sexta-feira, 3 de abril de 2015

RIO EM GUERRA XXXVII

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

G1 Rio

03/04/2015 12h51 - Atualizado em 03/04/2015 14h28

Bope monta barricadas para proteger bases das UPPs no Alemão

Imagens mostram caminhão colocando toneis de concreto na via.

Vídeo no G1

Há cerca de 90 dias seguidos os moradores convivem com tiroteios.

A Polícia Militar começou a montar barricadas no conjunto de favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, nesta sexta-feira (3). Imagens do Globocop, registradas por volta das 12h30, mostravam policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) colocando toneis com concreto e areia para proteger os contêineres da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) que ficam na comunidade.

Desde quarta-feira (1°), quatro pessoas morreram e outras três ficaram feridas em tiroteios no Conjunto de Favelas do Alemão. Na tarde de quinta (2), o menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, levou um tiro na cabeça quando estava na porta de casa e morreu na hora.

Na quarta-feira, Elizabeth Alves, de 41 anos, foi morta dentro de casa por uma bala perdida. A filha dela, Maynara Moura, também estava em casa e levou um tiro na mão, mas está fora de perigo. Há cerca de 90 dias seguidos os moradores do Alemão convivem com intensos tiroteios.

Pela manhã, uma base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na Rua Canitá, foi atacada. Janelas da unidade, que funciona dentro de um contêiner, foram quebradas. Segundo o CPP, pessoas não identificadas também colocaram fogo em uma caçamba de lixo que fica ao lado da unidade. O fogo em um colchão chegou a atingir uma parte da base.

Policiais afastados

A polícia afastou todos os PMs que participaram da operação na tarde desta quinta-feira (2) no Alemão. As armas deles também foram retiradas, mas o número de policiais afastados não foi divulgado.

As armas desses policiais vão passar por um confronto balístico para tentar entender de qual arma saiu o tiro que teria acertado o menino Eduardo de Jesus Ferreira. Ainda não há confirmação de que esse tiro tenha saído de uma arma de um policial e essa será a importância do resultado do confronto balístico. Os PMs que foram afastados também estão respondendo ao inquérito da polícia militar.

Bandeira vermelha

O Alemão foi classificado como uma área de bandeira vermelha, onde há resistência do tráfico e risco para a ação da polícia. Por isso, o Comando de Operações Especiais (COE) foi acionado.
A nova classificação das UPPs foi publicada no Diário Oficial há duas semanas. As áreas de bandeira amarela são aquelas que ainda apresentam riscos, mas têm uma tendência de estabilização, e as de bandeira verde, onde o processo de pacificação é considerado estável.


G1 Brasília

03/04/2015 14h26 - Atualizado em 03/04/2015 14h59

Dilma diz esperar punição por morte de menino no Complexo do Alemão

Garoto de 10 anos morreu durante tiroteio; Polícia investiga autor do disparo.


Em 2 dias, 6 pessoas foram baleadas no complexo de favelas; 4 morreram.

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (3), por meio de nota, que espera haver punição pela morte de Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, atingido por bala perdida nesta quinta-feira durante tiroteio no Complexo de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio. Para a presidente, as circunstâncias da morte do menino precisam ser esclarecidas.

"Espero que as circunstâncias dessa morte sejam esclarecidas e os responsáveis, julgados e punidos", diz a nota.

O garoto foi baleado na porta de casa e morreu na hora no fim da tarde desta quinta. Moradores da comunidade e os pais da criança acusam policiais de terem feito o disparo.

Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHoque) foram recebidos a tiros por criminosos na comunidade do Areal. "Houve confronto e um menor foi baleado", informa o texto.

Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado, e as armas dos policiais serão apreendidas pela Polícia Civil. A Divisão de Homicídios investiga a autoria do disparo.

Além de Eduardo, outras seis pessoas foram baleadas em dois dias - três morreram. Há cerca de 90 dias seguidos os moradores do Alemão convivem com intensos tiroteios.
Veja a nota da presidente Dilma Rousseff:

Quero expressar minha solidariedade e sentimentos de respeito neste momento de dor a Terezinha Maria de Jesus, que perdeu o filho Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, no Complexo do Alemão. Espero que as circunstâncias dessa morte sejam esclarecidas e os responsáveis, julgados e punidos.

G1 Rio

03/04/2015 09h50 - Atualizado em 03/04/2015 11h24

Mãe de menino de 10 anos morto no Alemão diz que vai deixar o Rio

'Eu vou sair daqui', afirma mãe, que pretende enterrar o filho no Piauí.


