segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A Intervenção Federal no RJ



“A troca da investigação pela denúncia fácil é um dos grandes perigos a serem evitados pelo jornalismo brasileiro. [...] O problema dessa atitude da imprensa é confiar em um pressuposto. No caso de um pressuposto se mostrar errôneo, os danos aos envolvidos podem ser irreparáveis.”


Enfio-me nesta reflexão depois de anotar uma afirmação do ilustre jornalista Gilberto Dimenstein, feita durante um painel sobre JORNALISMO INVESTIGATIVO E DENUNCISMO, realizado em Brasília em 21 de outubro de 1993, notícia veiculada na FOLHA DE SÃO PAULO. Em seguida, destaco a primeira capa do Jornal O GLOBO, de 26 de fevereiro de 2018, do qual sou assinante. Nem vou comparar esse jornal contaminado por ideologias e malícias com o outro, o Jornal do Brasil, que ontem nos brindou com sua versão impressa já dizendo a que veio, ou seja, veio para praticar o jornalismo investigativo exaltado por Gilberto Dimenstein naquela ocasião.


 






Quem lia Luiz Antonio Villas-Bôas Corrêa – “(Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1923 - Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 2016). Jornalista brasileiro. Era o mais antigo analista político do Brasil até a sua morte. Começou em 1948 e até 2011 assinou uma coluna no Jornal do Brasil.” (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Villas-B%C3%B4as_Corr%C3%AAa) - pode mui bem dimensionar a profunda distância entre um jornal malicioso e sensacionalista e um jornal sério que lhe veio atravessar os gorgomilos. Porque o sistema Globo, que bem conhecemos, já escolheu seu novo lado: a esquerda, diferenciando-se do seu outro tempo de exaltação do Regime Militar, claro que, em ambos os casos, com o foco no ganho capitalista. Daí não se estranhar seu estilo, tendo agora como alvo, desde a decretação da intervenção, a corrupção nas polícias estaduais, pondo o tema em falas nunca nominadas, do tipo “uma alta autoridade falou na reunião que a corrupção policial é prioritária” e insinuações do gênero, com poucas diferenças, até hoje atingir o ponto que interessa aos editores: a “BANDA PODRE”.

Deste modo já explicado pelo jornalista Gilberto Dimenstein, o sistema Globo tenta retirar do foco principal o banditismo violentíssimo que assola o RJ, razão da Intervenção Federal, dentro da ideia que se observa da inversão de valores pela exaltação de porcarias musicais e artísticas, algumas até criminosas e que de arte, mesmo, nada têm. Comporta-se a poderosa organização midiática, que deve estar novamente incomodada com o “JB”, que já disse a que veio e veio para seguir a ética proposta por Gilberto Dimenstein, e não por acaso pautou a Ética pela lavra da Filósofa Marcia Tiburi (Ética e Combate à Corrupção), artigo conceitual e profundo que enfia a carapuça em qualquer cabeça, e não apenas na cabeça de policiais. De modo que não resisto em destacar o artigo da Filósofa em homenagem a ela e ao JB:




Reclamo, sim, da "postura intervencionista" de O GLOBO, primeiro porque sou PM e já fui tão vitimado por esse sistema que até ganhei ação de danos morais contra ele a despeito de todo o seu poder. Em segundo lugar porque o Sistema GLOBO desde muito atua na base de compadrio com alguns órgãos acusadores e julgadores, não apenas MP e Justiça, mas também Corregedorias Administrativas, locais onde se instalam seus parasitas para se alimentar de notícias que lhe interessam. Ah, também isto já foi denunciado por jornalistas éticos como o Gilberto Dimentein, o que mostra que o mundo não está de todo perdido e nem todos são enganados por essa tática nefasta de jornalismo que lembra William Randolph Hearst (retratado no filme “Cidadão Kane”), pai do jornalismo sensacionalista nos EUA. Eis também um bom momento para relembrar a Revista VEJA dos tempos em que não se vendia nem se entregava a ideologias:

 (...) Quase todo mundo já percebeu – inclusive a imprensa, que prefere silenciar sobre o assunto com receio de perder o acesso às informações – que os procuradores têm tido uma atuação leviana em alguns casos. Há vezes em que apresentam denúncia à Justiça apenas com base em uma notícia de jornal, que eles mesmos trataram de deixar vazar por baixo do pano. É comum um jornal divulgar uma denúncia hoje e, no dia seguinte, publicar a notícia de que um procurador ‘vai investigar o assunto’, num círculo de compadrio entre repórteres e procuradores que, muitas vezes, arrasa reputações com base em indícios frágeis. Se a ‘denúncia’ é fraca, esquece-se dela dias depois, mas o ‘denunciado’ já passou pelo constrangimento de ter o nome vinculado a uma tramoia.”  (Revista Veja, de 10 de janeiro de 2001)

Sem dúvida, não é outra a postura do Sistema GLOBO, bastando acompanhar cada passo que dão pensando ser novidade, mas não é, não. O povo não é bobo, as corporações policiais não são bobas, as Forças Armadas não são bobas. Não que a corrupção policial não faça parte do jogo. Claro que faz! Mas não do modo isolado e preconceituoso que o Sistema GLOCO intenta firmar na Opinião Pública usando carcomidas táticas. Por outro lado, não é difícil entender o desespero desse organismo de imprensa que tenta se antecipar à notícia e impor seu estilo entre os que estão com a nobre missão de conter a criminalidade do tráfico e a violência dele decorrente, e, principalmente, estimulada por novelas e imagens plantadas nos espíritos ignaros a ponto de implantar a falsa impressão de que o Brasil agora tem o seu “monumental Freddie Mercury”. Ora! Até parece que corrupção é privilégio somente de policiais civis e militares, de bombeiros militares e de agentes penitenciários. Corrupção, minha gente, é um mal muito maior, que afeta o mundo todo e aqui perdeu o freio em todos os sentidos. Sem essa de instituições ascetas, porque, se o são, é porque não são investigadas, só investigam, e vivem de corporativismos e mistérios insondáveis. Sabemos disso. Nem venham com essa de que todos os jornalistas são investigativos e honestos. Afinal, compadrio é forma de desonestidade. Fere a ética. Fere a moral. Fere a honra dos atingidos.

Bem, está dado o meu recado, que não traduz nenhuma verdade única, é mais um desabafo. Visa também a alertar muitas gentes que até então não entendem esse mercenário jogo político e econômico onde o lucro é sempre levado para o andar de cima... Sim!... Lá, onde muitos cheiram, e cheiram muito em orgias que só Deus sabe. Ah, quem dera amanhã um traficante de peso resolva fazer delação premiada apontando os ilustres “usuários sociais de drogas” sem poupar ninguém?... Hum!...

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