“O
mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas
por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert
Einstein)
A
“Teoria do Avestruz” ou “Teoria da Cegueira Deliberada”
A PMERJ, – especificamente,
porque não posso avaliar as coirmãs, – a PMERJ vem desde muitos anos atropelada
por acontecimentos externos deveras desgastantes. Nem mais me vou referir a
fracionamentos ou ajuntamentos institucionais abruptos ao longo de sua
tumultuada existência. Mas sei, por outro lado, que esses acontecimentos
forjaram a entropia que vem levando a corporação ao caos e estimulando em todo
o país uma falsa impressão de inutilidade social mui bem explorada por
políticos mal intencionados, como é caso do autor da PEC 51, Senador da
República Lindbergh Farias.
Sim, o senador lembra Robert
Moses, engenheiro norte-americano que ousou destruir boa parte da cidade de Nova
Iorque alterando a paisagem antiga para modernizá-la sem dó nem piedade, como
se a antiguidade das coisas fosse pecado. Mas o senador-destruidor das Polícias
Militares baseia-se exatamente na atuação da PMERJ para escudar suas loucuras
contidas na referida PEC 51, loucuras, aliás, que divide com o Sr. Luiz Eduardo
Soares, petista como ele e assumido “eurocomunista”.
Na verdade, eles nem precisavam, –
senador e sociólogo, – desmerecer as PPMM focando como mau exemplo a PMERJ,
pois ela própria vem se autodestruindo desde a ida da capital para Brasília, da
criação do Estado da Guanabara, e da extinção deste, juntamente como antigo RJ,
para dar lugar ao atual produto da fusão: o remendado Estado do Rio de Janeiro.
Afirmo sem temor que o RJ é resultado
de casuísmos antidemocráticos, assim como suas instituições (estruturas)
juntadas à força do muque não se adequaram facilmente aos novos objetivos
sociais. Atenderam, sim, a idiossincrasias inelutáveis, sem qualquer opinião
popular. Daí é que esperar bons frutos de árvore enxertada a sopapo é
ingenuidade pronta e acabada. E é num cenário assim, turbulento e indefinido,
que ocupantes do poder (político e burocrático) veem um campo propício às suas
invencionices, todas escudadas nas mesmas idiossincrasias de outrora.
Não vou listar algumas loucuras
já concretizadas ou em andamento a troco não se sabe de quê. Contudo, não
resisto em sublinhar a venda do quartel niteroiense que sediava a Escola
Superior da Polícia Militar, prédio histórico que já abrigou diversos cursos
profissionais de praças para acesso ao oficialato, e depois, a partir de 1954,
acolheu a Escola de Formação de Oficiais da extinta PMRJ. Hoje o cenário substitutivo
do histórico aquartelamento, – vendido a uma empresa de discutível idoneidade –
está entulhado de guindastes. Tudo por conta de um governante irresponsável e
de um ex-comandante subserviente que o azar fez sentar na principal cadeira da
PMERJ.
Mas os problemas são mais graves,
as ameaças de mudança idiossincráticas não cessaram, o casuísmo ainda impera,
PMs morrem às pencas em áreas anunciadas como “pacificadas”, tudo em meio a uma
impressionante indiferença institucional. E é neste contexto avassalador que emergem
ideias mirabolantes como extinguir a Academia de Formação de Oficiais como
solução para a melhoria da carreira da tropa, falácia tão retumbante que chega
a doer meus ossos, além do meu espírito, que a mais e mais insiste em escapulir
para o além.
Cá entre nós, é ante esta
situação de incertezas e turbulências que ainda alguns companheiros se empolgam
na defesa do tal ciclo completo de polícia, esquecendo-se de que a destruição das
PPMM caminha a passos largos no Congresso Nacional. Ou seja, as PPMM rumam
cegamente ao abismo na velocidade de um Robert Moses, mas seus integrantes, em
especial os atuais comandantes-gerais, comportam-se como avestruzes em cegueira
deliberada.
Querem saber?...
Arrenego! Irra!...
Ah, que se dane o ciclo completo!
As PPMM devem é fazer bem feito o seu trabalho de polícia administrativa; ou
então, como era antes, deveriam se aquartelar como Força Intermediária,
ocupando o lugar desta aberração inconstitucional denominada Força Nacional de
Segurança Pública. Aberração só por enquanto, pois pode ser a grande solução do
ciclo completo de polícia, desde que permita emergir uma polícia civil completa
e única em cada Estado Federado, ideia que poderia ser materializada
aproveitando-se boa parte da tropa das PPMM em decisão voluntária daqueles que
preferirem a profissão policial civil. Já quem quisesse continuar como militar
se deslocaria para a FNSP, que poderia ser constitucionalizada como Força de
Segurança Nacional do tipo “Gendarmeria” (a exemplo da França, do Chile, da
Argentina etc.), ficando as Polícias Civis como Serviços de Segurança
juntamente com as Guardas Civis Municipais. Pronto! Eis uma polícia estadual civilista!
Vaias então para os avestruzes! Mas, por outro lado, haja verba pública para
tornar real esta utopia!...
2 comentários:
Com a finalidade de avançarmos numa análise sobre o problema (solução?) do "Ciclo Completo", muito importante a visão do Sr. Há realmente realidades distintas entre os Estados e respectivas Polícis Militares.
A propósito, interessante a fala do Sr CMT do EB acerca das Polícias Militares em entrevista hj (02NOV) no jornal "Estadão" (O Estado de SP).
Emir disse;
Oi, amigo, não vi a entrevista. Vou procurar conhecer. Mas essa discussão sobre o ciclo completo vem em má hora. As PPMM não tomam jeito. Desde a constituinte que só se preocuparam em se defender dos ataques das PPCC, que, na verdade, têm atuação ridícula na investigação criminal e na elucidação dos crimes. Mas sabem fazer política melhor que as PPMM, estas que se voltam para si mesmas e não enxergam nada. As PPMM apresentam em todo o Brasil um trabalho bem mais profícuo em todos os sentidos. A variedade de ocorrências atendidas, em maior parte não-criminosas, não é bem difundida. A verdade é que as PPMM só figuram negativamente no noticiário porque insistem em considerar mais relevante o que não passa, talvez, de cinco por cento do seu labor geral. Aqui no RJ só sai notícia sobre a criminalidade, com a PMERJ sempre apresentando seu "kit imprensa". Mas, se você observar o noticiário desta semana, ele só destaca o cabo PM apalpando a bunda de uma menina bonita, cena ridícula e desgastante. Enfim, mais uma vez o transeunte mordeu a perna do cachorro e a mídia adora. Penso que se as PPMM não se unirem, como fazem as PPCC estaduais, que têm representatividade nacional, nós vamos perder a guerra. Pois os comandantes-gerais, que sabemos como são escolhidos e não querem perder a boca, só se preocupam em agradar aos políticos. Internamente, os coronéis, por sua vez, só querem saber de fazer o que o mestre mandar e mais nada. Sobra para a tropa, que se vê imprensada e instada a apresentar serviço contra o crime, em especial contra o tráfico, enquanto os traficantes proliferam e se atualizam em homens e armas, a ponto de decidirem onde os PM têm de morar. Vide o G1 de hoje, que traz alguns exemplos. Quer saber, amigo, caminhamos a passos largos para a destruição, e isto só mudará se a oficialidade mais nova, de major para baixo, tomar posição de algum modo. Posição Nacional. Mas isto é difícil, os regulamentos militares não dão chance. Por isso que venho apresentando como solução uma Força Intermediária para acolher os PMs antes que tudo vire pó diante dos nosso olhos.
Postar um comentário