Pai diz que ato foi 'covardia' e que PMs atiraram a distância de 10 metros.

A doméstica Terezinha Maria de Jesus, de 40 anos, afirmou na manhã desta sexta-feira (3) que não quer mais ficar no Rio de Janeiro após a morte do seu filho, Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos. Em entrevista ao G1, ela disse que quer enterrar a criança no Piauí e, em seguida, se mudar.
 “Eu quero tirar o meu filho daqui, quero enterrar no Piauí. Vou levar o corpo do meu filho para o Piauí. Vou voltar [ao Rio] porque eu quero justiça e depois eu vou embora para lá. Não quero ficar nesse lugar maldito, eu vou sair daqui”, afirmou.

O garoto foi baleado na porta de casa e morreu na hora no fim da tarde desta quinta-feira (2), no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio. Terezinha diz que um policial fez o disparo. A Divisão de Homicídios da Polícia Civil investiga o caso.

“Eu não quero mais voltar pra aquela casa, tudo me lembra ele. É muito difícil" (Terezinha Maria de Jesus, mãe do menino morto no Alemão)

De acordo com ela, voltar para casa é muito difícil porque tudo faz lembrar o menino Eduardo. “Eu passei a madrugada na casa da minha vizinha. Só passei em casa para pegar o documento dele para ir no IML. Eu não quero mais voltar pra aquela casa, tudo me lembra ele. É muito difícil”, disse Terezinha, muito emocionada.

A Polícia Civil informou, nesta sexta, que foi instaurado um inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Eduardo. Uma perícia foi realizada no local, e os familiares da criança foram ouvidos. Os policiais militares envolvidos no episódio serão chamados para prestar depoimento. As armas apreendidas serão levadas para confronto balístico.


De acordo com a PM, Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado e as armas dos policiais apreendidas pela Polícia Civil.

Vídeo no G1

Pai diz que ato foi 'covardia'

O pai do menino afirmou, na manhã desta sexta, em entrevista à GloboNews, que os policiais atiraram a uma distância de cerca de 10 metros do menino. “Meu filho não merecia ser morto da maneira que ele morreu. Um inocente que tinha 10 anos de idade, era estudioso, todo dia estava no colégio dele e tinha muitos sonhos. Era uma criança muito bacana, para mim era tudo na minha vida. A polícia entra sem saber trabalhar. Como ele falou que era filho de bandido, atirou no meu filho na maior covardia. Atirou na cara do meu filho a uma distância de 10 metros, no máximo, por trás das costas do meu filho ainda”, afirmou o pai.

Eduardo de Jesus Ferreira iria começar um curso na Tijuca, Zona Norte do Rio, segundo informações da mãe da criança. “Ele estudava o dia inteiro, ele ia fazer um curso do Sebrae na Tijuca. Eu matriculei e ele ia começar na quarta-feira (8), e eles tiraram o sonho do meu filho”, afirmou.

Na quinta, Terezinha, que tem outros quatro filhos, repetia que Eduardo queria ser bombeiro. “Tiraram o sonho do meu filho. Tiraram todas as chances dele. Eu fazia de tudo para ele ter um futuro bom. Aí vem a polícia e acaba com tudo”, lamentou. “Ele sempre falava que queria ser bombeiro. Ele estudava o dia inteiro, participava de projeto na escola, só tirava notas boas. Por que fizeram isso com meu filho?”, questionava sem parar.

Vídeo no G1

Moradores fazem homenagem

Moradores do Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, fizeram uma homenagem, na noite quinta-feira (2), às vítimas da violência na comunidade. Eles acenderam velas, rezam um Pai Nosso e caminharam pelas ruas do complexo, em ação para lembrar os mortos no fogo cruzado entre polícia e criminosos.

Segundo o jornal Voz da Comunidade, o ato durou cerca de 30 minutos. Às 9h desta sexta-feira (3), a hashtag #PaznoAlemão estava entre os destaques do Twitter no Brasil.

Outras vítimas

Pelo menos outras duas pessoas foram atingidas por balas perdidas no Alemão desde a tarde desta quarta (1º) – uma mulher morreu e a filha dela ficou ferida. No total, além de Eduardo, outras seis pessoas foram baleadas em dois dias – três morreram. Há cerca de 90 dias seguidos os moradores do Alemão convivem com intensos tiroteios.

