As manifestações
realizadas durante a Copa das Confederações funcionaram como bolhas de sabão, não
que fossem totalmente inúteis, seu propósito imediato foi alcançado: a redução
da tarifa de transportes coletivos.
Demais disso, a Câmara dos Deputados deu um “show de eficiência” ao
sepultar a PEC 37, esta que, segundo renomados especialistas, era de conteúdo
inócuo. Sem muito adentrar os méritos e deméritos do movimento, é válido contabilizar
os atos de vandalismo, com as lideranças das manifestações insistindo serem
“isolados”. Ora, nada é isolado no mundo!...
A verdade é que houve o
amadorismo de ambas as partes conflitantes. De um lado, os manifestantes sem discurso;
do outro, uma polícia esquecida dos métodos de contenção de distúrbios e
carente de meios materiais. Formaram-se, assim, algaravias aqui, ali e acolá, com
a tropa e manifestantes saindo no tapa em cenas tão grotescas quanto burlescas.
Deixadas de lado as
extravagâncias, o que restou foi o cinismo governamental no seu maior nível,
com a impoluta presidente da República, terrorista assumida, avocando a “ordem”
do Pavilhão Nacional e deixando claro seu incômodo com algo tão corriqueiro
na vida dela quando estava do outro lado (da desordem interna), segundo ela “defendendo a
democracia”. Que democracia então ela defendeu? A de Cuba, que alardeava como o melhor sistema político de vida, mas que não passa de tirania comunista?... Bolas, ela ficou restrita ao anúncio de medidas
inócuas, enquanto a bola rolava distraindo o povo!... Sim, que houve de concreto em sua
decisão? Ora, nada além do anúncio de um inconstitucional
Plebiscito visando a uma nebulosa reforma política, como, aliás, é nebuloso todo
o contexto da vida nacional. Não sem insistir que trará médicos cubanos para suprir carências nacionais na saúde, como se fosse este o maior de todos os óbices do setor...
Sim, vivenciamos o
blefe jorrado em caradura, ao lado de eloquentes silêncios, como o do governante do RJ em vista de sua
longa gestão marcada por farras turísticas e mordomias impunes. Quanto ao blefe, basta lembrar a
entrevista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no Jornal O GLOBO, singelamente anunciando que as
desonerações nas tarifas de transportes vão gerar alta de impostos. Ou seja,
tira-se de um lado, mas se complementa do outro, em mais uma afronta à classe
média, por sinal a mesma que esteve nas ruas (não havia povoléu nas
manifestações, mas estudantes bem-vestidos e bem alimentados).
Tudo muito estranho,
até mesmo a conotação ideológica que, resumindo, foi nenhuma, os partidos políticos foram expurgados das manifestações. Não sei se isto é
bom ou ruim, mas sei, salvo melhor avaliação, que se trata de rejeição ao modelo político pátrio, cujo
Estado é exageradamente interventivo e a sociedade é por demais conformada e
clientelista. Esta combinação de distorções sociais, que remontam ao Brasil
Colônia, não pode gerar nenhuma sociedade democrática, mas apenas sua deformação histórica que perdura ainda hoje.
Há, na verdade, uma conturbação na tessitura social que ainda não se
expôs totalmente à luz. Vemos, sim, muitos fragmentos de anseios e frustrações
sendo cobrados pontualmente, como foi o caso da tarifa de transporte
coletivo, não se considerando em igual animação as demais e exorbitantes
tarifas de água, luz, telefone, IPVA, IR, IPTU e outras mais.
Por isso eu digo que até agora tudo não passou de “sonho de uma noite de
verão”. Mas pode ser que esse tudo renasça das cinzas e se torne perigosa realidade...
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