“A
troca da investigação pela denúncia fácil é um dos grandes perigos a serem
evitados pelo jornalismo brasileiro. [...] O problema dessa atitude da imprensa
é confiar em um pressuposto. No caso de um pressuposto se mostrar errôneo, os
danos aos envolvidos podem ser irreparáveis.”
Enfio-me
nesta reflexão depois de anotar uma afirmação do ilustre jornalista Gilberto
Dimenstein, feita durante um painel sobre JORNALISMO INVESTIGATIVO E DENUNCISMO,
realizado em Brasília em 21 de outubro de 1993, notícia veiculada na FOLHA DE SÃO
PAULO. Em seguida, destaco a primeira capa do Jornal O GLOBO, de 26 de fevereiro de 2018, do qual sou
assinante. Nem vou comparar esse jornal contaminado por ideologias e malícias
com o outro, o Jornal do Brasil, que ontem nos brindou com sua versão impressa
já dizendo a que veio, ou seja, veio para praticar o jornalismo investigativo exaltado
por Gilberto Dimenstein naquela ocasião.
Quem
lia Luiz Antonio Villas-Bôas
Corrêa – “(Rio de Janeiro, 2 de dezembro de
1923 - Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 2016). Jornalista brasileiro. Era o
mais antigo analista político do Brasil até a sua morte. Começou em 1948 e até
2011 assinou uma coluna no Jornal do Brasil.” (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Villas-B%C3%B4as_Corr%C3%AAa)
- pode mui bem dimensionar a profunda distância entre um jornal malicioso e
sensacionalista e um jornal sério que lhe veio atravessar os gorgomilos. Porque
o sistema Globo, que bem conhecemos, já escolheu seu novo lado: a esquerda,
diferenciando-se do seu outro tempo de exaltação do Regime Militar, claro que,
em ambos os casos, com o foco no ganho capitalista. Daí não se estranhar seu
estilo, tendo agora como alvo, desde a decretação da intervenção, a corrupção nas
polícias estaduais, pondo o tema em falas nunca nominadas, do tipo “uma alta
autoridade falou na reunião que a corrupção policial é prioritária” e
insinuações do gênero, com poucas diferenças, até hoje atingir o ponto que
interessa aos editores: a “BANDA PODRE”.
Deste
modo já explicado pelo jornalista Gilberto Dimenstein, o sistema Globo tenta
retirar do foco principal o banditismo violentíssimo que assola o RJ, razão da Intervenção Federal, dentro da ideia que se observa da inversão
de valores pela exaltação de porcarias musicais e artísticas, algumas até
criminosas e que de arte, mesmo, nada têm. Comporta-se a poderosa organização
midiática, que deve estar novamente incomodada com o “JB”, que já disse a que
veio e veio para seguir a ética proposta por Gilberto Dimenstein, e não por
acaso pautou a Ética pela lavra da Filósofa Marcia Tiburi (Ética e Combate à
Corrupção), artigo conceitual e profundo que enfia a carapuça em qualquer
cabeça, e não apenas na cabeça de policiais. De modo que não resisto em
destacar o artigo da Filósofa em homenagem a ela e ao JB:
Reclamo,
sim, da "postura intervencionista" de O GLOBO, primeiro porque sou PM e já fui tão vitimado por
esse sistema que até ganhei ação de danos morais contra ele a despeito de todo
o seu poder. Em segundo lugar porque o Sistema GLOBO desde muito atua na base
de compadrio com alguns órgãos acusadores e julgadores, não apenas MP e
Justiça, mas também Corregedorias Administrativas, locais onde se instalam seus
parasitas para se alimentar de notícias que lhe interessam. Ah, também isto já
foi denunciado por jornalistas éticos como o Gilberto Dimentein, o que mostra
que o mundo não está de todo perdido e nem todos são enganados por essa tática
nefasta de jornalismo que lembra William Randolph Hearst (retratado no filme “Cidadão
Kane”), pai do jornalismo sensacionalista nos EUA. Eis também um bom momento
para relembrar a Revista VEJA dos tempos em que não se vendia nem se entregava
a ideologias:
(...) Quase todo
mundo já percebeu – inclusive a imprensa, que prefere silenciar sobre o assunto
com receio de perder o acesso às informações – que os procuradores têm tido uma
atuação leviana em alguns casos. Há vezes em que apresentam denúncia à Justiça
apenas com base em uma notícia de jornal, que eles mesmos trataram de deixar
vazar por baixo do pano. É comum um jornal divulgar uma denúncia hoje e, no dia
seguinte, publicar a notícia de que um procurador ‘vai investigar o assunto’,
num círculo de compadrio entre repórteres e procuradores que, muitas vezes,
arrasa reputações com base em indícios frágeis. Se a ‘denúncia’ é fraca,
esquece-se dela dias depois, mas o ‘denunciado’ já passou pelo constrangimento
de ter o nome vinculado a uma tramoia.” (Revista Veja, de 10 de janeiro de 2001)
Sem dúvida, não é outra a
postura do Sistema GLOBO, bastando acompanhar cada passo que dão pensando ser
novidade, mas não é, não. O povo não é bobo, as corporações policiais não são
bobas, as Forças Armadas não são bobas. Não que a corrupção policial não faça
parte do jogo. Claro que faz! Mas não do modo isolado e preconceituoso que o
Sistema GLOCO intenta firmar na Opinião Pública usando carcomidas táticas. Por
outro lado, não é difícil entender o desespero desse organismo de imprensa que
tenta se antecipar à notícia e impor seu estilo entre os que estão com a nobre
missão de conter a criminalidade do tráfico e a violência dele decorrente, e,
principalmente, estimulada por novelas e imagens plantadas nos espíritos
ignaros a ponto de implantar a falsa impressão de que o Brasil agora tem o seu “monumental
Freddie Mercury”. Ora! Até parece que corrupção é privilégio somente de
policiais civis e militares, de bombeiros militares e de agentes
penitenciários. Corrupção, minha gente, é um mal muito maior, que afeta o mundo
todo e aqui perdeu o freio em todos os sentidos. Sem essa de instituições ascetas,
porque, se o são, é porque não são investigadas, só investigam, e vivem de corporativismos e
mistérios insondáveis. Sabemos disso. Nem venham com essa de que todos os jornalistas são
investigativos e honestos. Afinal, compadrio é forma de desonestidade. Fere a
ética. Fere a moral. Fere a honra dos atingidos.
Bem, está dado o meu recado,
que não traduz nenhuma verdade única, é mais um desabafo. Visa também a alertar
muitas gentes que até então não entendem esse mercenário jogo político e
econômico onde o lucro é sempre levado para o andar de cima... Sim!... Lá, onde
muitos cheiram, e cheiram muito em orgias que só Deus sabe. Ah, quem dera
amanhã um traficante de peso resolva fazer delação premiada apontando os
ilustres “usuários sociais de drogas” sem poupar ninguém?... Hum!...
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