Pela manhã, uma base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na Rua Canitá, foi atacada. Janelas da unidade, que funciona dentro de um contêiner, foram quebradas. Segundo o CPP, pessoas não identificadas também colocaram fogo em uma caçamba de lixo que fica ao lado da unidade. O fogo em um colchão chegou a atingir uma parte da base.

Bandeira vermelha

O Alemão foi classificado como uma área de bandeira vermelha, onde há resistência do tráfico e risco para a ação da polícia. Por isso, o Comando de Operações Especiais (COE) foi acionado.
A nova classificação das UPPs foi publicada no Diário Oficial há duas semanas. As áreas de bandeira amarela são aquelas que ainda apresentam riscos, mas têm uma tendência de estabilização, e as de bandeira verde, onde o processo de pacificação é considerado estável.

MEU COMENTÁRIO

Trata-se de conhecido pesadelo a atormentar mentes doentias?... Ah, isto não pode ser real!... É tudo muito avassalador, coisa fantástica, filme de terror!... Não! Não é irreal, não é aventura cinematográfica! É real! E acontece na Cidade Maravilhosa, na Capital do infelicitado Estado do Rio de Janeiro, e se deve indagar: “É culpa de quem?”

Porque não basta identificar de quem partiu o tiro que matou o menino, isto não importa, não é “fazer justiça”, como clama o senso comum e ressoa na mídia. Singularizar o autor do tiro é o de menos, pois, nas circunstâncias em que o fato se deu, tanto faz que o tiro seja de PM ou de bandido.

Aliás, se for de bandido o discurso da comunidade sempre será o mesmo: “Foi a PM!”. É chance de erro de 50%, igual à do acerto, o que não alterará a realidade de que a comunidade é dominada pelo poderoso tráfico, assim como não há de haver justiça humana capaz de substituir a dor dos familiares da criança. Sim, nenhum alento é possível, talvez o tempo cuide de apagar o fato, nem que seja pela morte dos parentes do menino. Enquanto isso, outras mortes semelhantes se somarão a esta, tão brutal que anula todas as possíveis explicações do sistema, que torce para tudo passar até o próximo tiroteio, quando então outras vítimas (policiais, bandidos ou cidadãos favelados) serão contabilizadas e a mesma “justiça” será exigida. Que “justiça”?

Sim, que “justiça”?... Aquela eloquentemente exigida pela desmoralizada presidenta que tenta pegar o bonde andando? Que clichê barato, o dela! Mais uma vez ela perdeu a chance de ficar calada, pois, a ser cobrada a verdadeira Justiça, a Balança e a Espada deverão subir, subir, subir... Até chegar aos mais elevados andares de cima da União, claro que passando pelo subsolo e andares mais baixos (Estados e Municípios), onde verdadeiramente acontece a eterna batalha entre os rotos e os esfarrapados, e onde estão os alicerces que sustentam todos os andares que acolhem os verdadeiros responsáveis por esta baderna que tecnicamente tem nome:

GRAVE PERTURBAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA!

Sim, é caso de banditismo calamitoso, é calamidade social a demandar providências muito além das policiais, e mais além ainda da capacidade das polícias locais (PMERJ e PCERJ), eis que isoladas e parcialmente derrotadas pelo poderoso narcotráfico. E é piada insistir neste modelo de pacificação (UPP) para o Complexo do Alemão, agora transformado num tortuoso cenário de defesa em improvisadas trincheiras, e de ataques aleatórios (reações) que lembram as derrotadas táticas dos EUA no Vietnã. Mas, como recuar? Como aceitar que depois de tudo que aconteceu ali num passado recente tenha naufragado? Como admitir que a decisão de conquista e posterior pacificação da sede do CV tenha se demonstrado muito aquém do esperado? Como o Estado-membro admitirá a derrota?

Nunca! Porque admitir a derrota implica a obrigatoriedade de rever tudo, de sair daquelas favelas, de fechar as portas das edificações (UPPs), de repensar todas as hipóteses antes postas sobre a mesa para conceber novas hipóteses a justificarem novas ações, sendo imprescindível o apoio da comunidade. Mas como? Mas quais hipóteses?... Eu digo: Hipótese de Combate em Ações Operativas, o que somente é possível num Estado de Defesa ou além dele (Estado de Sítio)... Se não for assim, é guerra perdida, não é mais derrota isolada em frente de batalha. Não é mais romantismo espartano... É a dura realidade! A morte da criança é apenas mais uma desgraça dentre muitas já ali havidas, contabilizando como vítimas fatais moradores (homens, mulheres e crianças) e jovens PMs (homens e mulheres).


Agora sim, com a palavra a presidenta!...

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