Em ano eleitoral, quem mais sofre
são os estatísticos, muitos deles instados a mascarar a realidade, ou por
pressão direta dos seus chefes, ou por interesses particulares justos ou
injustos, ou por ideologias assumidas. E por outros motivos vários... Daí me
ocorre a lembrança da charge que apresenta um homem com os pés dentro da
fogueira e com uma pedra de gelo equilibrada na cabeça, sugerindo que “na média
está tudo bem”...
Em se tratando de segurança
pública, sempre afloram como exclusivas, em reducionismo de um sabido contexto
complexo, as taxas de homicídio por habitantes, ficando os demais crimes como
secundários nesta briga de números. Talvez por se tratar de crime de sangue, o
homicídio impressiona deveras a mente coletiva, embora haja muitas formas sutis
de matar: de fome, por doenças curáveis que carecem de remédios inalcançáveis,
por acidentes de trânsito etc. Mas o que importa avaliar aqui são os homicídios
e a relação simples (ou simplória) de percentuais por habitantes, claro que
considerando que o censo nacional é verdadeiro, o que eu, particularmente,
duvido. Não que os profissionais que realizam o censo sejam despreparados, mas
decerto pela precariedade de meios materiais e humanos que grassa os serviços
públicos dos quais o IBGE não é exceção.
Mesmo assim, perigosamente
reducionista, não deixa de ser interessante a briga de números; então vamos a
ela reproduzindo um texto do inigualável jornalista Reinaldo Azevedo, da
Revista VEJA, este que se mantém isolado numa trincheira e já deu muitas provas
de que sobreviverá ao combate que trava com os petistas, mesmo embarcando na
onda reducionista como arma de ataque ou contra-ataque. Recebi o texto do incansável
companheiro e amigo TCel PM Paulo Roberto Fontes, a quem agradeço.
REVISTA
VEJA
BLOG
DO REINALDO AZEVEDO
31/01/2014
Às
17:01
Os governos petistas são notavelmente
incompetentes em várias áreas, mas em nenhuma eles conseguem ser tão ruins como
na segurança pública. Atenção! O Distrito Federal tem a renda per capita mais
alta do país. O Distrito Federal tem a Polícia Militar mais bem paga do país —
salário médio de R$ 4.300. O Distrito Federal tem o maior número de policiais
militares por habitante: 1 para cada 168. Não obstante, a região vive um
impressionante surto de violência. Os roubos cresceram 22% nos últimos dois
anos. Os homicídios, em janeiro, tiveram um aumento de 41% em relação a igual
mês de 2013. Desde o fim do ano passado, a PM realiza o que se chama “Operação
Tartaruga” — que é, assim, trabalhar com vagar, com moleza. Pedem aumento de
salário e mudança no plano e carreira. Os crimes explodiram.
Debaixo do nariz de José Eduardo
Cardozo, aquele que gosta de vir dar pitaco na polícia de São Paulo.
Debaixo do nariz de Maria do Rosário,
aquela que gosta de emitir notas marotas quando chama de homicídio um suicídio
acontecido em São Paulo.
Debaixo do nariz de Dilma Rousseff,
aquela que disse esperar explicações sobre suposta ação injustificada da PM de
São Paulo — que, na verdade, era a vítima.
Vamos botar números nessa história.
Segundo o Anuário de Segurança Pública, o Distrito Federal teve, em 2012, uma
taxa de 32,1 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) por 100 mil
habitantes, quase três vezes a de São Paulo, que tem menos policiais por
habitantes, cuja polícia ganha bem menos e com renda per capita inferior. Os
CVLI incluem homicídios dolosos e latrocínios. Sem dúvida, uma polícia bem paga
é importante para garantir a segurança pública — mas, sem competência, é inútil.
Sem dúvida, uma renda per capita elevada pode contribuir para diminuir certos
crimes. Mas, sem competência, é inútil. Sem dúvida, um número maior de
policiais é importante para garantir a segurança pública, mas, sem competência,
é inútil.
E, está demonstrado, competência,
nessa área, o PT não tem. E a prova não está só no Distrito Federal, não. De
2008 a 2012, segundo o mesmo anuário — que é do Ministério da Justiça! —, a
taxa de CVLI da Bahia cresceu 30% — de 31,3 por 100 mil habitantes para 40,7. O
caso desse estado é mesmo espantoso. Segundo um outro levantamento, o Mapa da
Violência, no ano 2000, a Bahia tinha 9,4 homicídios por 100 mil habitantes.
Dez anos depois, já havia chegado a 37,7.
Sergipe
O PT governa o Sergipe desde 2007. A taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais saltou de 27 por 100 mil habitantes em 2008 para 40 em 20912. É outro escândalo.
Acre
O PT está no poder no Acre há 15 anos. Os Irmãos Viana e Marina Silva são os donos do pedaço. De 2008 para 2012, conseguiu-se reduzir um pouco a taxa dos CVLI: de 26 para 24,2 — ainda assim, mais do que o dobro da de São Paulo.
“Pô, Reinaldo, que história é essa de
ficar o tempo todo comparando com São Paulo? Ora, meus caros, a
esmagadora maioria dos “especialistas” ouvidos pela imprensa paulistana quando
há questões relativas a segurança pública é do PT ou pertence a aparelhos do
PT. O partido tem a ambição de conhecer a área. Por que, então, quando lhe é
dado governar, consegue implementar uma política que produz o dobro, o triplo e
até o quádruplo de cadáveres?
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, Tarso Genro assumiu o poder com uma taxa de CVLI de 17 por 100 mil. Em 2011, ela passou para 17,5 e saltou para 19,8 em 2012. Não tenho os dados de 2013.
Piauí
PT e PSB dividem o governo do Piauí desde 2003. A taxa de CVLI saltou de 9,9 por 100 mil em 2008 para 16,4 em 2012 — e, ainda assim, o anuário inclui o estado entre aqueles cujos dados são de confiabilidade apenas média. Deve ser mais do que isso.
Encerro
A taxa de homicídios dolosos do Estado de São Paulo em 2010 foi de 10,5 por 100 mil. Deve ser a mais baixa do país. Não obstante, a polícia do estado é a que mais apanha do PT — claro! —, das ONGs, dos “advogados ativistas”, do governo federal e também da imprensa.
Se a taxa de homicídios do Brasil
fosse igual à de São Paulo, salvar-se-iam por ano perto de 30 mil vidas. Em
breve, virá a campanha eleitoral, e o petista Alexandre Padilha tentará dar
aula aos paulistas de segurança pública. Vai ver pretende pôr em prática as
lições que aprendeu com Agnelo Queiroz, no Distrito Federal, e Jaques Wagner,
na Bahia, entre outros especialistas… Dá para tremer só de pensar.
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