“O mundo está perigoso para se viver! Não por
causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta
de que não viram.” (Albert Einstein)
Que
o narcotráfico é sistema criminoso completo não se há de pôr dúvida (a Teoria
de Sistemas o diria “globalístico”, em que o todo é maior que a soma das
partes). Não faz quinze dias que o Ministério Público e a PCERJ desbarataram
uma quadrilha envolvendo o PCC de São Paulo e o CV do Rio de Janeiro, com seus membros
compactuados entre si e com alguns policiais corruptos de lá e de cá para
fornecer drogas e armas nas Regiões Sul, Industrial do Médio Paraíba e outras circunvizinhanças
do RJ.
Nenhuma
novidade, o pacto entre PCC e CV é antigo e já largamente denunciado pelo jornalista
Carlos Amorim, autor do clássico “COMANDO VERMELHO – A HISTÓRIA SECRETA DO
CRIME ORGANIZADO”, que também escreveu “CV/PCC – A IRMANDADE DO CRIME”, demais
de muitas outras obras e matérias jornalísticas referentes. E agora emerge mais
esta absurda demonstração de poder do narcotráfico, denunciado pela Revista
ISTOÉ. Como eu disse: nenhuma novidade...
Constata-se
assim o que a sociedade brasileira não quer ver, mas é obrigada a sentir: desde
muito tempo o poder do tráfico está no asfalto, e não apenas em condomínios pauperizados
para atender a fins políticos inconfessáveis. Pois é certo que esses
condomínios de baixa renda não são projetos urbanísticos integrados à vida da
cidade, mas apenas “quebra-galhos” atendendo a meia dúzia de gatos pingados já
submetidos ao jugo de facções criminosas em eterna disputa por territórios. Daí
as invasões, confusões e ameaças, com os moradores vivenciando um inelutável
fado adverso, o mesmo dos seus tempos de favela.
A
Revista ISTOÉ, talvez em quase 80% das páginas, desanca o PT e seus aliados apontando
espantosa roubalheira, capaz de fazer corar de vergonha os próprios traficantes,
não sendo improvável que existam elos entre os ladrões de casaca e os pés de
chinelo. Difícil até é não associar os crimes de lado a lado, já que o tráfico
cuida de lavagem de dinheiro desde que o mundo é mundo, e os ladrões de casaca
apenas imitam a mafiosa tecnologia para ocultar suas fortunas, tão tamanhonas
que não cabem em colchões e paredes falsas de suas casas, embora esses métodos
rudimentares permaneçam em voga.
A
questão encontra seu cerne, então, na junção de tudo: dinheiro de propinas de
obras públicas e a não menos remunerada leniência estatal com o tráfico. Enfim,
tudo farinha do mesmo saco, vinho da mesma pipa, que nenhuma lei ou justiça do
Estado de Direito tupiniquim será capaz de cercear. Sim, impossível cortar esta
onda de crimes sendo a corrupção o eixo a fazer girar todo o resto. E a cada
notícia de maracutaia política sente-se o fedor do crime organizado permeando-a.
Pior que com impressionante naturalidade, respondendo a mídia por boa parte
desta ocultação do crime e dos criminosos mais que sabidos, mas sempre
“supostos”.
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