sexta-feira, 28 de outubro de 2016

VIOLÊNCIA URBANA NO RJ – O MESMO DE SEMPRE

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

G1 RIO

27/10/2016 10h33 - Atualizado em 27/10/2016 12h54
Troca de tiros assusta moradores do Pavãozinho, em Ipanema, no Rio.

Polícia também realizou operação no Morro da Providência nesta manhã. Houve correria na estação de trem na Central do Brasil.

Uma troca de tiros assustou moradores da comunidade do Pavãozinho, em Ipanema, na manhã desta quinta-feira (27). Segundo informações da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Pavão/Pavãozinho/Cantagalo, agentes estavam em patrulhamento nas proximidades da Quadra do Pavãozinho, pouco antes das 9h, quando viram criminosos armados, com quem trocaram tiros.
Até a publicação desta matéria, não havia informações de feridos no incidente. A UPP informa que realiza buscas para tentar localizar os suspeitos.

Nesta manhã, outra troca de tiros também assustou moradores da Providência, na Região Central do Rio, e os passageiros da Supervia que passavam pela Central do Brasil. De acordo com a Polìcia Militar, homens do Batalhão de Choque (BPChq) e do Batalhão de Ações com Cães (Bac) estavam no local por volta das 8h30.

Em redes sociais, passageiros de um trem do ramal de Japeri relataram momentos de desespero durante o tiroteio. Algumas pessoas teriam se jogado no chão e outras saíram correndo para fugir dos tiros quando desembarcavam na plataforma da Central do Brasil. Ainda não há informações sobre prisões ou apreensões.

De acordo com a assessoria de imprensa, os trens chegaram a sofrer atrasos por volta das 8h, mas por volta da 8h35, todos os ramais voltaram a circular normalmente na Central do Brasil. O tráfego foi afetado por medida de segurança pública. Ainda de acordo com a SuperVia, nenhum passageiro ficou ferido no local.
O teleférico da Providência também foi fechado nesta manhã, às 8h10, por motivos de segurança e, às 9h40, ainda não havia previsão para que o funcionamento fosse reestabelecido.

Pacificada, Pavãozinho tem sido alvo de confrontos

No dia 10 de outubro, três suspeitos foram mortos em uma intensa troca de tiros que causou pânico entre moradores e fechou o comércio na favela e em ruas dos bairros Ipanema, Lagoa e Copacabana, na Zona Sul do Rio. Vias de acesso à comunidade foram interditadas, e o acesso ao metrô do Complexo Rubem Braga também precisou ser fechado.

MEU COMENTÁRIO

Diz o ditado que “errar é humano, mas insistir no erro é burrice”. O erro a que me refiro se prende a uma técnica de uso de meios (eficiência) para se atingir um resultado ótimo (eficácia). Durante a II Guerra Mundial os ingleses passaram a calcular esta relação de custo/benefício formulando diversos modelos matemáticos, dentre os quais o que ficou conhecido como Pesquisa Operacional (PO). Esse método de natureza científica surgiu para facilitar a tomada de decisões num ambiente de incertezas e riscos, acabando por ocupar importante espaço no mundo civil e na Teoria Geral da Administração, sob o título de Teoria Matemática da Administração. Em outras palavras, significa dizer que o uso da força deve ser seletivo e sempre capaz de suplantar a força adversa no menor tempo possível e pelo menor custo material e humano. Não é o que vemos no cotidiano da segurança pública aqui no RJ.

Ora, é desagradável abrir os jornais diariamente e deparar com mais um tiroteio aqui, outro ali e mais outro acolá entre PMs e traficantes, geralmente com inocentes mortos e feridos de caminho. Pior é que o foco principal dessas reações atabalhoadas são as comunidades dotadas de UPPs. Pois o fato de estarem instaladas de modo permanente, e em meio aos bandidos em maior número e melhor armados, tais cenários servem como motivação para esses marginais da lei atacarem os PMs, estes, sempre em inferioridade de forças, o que obriga o deslocamento rápido de tropas especiais em apoio para evitar desastre maior. Ainda bem que as UPPs estão concentradas em ambiente restrito no contexto da capital. Fossem mais distantes umas das outras não haveria como as tropas especiais se deslocarem para apoiá-las a tempo, porém nem sempre evitando mortes e ferimentos de PMs e de moradores inocentes. Daí a inconveniência desses confrontos reativos, já que nunca se sabe quando nem em qual comunidade com UPP será o próximo entrevero entre PMs e traficantes.

A recentíssima mudança na cúpula da segurança pública e os primeiros discursos dos novos gestores são de reavaliação das UPPs. Honestamente, não vejo como aproveitá-las. Melhor seria o reaproveitamento dos prédios com outra finalidade (social, médica etc.) e o recuo da PMERJ aos quartéis para rever suas ações a partir de metodologias que considerem a seletividade do uso da força em ações repressivas, já que é piada imaginar prevenção permanente em locais que já se tornaram fortalezas do banditismo do tráfico faz anos. Isto não pode e não deve mais ser subestimado. Porque as UPPs estão como esparadrapos a tratar fratura exposta.

Difícil, porém, será esse desgoverno se curvar ante a realidade e entregar o bastão da segurança pública a quem entende, de modo a pôr o trem novamente nos trilhos. Capacidade para tanto os atuais profissionais de segurança pública, civis e militares, têm de sobra. O que está faltando é humildade para retroceder e revitalizar o sistema, que hoje se encontra depauperado e perdendo feio para a criminalidade. Isto é inegável, não significando, porém, que as rédeas não possam ser controladas por mãos firmes. Para tanto, o recuo é imprescindível, fator comum num Teatro de Operações em tempo de guerras e conflitos bélicos. No caso do RJ, cá entre nós, há um conflito bélico de grandes proporções no Brasil e especificamente no RJ. É só assumi-lo, desde que esses demagogos que desgovernam o RJ há décadas o permitam.



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