A morte continua...
“O mundo
está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por
causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)
O ano de 2016 no RJ inicia-se com um horizonte nada
promissor no específico âmbito da segurança pública. Passados os festejos em
que a tropa da PMERJ é levada ao extremo da exaustão, já se planeja o Carnaval
nos mesmos moldes: em situação geralmente de prontidão, ou, no mínimo, de
sobreaviso, de modo que ninguém estranhe as apertadas escalas. E se já há uma
crise financeira no Estado, fruto de má gestão e roubalheira, a PMERJ,
juntamente com os demais servidores públicos civis, enfrenta também a mudança
abrupta do calendário de pagamento, fato gerador de atrasos em prestações
vencidas, atrasos que serão supridos não sem o pagamento de altos juros. E como
desgraça pouca é besteira, alguns PMs foram ao túmulo logo na abertura do ano,
como sempre devido a tiros desferidos por bandidos.
Este é o cenário, desolador, em que mais um
comandante-geral assume a PMERJ, cargo mais importante que virou cabide e se
desmoralizou deveras. A velocidade de reposição de comandantes-gerais lembra um
time de futebol de terceira divisão que troca seus jogadores e a torcida não
consegue gravar seus nomes nem de onde vieram. Eis um absurdo que bem demonstra
a falência por que passa a bicentenária corporação, dando azo a que surjam
“salvadores da pátria” em comandos isolados, de terceiro escalão, com aplauso ao
personalismo que contrário à exigida impessoalidade que rege o militarismo sadio.
Honestamente, nunca vi a instituição tão desunida,
temerosa, subserviente e desmoralizada. Assusta-me ver a tropa fingindo que
trabalha e os oficiais fingindo que comandam, eis que falta unidade, falta
espírito de corpo, e o militarismo que norteia a corporação envergonha-se de
si, não se entende, tornando o corpo nada mais que fragmentos distanciando-se
como as Estrelas se distanciam na viagem de suas Galáxias. Pior ainda, pois
enquanto ocorre a inflação do Universo, quase que em simetria, embora a
assimetria não esteja ausente, mas em condição menor, na PMERJ a assimetria é a
regra e a ideia de corporação se assemelha à do corpo morto, com sua alma se
desgarrando, enquanto ele, o corpo, torna ao pó.
Porque morrem tantos PMs que dariam para formar um
batalhão por ano. Morrem como as Estrelas que formam o tal “Buraco Negro” que
as devora em implosões. A PMERJ também está implodindo, não faltando muito
tempo, talvez, para o último a sair fechar a porta e jogar a chave fora. E
nesta aflição diante da morte iminente ou do cárcere injusto, os PMs insistem
em ser acusados de estupro, de roubarem remédios, de matarem inocentes e
situações geradoras de pressões midiáticas que transformam mentiras em verdades
a serem cobradas sem dó nem piedade.
Tudo isto tem relação, claro, com a onda socialista
e/ou comunista que varre o país como um tsunami. E é neste ambiente de
descontrole, de anomia ampla, geral e irrestrita, que a PMERJ tenta enfrentar
um sistema situacional criminoso muito maior que ela. E suas chances de vitória
se resumem aos ridículos “kits imprensa” que personalizam alguns “guerreiros”
comandantes de PATAMO de batalhões operacionais, com a mídia, claro,
sublinhando bem o ocorrido para marcar seu futuro gado de corte que sai num
átimo do auge e vai à morte ou ao desmoralizante cárcere.
Ora bem, este é cenário que espera pela tropa em
tocaia. Será um ano difícil, com o PM tendo de ser honesto mesmo sem receber
seu pagamento nos quartéis mal geridos pelo Estado, este, que está falido de
tanto ser esgotado em seus recursos, tal como nos tempos do Brasil Colônia.
Sim, parece que voltamos ao passado em que o PM era recrutado “a pau e corda”
para morrer na Guerra do Paraguai lutando pela Coroa Imperial. Sim, sim, nada
mudou, a massa continua a ser massacrada! A elite continua a “laçar” seus
soldados tal como fazia nos tempos remotos em que jovens camponeses eram
convocados pelo badalar dos sinos da igreja de seus povoados para morrerem pela
Coroa sem pestanejar. E, se pestanejassem, eram dizimados como traidores D’El
Rei...
Em que pese meu desconhecimento específico sobre tema tão delicado, arrisco-me a comentar. O mal que assola a PMERJ é o mesmo que atinge TODOS os organismos submetidos ao controle do Estado. Como disse DARCY RIBEIRO sobre a Educação isso "NÃO É UMA CRISE, MAS UM PROJETO". Basta comparar o que fazem por todo o Brasil com o sistema público de saúde que, como no caso da segurança também mata. As duas são as áreas mais sensíveis pelos resultados cruéis que maltratam como um choque elétrico, imediatamente, as vítimas, seus parentes e o grande público pela repercussão midiática. Muito justa sua preocupação e bem posta sua colocação, mas me parece que as soluções não serão implementadas tão cedo, exatamente por ser um projeto de poder e não uma mera crise.
ResponderExcluirEmir disse:
ResponderExcluirConcorde em todos os sentidos com você, caro Ricardo. Tive também o privilégio de conversar quase que por um dia inteiro com o Professor Darcy Ribeiro. Conversar, não. Somente ouvir e sugar a sabedoria dele. Foi no apartamento dele em Copacabana. Confesso que ele me fascinou. Jamais deparei com com um ser humano tão visionário e futurista como ele. Mas homens como ele existem em pouca quantidade. No Brasil de hoje não há nenhum. Daí é que vamos mesmo é sofrer as consequências de tudo isto que assistimos sem poder interferir, principalmente porque o povo é tolo, e é tolo porque não houve pessoas como o Professor Darcy Ribeiro para mudar isto através da educação, do CONHECIMENTO. O povo brasileiro é ignaro. Cá entre nós, os PMs são caldo desse povo ignaro e conformado. Entram na fila do abate sem pensar, nadam em piscina e não enxergam o abismo que os engole de surpresa. Infelizmente...