Na evolução
deste tema vasto e confuso, e como não há efeito sem causa, sublinhei
numa postagem anterior algumas variáveis antecedentes de suma importância. Reforço
agora a inegável certeza de que a Favela de Acari, desde o início da década de
80 tornara-se forte emblema do PDT e de suas trapalhadas posteriores em favor
de bandidos, tendo como contrapartida o demérito da polícia. Como também anotei,
o PDT governou o RJ de 1983 a 1986 e de 1991 a 1994, dois períodos em que o
voto favelado se caracterizou por sua fidelidade ao PDT e ao populismo que se
alastrara e contagiara como praga as instituições estatais neste infelicitado
RJ.
Mas
para que não pensem se tratar de mera especulação minha, é imperativo iluminar a
obra do Jornalista CARLOS
AMORIM, "COMANDO VERMELHO – A HISTÓRIA SECRETA DO CRIME ORGANIZADO",
de onde serão extraídas algumas abstrações dele na sequência desta abordagem. O
nosso escopo, assim procedendo, é demonstrar o forte ingrediente político e o sentimento
de vindita que nortearam as ações estatais por facções alinhadas ao brizolismo.
Sim, os leitores poderão avaliar os registros históricos do livro, com ressalva
do autor de que tudo o que nele está escrito fora fruto de "doze anos de
pesquisa", que "não é uma obra de ficção", e que "todos os
nomes e locais são verdadeiros". E assim se reporta Carlos Amorim à
questão dos direitos humanos no período de governo Brizola:
“Anunciou uma política de preservação dos
direitos humanos, numa cidade onde os grupos de extermínio agem abertamente.
Colocou na Secretaria de Justiça um ex-perseguido político e companheiro de
partido, Vivaldo Barbosa (...). Brizola chega a nomear um ex-preso político da
Ilha Grande, José Carlos Tórtima, Diretor de Presídio. O crime organizado
explorou com habilidade cada uma dessas demonstrações de civilidade do governo
estadual.”
Ainda
nesta linha de raciocínio, Carlos Amorim faz outra afirmação:
“Os limites impostos à ação policial
nos morros da cidade permitiram o enraizamento das quadrilhas (...). A paz no
morro é sinônimo de estabilidade nos negócios (...). Mas o respeito ao eleitor
favelado – que decide eleições no Grande Rio – ajudou indiretamente na implantação das
bases de operação do banditismo organizado (...). Estava determinado a
consolidar a base política que se apoiava enfaticamente nos setores
pauperizados. Na eleição de 82, pesou o apoio da Federação das Favelas (FAFERJ)
e da Federação das Associações de Moradores (FAMERJ). Mas o fato é: o crime
organizado usou tudo isso para crescer (...). O desenvolvimento do Comando
Vermelho foi o subproduto de uma Administração que respeitou o cidadão.”
Louvando a fina ironia do
jornalista, este passou a
ser o clima organizacional enfrentado por oficiais e praças da PMERJ, ocasião
em que os oportunistas e omissos se aliaram na conveniente defesa desta tese
política do PDT que recomeçava
em 1991. Mas desta feita o poder desses facciosos estava mais organizado e bem maior
do que se pensava, assim como há muito extrapolara o âmbito dos quartéis. Porque
a facção PM, – formada principalmente por oficiais e praças da PM.2 (Serviço
Secreto da PM) e da Chefia de Polícia Militar, – atuava como "braço de
força" do Ministério Público comandado por Biscaia, militante do PT, todos
voltados para a "apuração" do "DESAPARECIMENTO dos onze de Acari",
que se transformaria em movimento político-petista-pedetista (“caixa-forte” de
muitas ONGs), ganhando notoriedade internacional, com as "Mães de ACAri"
comparadas às "Madres De La Plaza de Mayo".
Também
a PCERJ organizaria seu "braço de força" vinculado ao MP, este, cuja
preocupação fundamental era demonstrar eficiência na investigação criminal para
melhor se adequar às mudanças constitucionais de 1988. Mas não bastava ao MP
investigar, uma discutível qualidade dos Promotores de Justiça, que, na verdade,
não poderiam alcançar nenhum pragmatismo sem o indispensável "braço de
força". Por isso, os interesses convergiram e originaram uma deformada estrutura
que passaria a "investigar" com poderes desmedidos, obcecados pela
"tese" dos direitos humanos apregoada por e PT, cujo mote passou a
ser o "DESAPARECIMENTO dos onze de Acari", fato que teria ocorrido em 26 de JULHO
DE 1990, época que nenhuma relação temporal guarda com meu período de comando à
frente do nono batalhão (ABRIL DE 1989 a ABRIL DE 1990), o que faço sempre
questão de lembrar.
Desse
poderoso conúbio de interesses concentrados na "Central de Denúncias"
e nas Centrais de Inquéritos comandadas por homens de confiança do Procurador
Biscaia, assumido militante do PT, começaram a surgir absurdas soluções para
crimes supostamente praticados por policiais civis e militares, obsessão desta
facção estatal para atender à tese política do combate a “grupos de extermínio”.
Isto passou a ser a maior ameaça contra a polícia, porque bastava designar
alguém como "exterminador" para que a maquinaria governamental se
voltasse contra o alvo, não importando se fosse ou não verdade. Isto, associado
ao poder do MP de denunciar sem provas, tornou o RJ lugar pujante para o
banditismo do tráfico.
