-se aqui profetizar que as vaias serão inevitáveis, sendo certo que os populares, incentivados pelas notícias ruins, não pouparão a PMERJ por conta das vacilantes UPPs.
Confesso que desde o início era esse o meu temor. Ficaram o EB e a PMERJ na berlinda enquanto os políticos e a imprensa riem à larga dos azares militares, mais que previsíveis e evitáveis, bastando coragem cívica e menos subserviência dos fardados ao poder dominante. Porque o que ele quer é desmoralizar definitivamente aqueles que ostentam o símbolo maior da ditadura: a farda. E enquanto isso, e em nome de uma democracia podre, caracterizada pela anomia e pela roubalheira desenfreada e impune, os “esquerdistas” seguem com seus narizes tão empinados que para alcançá-los só com outra revolução. Não digo que de direita, mas promovida pelos desgraçados brasileiros que dentro em pouco pagarão a roubalheira com mais um imposto nos seus ombros: a CPMF.
Ah, talvez fosse melhor carregar nos seus cansados ombros um fuzil, e nas algibeiras rotas a munição, só para executar corruptos como se fossem Rattus rattus pestilentos. Ah, como dizia Erich Fromm, “a calamidade é ruim para o povo, mas boa para a sociedade”. E a calamidade social, representada pelo banditismo urbano e pela desbragada roubalheira do dinheiro público, está no seu limite máximo. E não será vencida com nenhuma CPMF, mas com desobediência civil ou revolução. Entretanto, é impossível imaginar um “estouro” dessa “boiama brasileira”, que, em inexplicável conformismo, apenas dá o pescoço ao abate...

Um comentário:

paulo fontes disse...
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