sexta-feira, 4 de abril de 2014

Voltando ao Teatro do Absurdo com toda carga...



                                          PRIMEIRO ATO


Torno hoje ao blog com carga total depois de ofertar aos discernidos o precioso texto de Olavo de Carvalho, como lhes prometi, mantido até 31 de março com exclusividade. Torno, porém, espantado, e não sei por onde começo nem como termino esta “catarse”.

É verdade, não sei se começo dizendo que tomei susto quando li uma ata da Petrobras fixando a remuneração do seu Conselho Administrativo, do qual fazia parte a presidenta Dilma Roussef e o Guido Mantega, ambos acumulando mais de cem mil reais por mês a serem somados aos igualmente elevados ganhos de seus cargos ministeriais. Que mamata socialista, hein?...

Curioso... Aprovaram uma PEC no Congresso Nacional para limitar a remuneração dos servidores públicos, mas só vale para “pessoas comuns”. Para “pessoas incomuns”, como os sublinhados, e para muitas outras que festejam a fanfarra do poder entupindo as algibeiras, e me refiro aos três poderes do Estado, a “PEC-TESOURA” não vale!

Bem, talvez este seja o modelo de socialismo que o PT defende e é acompanhado por ilustres membros dos três poderes do Estado (é bom repisar para que não digam que meu foco é a presidenta). Ah, assim até eu quero ser “socialista”, é bom demais da conta...

Mas neste festival de absurdos e lambanças várias, como “nunca vistas na história deste país”, não posso deixar de focar os que se agarram ao servilismo absoluto ao poder reinante para mamar nas gordas tetas do Estado sustentado pelas “pessoas comuns” em aberrante subalternidade.

E devo bradar vivas ao conformismo do povo ignaro, que idolatra ídolos de pés de barro por conta da maioria (maioria, sim!) da mídia, que cuida de propagar o novo “milagre brasileiro” ao troco de muitos bilhões. No fim de contas, é o que se assiste nesses anos gordos que se contrapõem ao tão execrado “anos de chumbo”, com o que não concordo, deveriam ser “anos de lata enferrujada”, pois o regime militar não resolveu o problema político do país, preferiu perdoar terroristas e demais bandidos que se uniram para vencer os generais. E hoje eles festejam, enquanto os generais ralam em favelas a reforçarem a certeza do servilismo. Bem feito!

Já nós, servis PMs, que não fomos bem tratados por nenhum regime, nem monárquico, nem republicano, nem militar e muito menos civil, mantemo-nos desde a nossa criação bicentenária a cultuar raspinhas de histórias alheias. Sim, ficamos cá numa eterna subalternidade, a tal ponto que merecíamos ser subordinados a um governante do PSTU, por exemplo, pondo-nos todos de quatro para ele.

Estou tresvariando?... Não! Não estou!... É que estamos próximos de nova eleição para Governador do Estado e a briga está feia entre os que se anunciam candidatos. Mas todos estão aparentemente rejeitados pelo povo, como nos indicam as prévias eleitorais.

Penso ainda, se não estou errado, que as redes sociais não representam o povão, este que nem computador tem, mas votará maciçamente em algum candidato e poderá escolher exatamente aquele que não figura na mídia a não ser em mínimo horário partidário ou eleitoral. Eis finalmente a PMERJ subordinada ao PSTU e ao governante que visceral e declaradamente a odeia!...

Mas o festival de absurdos não poderia deixar de encerrar apoteoticamente o nervoso lapso temporal que se antecede à Copa do Mundo, período que se destacou pelo julgamento do Mensalão, apodo midiático que grudou no PT com nuances de eternidade. E mais ainda: o escândalo de Pasadena, as turbamultas protagonizadas pelos black blocs, e as notícias nada alvissareiras de roubalheiras na construção de estádios de futebol, ainda com sérios riscos de não atenderem ao objeto principal, que é o de acolher os jogos do bilionário evento desportivo.

