segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

RIO EM GUERRA - 2016






A morte continua...


“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)


O ano de 2016 no RJ inicia-se com um horizonte nada promissor no específico âmbito da segurança pública. Passados os festejos em que a tropa da PMERJ é levada ao extremo da exaustão, já se planeja o Carnaval nos mesmos moldes: em situação geralmente de prontidão, ou, no mínimo, de sobreaviso, de modo que ninguém estranhe as apertadas escalas. E se já há uma crise financeira no Estado, fruto de má gestão e roubalheira, a PMERJ, juntamente com os demais servidores públicos civis, enfrenta também a mudança abrupta do calendário de pagamento, fato gerador de atrasos em prestações vencidas, atrasos que serão supridos não sem o pagamento de altos juros. E como desgraça pouca é besteira, alguns PMs foram ao túmulo logo na abertura do ano, como sempre devido a tiros desferidos por bandidos.



Este é o cenário, desolador, em que mais um comandante-geral assume a PMERJ, cargo mais importante que virou cabide e se desmoralizou deveras. A velocidade de reposição de comandantes-gerais lembra um time de futebol de terceira divisão que troca seus jogadores e a torcida não consegue gravar seus nomes nem de onde vieram. Eis um absurdo que bem demonstra a falência por que passa a bicentenária corporação, dando azo a que surjam “salvadores da pátria” em comandos isolados, de terceiro escalão, com aplauso ao personalismo que contrário à exigida impessoalidade que rege o militarismo sadio.



Honestamente, nunca vi a instituição tão desunida, temerosa, subserviente e desmoralizada. Assusta-me ver a tropa fingindo que trabalha e os oficiais fingindo que comandam, eis que falta unidade, falta espírito de corpo, e o militarismo que norteia a corporação envergonha-se de si, não se entende, tornando o corpo nada mais que fragmentos distanciando-se como as Estrelas se distanciam na viagem de suas Galáxias. Pior ainda, pois enquanto ocorre a inflação do Universo, quase que em simetria, embora a assimetria não esteja ausente, mas em condição menor, na PMERJ a assimetria é a regra e a ideia de corporação se assemelha à do corpo morto, com sua alma se desgarrando, enquanto ele, o corpo, torna ao pó.



Porque morrem tantos PMs que dariam para formar um batalhão por ano. Morrem como as Estrelas que formam o tal “Buraco Negro” que as devora em implosões. A PMERJ também está implodindo, não faltando muito tempo, talvez, para o último a sair fechar a porta e jogar a chave fora. E nesta aflição diante da morte iminente ou do cárcere injusto, os PMs insistem em ser acusados de estupro, de roubarem remédios, de matarem inocentes e situações geradoras de pressões midiáticas que transformam mentiras em verdades a serem cobradas sem dó nem piedade.



Tudo isto tem relação, claro, com a onda socialista e/ou comunista que varre o país como um tsunami. E é neste ambiente de descontrole, de anomia ampla, geral e irrestrita, que a PMERJ tenta enfrentar um sistema situacional criminoso muito maior que ela. E suas chances de vitória se resumem aos ridículos “kits imprensa” que personalizam alguns “guerreiros” comandantes de PATAMO de batalhões operacionais, com a mídia, claro, sublinhando bem o ocorrido para marcar seu futuro gado de corte que sai num átimo do auge e vai à morte ou ao desmoralizante cárcere.



Ora bem, este é cenário que espera pela tropa em tocaia. Será um ano difícil, com o PM tendo de ser honesto mesmo sem receber seu pagamento nos quartéis mal geridos pelo Estado, este, que está falido de tanto ser esgotado em seus recursos, tal como nos tempos do Brasil Colônia. Sim, parece que voltamos ao passado em que o PM era recrutado “a pau e corda” para morrer na Guerra do Paraguai lutando pela Coroa Imperial. Sim, sim, nada mudou, a massa continua a ser massacrada! A elite continua a “laçar” seus soldados tal como fazia nos tempos remotos em que jovens camponeses eram convocados pelo badalar dos sinos da igreja de seus povoados para morrerem pela Coroa sem pestanejar. E, se pestanejassem, eram dizimados como traidores D’El Rei...


2 comentários:

Ricardo Vieira Ferreira disse...

Em que pese meu desconhecimento específico sobre tema tão delicado, arrisco-me a comentar. O mal que assola a PMERJ é o mesmo que atinge TODOS os organismos submetidos ao controle do Estado. Como disse DARCY RIBEIRO sobre a Educação isso "NÃO É UMA CRISE, MAS UM PROJETO". Basta comparar o que fazem por todo o Brasil com o sistema público de saúde que, como no caso da segurança também mata. As duas são as áreas mais sensíveis pelos resultados cruéis que maltratam como um choque elétrico, imediatamente, as vítimas, seus parentes e o grande público pela repercussão midiática. Muito justa sua preocupação e bem posta sua colocação, mas me parece que as soluções não serão implementadas tão cedo, exatamente por ser um projeto de poder e não uma mera crise.

Anônimo disse...

Emir disse:

Concorde em todos os sentidos com você, caro Ricardo. Tive também o privilégio de conversar quase que por um dia inteiro com o Professor Darcy Ribeiro. Conversar, não. Somente ouvir e sugar a sabedoria dele. Foi no apartamento dele em Copacabana. Confesso que ele me fascinou. Jamais deparei com com um ser humano tão visionário e futurista como ele. Mas homens como ele existem em pouca quantidade. No Brasil de hoje não há nenhum. Daí é que vamos mesmo é sofrer as consequências de tudo isto que assistimos sem poder interferir, principalmente porque o povo é tolo, e é tolo porque não houve pessoas como o Professor Darcy Ribeiro para mudar isto através da educação, do CONHECIMENTO. O povo brasileiro é ignaro. Cá entre nós, os PMs são caldo desse povo ignaro e conformado. Entram na fila do abate sem pensar, nadam em piscina e não enxergam o abismo que os engole de surpresa. Infelizmente...