“O
mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas
por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert
Einstein)
Inicio
sugerindo a leitura da Revista ISTO É (capa reproduzida), que traz excelentes
abordagens sobre os últimos acontecimentos. Lembro também que sempre busco
associar minhas opiniões a algum ensinamento endereçado aos novatos da PMERJ.
Daí é que quando se fala em manifestações, na apreciação policial significa que
elas partem de multidões organizadas com um fim comum, como torcer pelo time do
coração num estádio de futebol. Se não, seriam apenas aglomerações, como as que
vemos diariamente em muitos locais em que pessoas se põem como coletividade apenas
para cumprir horário com fins multivariados de labor ou lazer. Por exemplo, as
diversas aglomerações na Estação das Barcas, na Central do Brasil etc. Contudo,
para uma aglomeração se tornar multidão, e depois descambar num átimo para a
turbamulta, basta uma faísca...
Sobre as
manifestações ocorridas nesta primeira quinzena de março (13 e 15), é fácil
constatar nas primeiras, organizadas por militantes do PT, o objetivo comum de
defender o atual governo e demonstrar a força da base petista, comprovando nada
mais que o sabido aparelhamento que vem de longe e ao preço de muitas
roubalheiras. Nessas passeatas e concentrações do dia 13 (sexta-feira, dia de
labor) vimos o vermelho predominando em flâmulas, vestes e bonés de milhares
desocupados que se identificavam claramente com a ideologia petista. Mas essas
multidões, para espanto geral, e diferente de suas corriqueiras badernas, desta
feita se comportaram ordeiramente.
Nas segundas
manifestações, do dia 15, domingo, houve o predomínio das cores verde e amarela
do Pavilhão Nacional. Já essas multidões, maiores que as anteriores, não
conseguiram fixar um foco comum além do repisado “combate à corrupção”. Em
momentos raros, porém, alguns desgarrados apelavam para o slogan “Fora Dilma!”,
sugerindo seu impedimento ou golpe militar. Mas eram grupos minoritários
identificados no contexto geral dessas ordeiras manifestações, próprias da
natural índole dos manifestantes.
Em ambos os
casos, entretanto, não houve transformação de multidões em turbamultas, embora
alguns grupos radicais, tais como os inexpressivos “Carecas do Subúrbio”, carregassem
bombas caseiras e rojões com o intento de tumultuar o pacífico ambiente, mas
foram hostilizados pela imensa maioria que não queria saber de confrontos com a
polícia, esta que agiu rápido e prendeu os radicais, em número de aproximadamente
vinte almas desgarradas.
Daí eu
concluo que no embate das manifestações, em termos de objetividade, aparentemente
ganharam as artificiosas multidões solidárias com o PT e com a governante, prevalecendo
esta forte identidade ideológica, não importando aqui se justa ou injusta. Digo
artificiosas porque até encenaram alguns protestos a dissimular inverossímil
isenção... Já as outras manifestações (verdes e amarelas), verdadeiras, malgrado
seu expressivo volume em todo o Brasil (segundo a mídia, dois milhões de
pessoas), bem maior que o contingente vermelho, elas não definiram bem seus
propósitos, tornando-se algaravia generalizada em “panelaços” e “buzinaços” contra...
quê?...
Não sei bem...
Porque o mote do “combate à corrupção” bem serviu de alicerce aos ministros que
depois discursaram em entrevista coletiva, representando a ausente presidenta,
com suas vozes afinadas mais que coral de igreja: a “culpa é do passado, os
manifestantes eram todos eleitores do Aécio Neves, eram gentes de direita, eram
da classe média, eram burgueses, eram da elite”...
De tal modo
que a culpa dos desmandos petistas, segundo seus representantes, poderia até
ser de Joaquim José da Silva Xavier, ou da Princesa Isabel, ou do “Rei-Sol”
Luis XIV, só faltando aos ministros caraduras retrogradarem aos tempos de
Cristo para jogarem Nele mais esta “culpa”. Porque é certo que os eloquentes
petistas não fazem e jamais farão nenhuma “mea culpa”, sabem direitinho o que
fizeram, e como o fizeram, e como o fazem até hoje, e o farão amanhã, pois
conhecem de sobejo seus ignominiosos fins bolivarianos. Daí o discurso afinado
ao resumo: “Quem radicaliza a ideia do afastamento da presidenta Dilma é
“golpista”!...
A verdade é
que ela, desgraçadamente, ganhou no voto a eleição contra um candidato mais
preocupado em enlaçar sua gravata de seda para se apresentar como “bom-moço-de-
esquerda-a-serviço-da-democracia”. Ademais, ele fez questão de abominar os
eleitores mais à direita, que, ao fim e ao cabo, não votaram em ninguém.
Portanto, foi perdedor no voto porque não quis ser pragmático, e, claro, não
pode agora liderar nenhuma chiadeira, o que afirmo em tristeza por ter sido um
dos que votaram nele certos da vitória que não veio por exclusiva culpa dele.
Peço
desculpas pela guinada, mas o faço porque muitos baluartes com espaço na mídia
já disseram tudo, com destaque para Rodrigo Constantino e Gil Castello Branco
(Jornal O GLOBO de 17/03/2015), dentre outros. Mas insisto, enfim, não ter sido
boa hora de o povo ir às ruas demonstrar civilidade e pedir “combate à
corrupção”, grave situação, porém ainda em curso e que se deve pautar pelos
ditames da boa lei neste nosso deformado Estado Democrático de Direito. Afinal,
sabemos que as ideologias e os interesses pelo poder e por dinheiro misturam-se
perigosamente e afetam todos os poderes do Estado neste grave momento da
história pátria. Enfim, muita civilidade a ganhar ênfase na mídia contrária ao
PT, mas, na realidade, as manifestações estavam mais para festivas, ou mornas, quase
que sem assertividade, ou seja, “politicamente corretas”, imitando Aécio Neves
durante sua campanha perdedora que levou meu humilde voto. Terá sido medo do
Stédile e de seus “exércitos” cujo Marechal de Campo é o intocável Luiz Inácio
Lula da Silva?...
Entendo,
portanto, que a verdade do que houve e do que há nos bastidores do poder está ainda
longe de ser vista pelo cidadão comum que assiste a um candidato a presidente
ser condenado por exercer o seu direito à livre opinião durante campanha, ao
mesmo tempo em que assiste a um impune ex-presidente vociferando que possui
para “guerrear” contra seus desafetos o “exército do Stédile”, em franca
apologia ao crime, porém ignorado pelas autoridades ministeriais e judiciais.
Porque, por mais que o candidato a presidente, multado em um milhão de reais por
usar vocabulário técnico, tenha sido infeliz em outras palavras postas à prova
sob intensa pressão, não se justifica a celeridade da justiça contra ele e a
descarada inércia dela no caso mais grave. Ora, o ex-presidente Lula fez pior e
não foi oficialmente questionado em lugar nenhum. Como ele mesmo costuma dizer,
ele agora não é mais “cidadão comum”, mas “cidadão especial”, tal como se
referiu a outro ex-presidente, seu aliado de forno e fogão. Eta cambada de lesa-pátria!...
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