terça-feira, 3 de março de 2015

RIO EM GUERRA XIX

JORNAL EXTRA ONLINE

02/03/15 17:04 Atualizado em 02/03/15 17:06 


PM confessa ter feito os disparos de fuzil que mataram adolescente e feriram jovem na Palmeirinha


Um dos PMs envolvidos na incursão na Favela da Palmeirinha, em Honório Gurgel, Zona Norte do Rio, que terminou na morte de Alan de Souza Lima, de 15 anos, prestou depoimento na 30ª DP (Marechal Hermes), na tarde desta segunda-feira. O sargento Ricardo Wagner Gomes admitiu ter feito os disparos de fuzil 556 que atingiram Alan e Chauan Jambre Cezário, de 19, que ficou ferido. Ricardo alegou, no entanto, ter sido recebido a tiros na comunidade.

Outros oito policiais militares estão sendo ouvidos na 30º DP. Os dois PMs que acompanhavam Ricardo na patrulha, Alan de Lima Monteiro e Carlos Eduardo Domingues Alves, negaram ter feito os disparos.
Segundo a polícia, o fuzil 556 usado pelo PM foi apreendido para fazer o confronto balístico com os estilhaços que ficaram no corpo de Chauan e com a bala que atingiu Alan. Nesta terça-feira, serão ouvidos os pais de Alan. A delegada deve fazer uma reprodução simulada do crime, mas ainda não tem data para que isso ocorra.



Revista ISTO É, em 18fev2015


MEU COMENTÁRIO

"Nada de novo sob o sol"

Apenas mais um caso de morte de inocente em favela, e que decerto resultará em punição exemplar no âmbito administrativo e judicial para os autores, se considerados culpados. Depois haverá o esquecimento, sem que as variáveis antecedentes e causais, mais uma vez, sejam devidamente inferidas pelo sistema. Porque não lhe interessa nada além de cumprir o ritual de sempre, – o da apuração policial e judicial, – embora o fato determine também abertura de IPM, pois se trata de guarnição em serviço sugerindo uma situação típica de crime militar, caso não se configure alguma excludente de criminalidade, o que me parece pouco provável.

A apuração em Inquérito Policial Civil pela PCERJ não invalida a outra, do IPM, pois, ao fim e ao cabo, todo o material probatório será canalizado para o juízo competente e avaliado pelo MP, fiscal de ambas as polícias. Por enquanto, e pelo noticiado, há a vítima morta ao correr da polícia, o que de pronto amplia a larga estatística de ações desastradas de PMs em situações de blitze ou de patrulhamento em favelas perigosas, culpa, em princípio, e no meu pensar, do efetivo insuficiente para conter o numeroso banditismo armado até os dentes. Tal realidade por si só representa fator de desequilíbrio emocional de uma tropa que vê amiúde o sepultamento de companheiros, ou seguindo o féretro ou lendo jornais.

Ora bem, é no mínimo curioso, para não dizer estranho, que um sargento assuma que atirou, com seus comandados, teoricamente menos experientes, dizendo que não atiraram. Logo o mais experimentado?... Hum, pode ter sido, mas que os nervos dessas guarnições deveriam estar em frangalhos, quanto a isto não me há dúvida. Aliás, tão em frangalhos que até o voo de uma mosca no trajeto do patrulhamento significa perigo à vista e reação instintiva. E aqui, com o foco no treinamento, indago: “Por que esses eventos desastrosos não ocorrem em ações do BOPE, nas quais dificilmente morrem PMs e muito raramente morrem inocentes?...”


Que me respondam os especialistas!

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