Enfim, autênticas fanfarras cujo lance de “tirar o tubo” deve ser atribuído ao abusado gesto do vice-presidente da Câmara dos Deputados, do PT, em flagrante desrespeito ao Ex.mo Sr.  Presidente do STF, ilustre e digno ministro Joaquim Barbosa, com o parlamentar inusitadamente elevando seu cerrado punho aos céus em típico e inegável gesto socialista-stalinista-hitlerista. Vivas ao ministro Joaquim Barbosa, que pouco se lhe deu ao gesto, sua missão está cumprida!..

Mas tudo seria ainda pouco a nos espantar, pois emerge novamente das trevas do desprestigiado segundo posto – ser “vice” no Brasil é motivo de chacota humorística, tal como nos deliciava Jô Soares, que deveria doar alguns seus personagens aos novos humoristas, em especial o seu pássaro “Corrupto”  – emerge novamente das trevas do desprestigiado segundo posto o vice-presidente da Câmara dos Deputados, o mesmo do gesto escroto a tentar desmerecer o Presidente do STF, mas agora como personagem central da ópera bufa por ele mesmo iniciada: ei-lo viajando de jatinho particular pago por suposto marginal de colarinho branco já encarcerado pela sempre sensacional PF que me enche de orgulho.

Hum... Como diz o anônimo ditado: “Um abismo puxa outro”... Pois assim o mais novo personagem a desviar o incômodo foco da presidenta, que sempre ganhou bem, e que se vê em apuros por conta da Petrobras, passa a ser o deputado federal do PT, este, que está mais enrolado que novelo de linha e mais sujo que pau de galinheiro. E ele diz, e desdiz, e rediz, e a cada voz mentirosa que faz ecoar com fedor de esgoto, e sem mais o arrogante gesto socialista-stalinista-hitlerista, ele se prepara para cair no colo de quem ofendeu em puxa-saquismo inédito aos petralhas!...

Qual será o próximo susto que levo, não sei nem me importa! Sei, porém, que enquanto sofro há mais de vinte anos as consequências de ser contrário a essa turma da “esquerda caviar”, delicio-me dos azares dela mais que ela se vem deliciando dos meus azares por ela plantados em raiva eterna!..


Dane-se essa turma da “esquerda caviar”!..


Ah, tanta delícia me obriga a comparar-me a um personagem de piada que gostava de mangar um feroz sujeito apelidando-o de “Tesoura”. De tanto fazê-lo, “Tesoura” o pegou à força e levou ao mar numa canoa, ameaçando-o jogá-lo aos tubarões. Mesmo assustado, ele continuou, dentro da canoa, a gritar o apelido do seu algoz: “Tesoura!” E este, irado, lançou-o ao mar. Sem saber nadar, o impertinente foi afundando e gritando: “Tesoura!” E em meio ao derradeiro “glub-glub”, e não mais podendo gritar, o desgraçado pôs a mão para fora d’água, tal como no gesto socialista-stalinista-hitlerista do deputado federal do PT, e cruzou os dedos no ar imitando uma tesoura a fechar e abrir...



FIM DO PRIMEIRO ATO

2 comentários:

Renato Hottz disse...

Amigo, sua indignação é a de todos que possuem, não só o mínimo de discernimento, mas também o mínimo de boa vontade em ler e entender o que está acontecendo. Não é possível que alguém, em sã consciência, e um mínimo de inteligência, ainda vá dedicar o seu voto a uma quadrilha que não faz o mínimo esforço em se esconder. Não sei se vc notou mas escrevi várias vezes a palavra MÍNIMO. Bom, no mínimo vou votar contra. Abçs e meus respeitos pelo brilhante texto.

Anônimo disse...

Emir disse:

Caro Hottz

Seu comentário sublinhando o mínimo que podemos fazer me fez lembrar um texto de Erico Verissimo em Solo de Clarineta, que inseri num dos meus romances e agora reescrevo aqui: "Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso todo de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto."