sábado, 17 de janeiro de 2015

Blitze da PMERJ – um tiro no pé e outro na cabeça




 
É assim mesmo plural de blitz, podem conferir no Aurelião. E no caso da PMERJ se insere no contexto excepcional das ARep (Ações Repressivas), ou seja, exceção à regra do policiamento preventivo e prestador de serviços. A ARep é típica ação de “força de segurança”, missão secundária da polícia administrativa, já que a missão precípua, segundo as leis e a doutrina, é a de polícia preventiva. Na prática, todavia, é diferente, a PMERJ faz blitze em tudo que é canto e muitas delas sem quaisquer indícios de necessidade operacional e de respeito aos cidadãos. Nem vou comentar os muitos exemplos ocorridos comigo, e decerto com muitos companheiros da PMERJ que fazem as suas blitze e volta e meia são travados no seu direito de ir e vir pelo mesmo motivo por que o pararam: nenhum.

Hoje, exatamente hoje, um sábado de sol causticante já pelas nove horas, saí de casa (Maricá/RJ) com destino a Niterói, em percurso de mais ou menos 70 quilômetros. No meio da viagem, lá estavam as viaturas do BPRV (duas ou três) bloqueando a pista de subida, deste modo afunilando o tráfego de veículos e gerando um engarrafamento monstruoso. Tudo pelo motivo a que antes me referi: nenhum. Pior é que os diligentes PMs sempre estão ali, no mesmo lugar, fazendo a mesma coisa, o que me permite assegurar que se trata de alguma ordem anacrônica que persiste no tempo a troco de nada de coisa alguma. Na verdade, resiste até a mudança de comando...

Depois a instituição reclama da má vontade do povo, que quer extingui-la por muitos motivos relevantes, bastando aqui lembrar que o atual modo operacional da corporação vem matando PMs como jamais se viu na sua bicentenária história. E também vem ceifando a vida de inocentes, como foi o caso da jovem Haíssa, que morreu pelo mesmo motivo que impulsiona as blitze: nenhum. E segue a caravana da desgraça, ora matando um menor, ora matando  PMs, e, principalmente, insistindo no seu falido modelo de ação como aqueles burros presos à mesma corda, cada qual tentando alcançar a sua moita de capim em posições norte e sul. E morrem de fome...

Não sei ainda como não surgiu um membro do Ministério Público com discernimento e coragem suficientes para impedir essas blitze produtoras de congestionamentos enormes, em vez de fazer fluir o tráfego, papel precípuo e preventivo da PMERJ. Não sei se alguma autoridade com poder decisório já amargou esses congestionamentos nas rodovias do RJ, nos moldes do que vi hoje quando descia (graças!) na pista livre e contrária. Impossível imaginar que ninguém reclame na justiça, na mídia, ou até ao Papa, o seu sagrado direito de ir e vir. Ou se o fazem e a justiça ignora. Não sei...

Sei, porém, que essas blitze, como a que hoje assisti, não possuem nenhuma justificativa, a não ser a subjetiva hipótese de que possa existir algum “infrator do trânsito” dentre milhares de famílias que buscam se deslocar num fim de semana para o lazer, e de repente são estacadas por horas a fio, debaixo da canícula, com suas crianças desesperadas, os adultos sem o direito de buscar um banheiro para desafogar suas incontinências urinárias, enfim, todos literalmente assados dentro de seus carros, que não podem avançar nem recuar para lugar algum. Exceto aqueles que desistem de seguir ao lazer e pegam o primeiro retorno esquecendo-se do que planejaram gozar com a família, muitos até reservando locais com o sacrifício de gasto extra.

Difícil... Até eu já começo a achar que é melhor extinguir, mesmo, esse modelo burro de lidar com a sociedade!

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