segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

O LEVIATÃ DO NARCOTRÁFICO




 “O mundo é perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que os veem e fazem de conta de que não viram,” (Albert Einstein)

Os atos de vandalismo que vêm acontecendo nos últimos anos na Região Metropolitana do Grande Rio, que lembram as barbáries da antiguidade, não decorrem só da vontade de alguns poucos criminosos aclamados como “heróis sociais” por uma mídia contaminada por antivalores morais. Ao contrário, trata-se de movimento orquestrado por poderosa e invisível organização que, afetada em seus interesses de expansão criminosa, busca esta forma de reação para desestabilizar a paz social.
Também se pode aventar a hipótese de que tudo não passa de artimanha para desviar a atenção policial, assim liberando rotas de passagem de droga e armas até as favelas. Enfim, há mil possibilidades de explicar o porquê de bandidos comuns de súbito se tornarem vândalos, saindo da posição de defesa a medo da polícia para a de ataque aos seus membros. Do mesmo modo, há informações concretas garantindo que muitos desses vandalismos perpetrados por moradores de favelas são remuneradas pelo tráfico. Esta constatação desmerece o senso comum que costuma justificar tais atos como legítimas reações populares a uma truculência policial que muitas vezes não ocorreu e que ganha dimensões de verdade ao serem noticiadas em estardalhaço.
Disso tudo resta a certeza de que a sociedade está diante de um monstro gigantesco, multinacional, multifacetado e de ferocidade inigualável. Pois estamos diante de movimentos revoltosos nas cadeias e de ataque às instituições, inclusive e principalmente às instituições policiais, ou seja, diante de um grave risco à ordem pública. Pior ainda é pensar que a polícia estadual seja capaz de sozinha restaurar essas desordens públicas decorrentes de crimes graves vinculados ao tráfico, estes que têm ocorrido em onipresença surpreendente. Na realidade é o mesmo que admitir ser bom enxugar o gelo.
Portanto, melhor seria reconhecer o poderio do crime organizado e a partir daí otimizar os recursos destinados a vencê-lo, ou, pelo menos, a torná-lo tolerável. Porque pensar singelamente que é possível evitar a desordem neste ambiente tão problemático é ser autista social. Ora, sabemos que a desordem é parte integrante da convivência social. É espécie de contraponto à ordem formal, que nem sempre está ajustada aos interesses populares. Por isso nem sempre a desordem é ilegítima ou ilegal, e aceitar esta realidade é respeitar a democracia e almejá-la mais aprimorada no futuro. Mas não nos queremos referir a esse tipo de desordem...
Há na Região Metropolitana do Grande Rio um movimento típico de vandalismo marginal. E não se deve deixar de focar o problema como parte de um sistema muito bem articulado por líderes criminosos, mas não apenas pelos que se encontram atrás das grades ou homiziados em favelas. Falamos dos narcotraficantes que comandam o espetáculo do alto de suas luxuosas coberturas, dispondo de sofisticada tecnologia e de apurado sistema de lavagem de bilhões de dólares. Sim, lidamos com um poder marginal muito além da capacidade instrumental da polícia estadual, esta que se vê atordoada diante de ônibus queimados, de prédios depredados, de comércio fechado em bairros pobres ou chiques, de escolas sem aula, de bandidos resgatados de delegacias ou de presídios em operações espetaculares e audaciosas.
Estamos, enfim, lidando com um monstro capaz de abraçar o mundo, e talvez tenhamos nossas vistas voltadas apenas para um de seus incontáveis tentáculos. Estamos, sim, diante do Leviatã do crime. Ora, não há como a polícia estadual lutar sozinha contra esse monstro internacional. Que venham, então, todos os recursos federais a ajudar RJ, mas não como um favor! Afinal, a SEGURANÇA PÚBLICA, direito inalienável dos cidadãos, está colocada no artigo 144 da Carta Magna como “DEVER DO ESTADO E RESPONSABILIDADE DE TODOS”.
Ora o significado desse “ESTADO” é amplo, abrange também a UNIÃO e os MUNICÍPIOS, indicando claramente que o controle da criminalidade, um dos aspectos da SEGURANÇA PÚBLICA, não é problema somente da polícia e dos policiais estaduais, como muitos insistem em erradamente cobrar. Também esta “RESPONSABILIDADE DE TODOS” refere-se a cada cidadão e a todos os segmentos da sociedade dos quais ele faz parte. De modo que, se não houver por parte da sociedade aversão ao crime e à desordem dele consequente o Leviatã do Narcotráfico vencerá o Sistema Situacional e o RJ se renderá ao irreversível caos social capitaneado pelo banditismo urbano. Ora, respeitável público, não estamos longe disso!...


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