“O
mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas
por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert
Einstein)
Desde
que inventaram as UPPs o cenário de confrontos é o mesmo: PMs patrulhando as
comunidades supostamente pacificadas são supostamente recebidos a tiros, e reagem, e as
mortes ocorrem de ambos os lados, ou apenas os supostos bandidos são atingidos,
e alguns culminam feridos e outros morrem durante o socorro. Tudo
supostamente... E é raro que supostos bandidos morram no local, pois isto dá
muita mão de obra, tem de isolar a área, pedir reforços, e comunicar o fato à
DP, que aciona a perícia, e a ocorrência se estende por horas a fio.
Daí
as armas dos PMs envolvidos no suposto tiroteio são apreendidas; e os moradores
das comunidades criticam os PMs, e alegam que os supostos bandidos não são
bandidos, mas trabalhadores ou estudantes, e a imprensa reforça a dúvida das
pessoas contra os argumentos apresentados pelos PMs. Cá entre nós, argumentos deveras
estereotipados de tão repetitivos, pois logo uma ocorrência idêntica eclode em
outro ponto da cidade, com ou sem UPP, e a história se repete em impossível
simetria.
Contudo,
a PMERJ insiste em manter como sucesso o fracasso das UPPs; também à mídia
interessa propagar alguma coisa supostamente positiva por parte da corporação,
pois lhe interessa faturar nas Olimpíadas. Deste modo, abre espaço para discursos
de autoridades públicas aliadas ao grande plano olímpico. Mas quando há a
suposta falha essas mesmas autoridades ou personalidades ligadas a ONGs
supostamente sérias anunciam que os PMs serão cobrados por seus excessos, que serão
expulsos sumariamente da corporação etc. Mas como a cena é teimosa, logo ocorre
outro tiroteio com morte de supostos bandidos, que supostamente receberam a
tiros as guarnições em patrulhamento nas favelas supostamente pacificadas, e o
fato anterior desaparece como defunto em tempo de epidemia e vai-volta.
Entremeando
este incrível círculo vicioso, algum PM ocupa o noticiário por ter sido morto ao
reagir a assalto, ou é torturado e incinerado depois de rendido por supostos facínoras
que o identificam como PM num sistema de ódio mútuo que parece não ter fim. E a
roda do tempo gira, com a sociedade formal assistindo de longe as cenas, ou
delas tomando conhecimento por meio da imprensa, já tão esgotada dessas más
notícias que nem dá muita importância quando algum médico é assassinado por personagens supostamente criminosos, como aconteceu esta semana na
Avenida Brasil. Sim, já não rende notícia a morte de mais um cardiologista
fuzilado em assalto, o segundo este ano na Cidade Maravilhosa. Talvez chamasse
mais atenção se fosse um ortopedista... Mas enquanto isso outros PMs são
identificados por supostos bandidos e assassinados friamente, mantendo-se os
assassinos sempre como supostos.
Não
ponho nada mais entre aspas, tudo é real demais, sem falar na argúcia de algum
suposto ladrão de bicicleta, em São Paulo, que acusa um sargento da PMSP de
tortura, choque elétrico etcetera, mas ao ser examinado pelo legista este
conclui que nada acontecera ao ladrão além de autolesões ou de algumas lesões
típicas de resistência à prisão. Mas na DP o delegado de polícia, - já
contaminado pela onda de conflitos entre as instituições Polícia Militar e
Polícia Civil em busca de mais poder para si em vez de mais serviço a prestar
ao povo, - o delegado de polícia dá voz de prisão ao sargento, pondo assim mais
gasolina no fogaréu. E o desembargador, - já em grau de recurso do sargento
cuja prisão fora confirmada em primeira instância, - diante do laudo pericial
desmentindo o suposto bandido e todos que nele preferiram crer, liberta o
sargento. Mas não sem antes defender o delegado de polícia para ficar simpático
aos seus colegas da primeira instância e à Polícia Civil.
Nada
disso é estranho. A sociedade brasileira está anestesiada pelo gramscismo e não mais reage. Aceita as regras impostas pelo sistema
situacional dominante. Não se aprofunda na avaliação das notícias supostamente
isentas. Prefere vaiar quem supostamente atua a seu favor e aplaudir supostos
bandidos tornados vítimas por seus defensores instalados neste sistema
situacional contaminado por ideologias socialistas e comunistas. Sistema podre,
que tem como alvo preferencial dos seus ataques as Polícias Militares só porque
são militares e semelhantes às Forças Armadas, porque estas implantaram no país
a “ditadura militar” (agora ponho aspas).
Mas
a cúpula das Polícias Militares pátrias permanece insensível ante o caminhar da
tropa ao abismo sem volta. Seus oficiais de alta patente fazem como os generais
da Guerra da Secessão norte-americana em que a tropa morria a comando no
corpo-a-corpo, até se exaurir a ponto de morrerem jovens cadetes de ambos os
exércitos compatriotas. Lá a guerra terminou porque um dos exércitos, mas
fraco, foi dizimado, porém sobrando pouco do outro supostamente vencedor por matar
irmãos de sangue e de pia, dependendo de onde estivessem quando eclodiu o
conflito. Aqui, a guerra entre PMs e favelados sugere o mesmo cenário, ambos
são brasileiros e quiçá nascidos no mesmo ambiente miserável que hoje se
mistura aos ambientes abastados, que, mesmo assim, finge não ver nada, porque,
afinal, os dois médicos covardemente assassinados nem são parentes, e a ralé tem mais é que se ferrar e
entupir cemitérios, porque isto é a lei da natureza e é normal.
Pelo
visto, esta simetria não cederá espaço à assimetria. Não existe o caos social,
tudo é normal e seguirá no seu determinismo cruel rumo ao pior para todos. Como disse Erich Fromm, “a calamidade é ruim para o povo, mas boa para a
sociedade.” Que venha então a calamidade para consertar tudo isto!...
Um comentário:
Aqui em SP, com a prisão do Sgt Ogata, houve um impacto que abalou o alicerce de motivação da tropa no combate ao crime.....Os Oficiais deve estar ombreados com os Policiais mais do que nunca....infelizmente o clima não está bom....quem perde é a sociedade!!!!!
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