O efeito
desta “política de direitos humanos” contra o aparelho policial foi deveras
sentido, principalmente na segunda etapa do brizolismo (1991-1994). Por que os
mesmos facciosos do período passado (1983/1986) reocuparam o poder e
reinstalaram a facção com o nítido objetivo de retaliar policiais que durante o
governo Moreira Franco reagiram contra o crime do tráfico que muito proliferara
nas favelas do Rio entre 1983 e 1986. Enfim, Moreira Franco avançou na
contramão da omissão exigida por Brizola. E eu, por ser um dos mais atuantes no
combate ao tráfico durante o governo Moreira Franco, fui e venho sendo até hoje
retaliado por inimigos desta facção que continua ativa e a mais e mais
especializada em urdiduras.
Mas voltemos ao passado para
sublinhar um emblemático e aberrante episódio
ocorrido durante o brizolismo: a fuga – pela porta da frente – de um presídio
de segurança mínima, do "Dênis da
Rocinha", em 13 de abril de 1993. Este fato foi registrado por
Carlos Amorim:
"Ele
saiu pela porta da frente, vestindo um terno fino, e ainda se deu ao trabalho
de despedir-se dos guardas."
Nada disso ocorria ao acaso... E
neste clima de promiscuidade proliferaram os agentes políticos claramente
vinculados ao tráfico, como era o caso de PEDRO PAULO FERRAZ DOS SANTOS, cujo
perfil será agora demonstrado com imagens e fatos. Acontece que Valmir Brum
emergiu do seu ostracismo neste ambiente de extrema promiscuidade entre os
agentes estatais e a comunidade favelada, como se na favela não houvesse
tráfico no atacado e no varejo e nenhum bandido armado.
Mas como os fins justificam os meios,
Valmir Brum surgiu acariciado como “herói” pela mídia comprometida com o PDT e
com o PT, tal a força do seu mote: desvelar o crime que ficou conhecido como “DESAPARECIMENTO
DOS ONZE DE ACARI”. Com efeito, mesmo não sendo membro da Polícia Judiciária, Valmir
Brum capitaneava as “investigações”. Partia ele da suposição (nada mais que
suposição) de que os onze jovens teriam sido sequestrados e mortos por PMs do
nono batalhão, após a frustrada “tentativa de extorsão” que abordamos no post
anterior, documentando-a para não se ter dúvida. Sim, esta fora a justificativa
para a caçada manu militari de Valmir Brum aos seus suspeitos, desde que fossem
PMs.
A partir deste ponto demonstraremos o
componente político situado na Favela de Acari, cujo emblema sem dúvida era
PEDRO PAULO FERRAZ DOS SANTOS. A reprodução de documentos e imagens do nacional
em questão é indispensável para provar que o “bolo da festa” que eu “chutara”,
segundo a fina insinuação do delegado de polícia ao me parabenizar pela prisão
do Cy de Acari, efetivamente existia e se renovava em festas seguidas, só que
agora deliciando novos comensais.
Vejamos quem foi PEDRO PAULO FERRAZ
DOS SANTOS neste contexto de promiscuidade máxima do Poder Público com o Poder
Marginal. Comecemos, pois, com a reportagem de uma dentre muitas apreensões de
droga feitas pelo nono batalhão da PMERJ sob meu comando. Em seguida a folha
penal do “líder comunitário”, militante pedetista que mais questionava as ações
policiais no seu reduto político.
Talvez mais homizio que reduto
político, sendo certo que enquanto os agentes policiais brizolistas circulavam
livremente na perigosa favela a pretexto de apurar supostos desvios de conduta
de PMs, eu tomava tiros, incluindo um tiro de fuzil, disparado de algum ponto
distante. Acertou a parede de uma casa utilizada como “paiol de endolação” (com
muita droga e traficantes presos), em frente da qual eu me posicionara para dar
entrevista à afoita Tevê Globo que lá surgira no rastro da ocorrência. O projétil
perfurou a parede trinta centímetros acima da minha cabeça, quase que me
tirando do mundo... Até hoje não sei quem foi o autor do disparo, agradecendo
aos céus por não ser ele um sniper.
Para
conhecimento dos leitores, observe esse personagem PEDRO PAULO FERRAZ DOS
SANTOS, tão bem delineado por documentos e fotos, preso quando eu era comandante
do nono batalhão nos termos da reportagem específica, que traz a sua foto. Ele
se candidatou a Deputado Estadual pelo PDT, em 1990, recebendo expressiva
votação. Tal liame do crime com a política é tão inegável como espantoso! E
fica claro que o clima político não era nada favorável a mim, em especial
porque na condição de deputado passei a perceber que as retaliações contra a
tropa que eu comandei, por iniciativa direta de Valmir Brum, afinadíssimo com o
PDT e com o lado podre do tráfico, obrigou-me a articular advogados para
atender a requisições urgentes, como foi o caso ocorrido em agosto de 1991,
foco central de nossas desavenças políticas e pessoais. Mas era certo que ele
se movimentava não com outro fim que não fosse o de se candidatar, como de fato
se candidatou a deputado estadual em 1994, pelo PRONA da Regina Gordilho,
recebendo míseros votos.
Encerro afirmando que toda esta
trama política de Valmir Brum tinha como epicentro o caso das mães de Acari, com as quais ele
peregrinava atrás dos corpos dos filhos dela, momentos que se eternizaram nos
termos do livro do jornalista Carlos Nobre, do qual destacarei, na postagem
seguinte, as entrevistas desse "investigador espiritual", para que os leitores infiram suas próprias
conclusões...
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