O
mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas
por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert
Einstein)
20 nov 2015 - O Globo - LUIZ
ERNESTO MAGALHÃES - luiz.magalhaes@oglobo.com.br
Não haverá expansão de UPPs
antes dos Jogos, diz Beltrame
Conclusão de projeto na Maré está garantida, mas
Chapadão, Costa Barros e Pedreira vão ter de esperar
Em uma
entrevista coletiva para correspondentes estrangeiros, o secretário de
Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou ontem que o programa das Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs) não chegará às comunidades do Chapadão, da Pedreira
e de Costa Barros antes das Olimpíadas de agosto do ano que vem. Por outro
lado, ele disse que, “até fevereiro ou março”, estará concluída a implantação
do projeto no Complexo da Maré, que terá quatro UPPs.
— Seria
uma leviandade da minha parte dizer que a falta de recursos no Rio e no Brasil
não atingirá a Secretaria de Segurança. Ampliar o programa das UPPs na atual
conjuntura é muito difícil — disse o secretário.
Beltrame
ressaltou que não há previsão de ampliação de recursos do estado para a
segurança pública em 2016. No entanto, ele espera que a União libere verbas
para sua pasta por conta da realização dos Jogos. Sobre um eventual aumento de
risco de ações terroristas após os atentados de Paris, o secretário destacou
que, até agora, não houve qualquer orientação do governo federal para alteração
do esquema planejado para as Olimpíadas.
De acordo
com Beltrame, a Polícia Rodoviária Federal vai assumir o patrulhamento das vias
expressas da Região Metropolitana — Avenida Brasil e linhas Vermelha e Amarela.
Ainda segundo ele, está sendo negociado um acordo de cooperação com autoridades
do Japão: policiais daquele país poderão ajudar PMs a vigiar algumas áreas
turísticas do Rio.
PROBLEMA
É MINIMIZADO
Beltrame
minimizou o recrudescimento da violência em áreas de UPPs. Esta semana, o
Instituto de Segurança Pública divulgou que, nessas regiões, os casos de
letalidade violenta aumentaram 55,3% no primeiro semestre de 2015, em comparação
com o mesmo período de 2014.
— Temos
UPPs, como as da Tijuca, do Vidigal e da Cidade de Deus, que estão muito bem. O
programa enfrenta problemas em áreas muito densas, que cresceram de forma
desordenadas. Mesmo assim, muita coisa mudou. Antes, não se entrava nessas
comunidades sem pedir autorização ao tráfico — disse Beltrame.
OUTRA
MATÉRIA:
20 nov 2015 – Extra - Paolla Serra
paolla.serra@extra.inf.br
PM DO RIO NÃO MATA TANTO DESDE 2010
Número de mortes em confrontos dispara e chega a 569 só este ano. Comandante Pinheiro Neto diz que havia desequilíbrio no processo de pacificação quando assumiu, em janeiro.
Os policiais do
Estado do Rio mataram em confrontos, este ano, quase duas pessoas por dia, em
média. De janeiro a outubro, segundo dados do Instituto de Segurança Pública
(ISP) divulgados ontem, foram 569 homicídios decorrentes de intervenção
policial (os antigos autos de resistência) — o maior número desde 2010, quando
foram registrados 698 casos. O índice é 18% maior do que o de 2014, e 66% acima
do índice de 2013.
FABIANO ROCHA Pinheiro Neto (à direita) e Robson Silva, durante a audiência
da CPI dos Autos de Resistência
Ouvido na manhã
desta quinta-feira na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), durante a CPI dos
Autos de Resistência, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alberto
Pinheiro Neto, alegou que errar é humano e, como humanos que são, os PMs são
passíveis de erro. De acordo com o oficial, é preciso, entretanto, identificar
o erro para, assim, evitá-lo e melhorar a gestão.
Pinheiro Neto
também afirmou ter encontrado uma situação crítica nas UPPs ao assumir o cargo,
em janeiro deste ano:
— Nós
encontramos, em 2015, um sistema (de UPP) quase em colapso e havia
possibilidade de perdê-lo. Havia desequilíbrio no processo de pacificação e nas
operações policiais. Tivemos que reorganizar tudo e já deu resultado.
O coronel alegou
que a corporação tem dificuldade em mapear os autos de resistência envolvendo
os PMs devido à restrição que há na Lei Estadual 5.061, que proíbe o acesso da
PM aos registros de ocorrência feitos pela Polícia Civil, e também pela falta
de tecnologia.
Segundo Pinheiro
Neto, há desde 2010 uma estimativa de gasto para implantar uma rede de
tecnologia pelo valor de R$ 262 milhões, mais R$ 50 milhões por ano para
manutenção. A verba depende de investimentos a serem feitos pela Secretaria de
Segurança.
MEU COMENTÁRIO
Há um preocupante
descompasso entre o discurso do comandante da PMERJ, que demonstra claramente
necessitar de oxigênio, e o do SSP Beltrame, que insiste em tornar o ar ainda
mais rarefeito antes de sua completa restauração. O primeiro disse na CPI dos Autos
de Resistência que encontrou as UPPs quase que em colapso, e que estaria
enfrentando o inesperado problema exatamente neste período em que comanda a
PMERJ, situação contraditória, embora seu discurso aponte para o otimismo. Honestamente,
não sei como... Mas, enfim, o Cel Pinheiro Neto empurrou para trás a inegável
entropia do sistema de UPPs que ora tenta salvar, enquanto Beltrame insiste em
avançar com sua tropa na Maré, como os exércitos de Napoleão na Rússia, apenas
adiando outros projetos de implantação de UPPs em lugares por sinal bastante
conturbados. Aliás, como todos os lugares favelados do RJ, com o sem UPPs...
Ao lado
de tão tamanhão problema de falta de recursos no âmbito do Estado, até mesmo
para honrar compromissos salariais dos servidores públicos, fica difícil
sustentar um discurso otimista, quanto mais pô-lo em prática. A par disso,
falta pouco mais de um mês para a política ocupar o cenário principal, sendo a
CPI dos Autos de Resistência uma prova de que as esquerdas não perderão nenhuma
chance eleitoral. Do outro lado, porém, está uma suposta esquerda claudicante e
envolvida até o pescoço em denúncias nacionais e locais de corrupção, incluindo
os escândalos internos da PMERJ estranhamente silenciados.
Bem, não
podemos encerrar o ano em pessimismo. Pelo menos o atual governante não esconde
o jogo e fala claro sobre as dificuldades financeiras e orçamentárias que
enfrenta garbosamente, estas que, tais como as do Comandante Pinheiro Neto e as
do SSP Beltrame, não são de agora e se prendem à falta de dinheiro. Nada
demais, é assim num sistema que é tocado a dinheiro, e é aqui que o povo
deveria saber que a briosa não desiste de proteger a sociedade ordeira e
combater os facínoras mesmo sem dinheiro no bolso, com pouca gasolina nas
viaturas, poucas munições nas armas, como sempre, aliás...
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