sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sobre o segundo turno III



As razões do meu voto ou do meu não-voto


"(...) Como a trapaça ajuda a política – o importante para muita gente é vencer, porque o vencedor recebe as glórias do poder e, com ele, o crédito da verdade. Quando uma teoria científica não permite atingir os objetivos que os agentes políticos têm em mente, eles recorrem à trapaça, à fraude, à mentira, à demagogia etc. Quando esses meios falham, eles usam a violência para destruir o que não sabem ou não são capazes de controlar..." (Martinez, Paulo – Política, Ciência Vivência e Trapaça – Coleção Polêmica – 6ª Ed., Editora Moderna Ltda. – São Paulo, 1992, pág. 13)


É deprimente perceber a ira dos candidatos Dilma e Serra sobrepondo-se aos temas políticos. Acusações rasteiras ocorrem num pugilato que deveria ser transferido para um ringue. Não! Ringue, não! É briga de rua, mesmo!... E, na internet, chovem manifestações não menos iradas, de parte a parte, confundindo mentiras com verdades, de modo que não há como o eleitor discernir quem será o melhor presidente. Não se nota nos debates nenhuma sinceridade, mas, sim, jogos de palavras em acusações treinadas. O programa eleitoral está mais para encenação teatral do que para campanha política. Do lado de cá da telinha, invade-me uma espécie de burrice; vejo-me incapaz de exercitar uma boa escolha; sinto-me agredido pela desenvoltura desses candidatos que circularam pelo poder durante anos consecutivos e agora prometem fazer em caradurismo tudo que antes não o fizeram, embora não possam negar que poderiam tê-lo feito em suas gestões; por sinal, longas...
Enfim, nada de novo sob o céu, e o país terá de se arrojar de olho fechado em ideologias e dogmas terceiro-mundistas, as mesmas que destruíram a humanidade no passado e continuam a destruí-la no presente. É comovente a defesa do “estado-pai” pela candidata Dilma Roussef, do mesmo modo que seu adversário não me consegue convencer ao defender as privatizações feitas pelo PSDB. Pior ainda: Não as defende!... Na verdade, está um tentando sugar o discurso do outro, ficando ambos como a garrafa meio cheia ou meio vazia, anulando-se. E se não bastassem o botox e a maquiagem rejuvenescedora, os candidatos capricham na pantomina destinada à produção de hologramas, ou se perdem no vácuo das patacoadas anotadas nas “colas” envenenadas e ostensivamente consultadas durante os debates, impregnando-me uma forte impressão de que faltam neles conhecimento e ideias próprias.
As palavras soam arrogantes e os discursos, ambivalentes; as respostas não respondem, e os candidatos não correspondem aos meus anseios democráticos. Lembram-me os tempos da malandragem em que o vencedor era quem melhor aplicava a rasteira no contendor... Os valores dos candidatos estão ofuscados pela ira mútua; as promessas soam como mentiras. Pior é que um desses dois vencerá e ninguém será capaz, racionalmente, de dizer o que acontecerá com o país sob a batuta do vencedor.
A segurança econômica e a relativa paz social da era Lula parecem-me ameaçadas até mesmo pela candidata dele. Não por palavras dela, Dilma, mas pela certeza de que ela não mandará além do seu grupo colateral (ou superior) de poder. A história de sangue desse grupo guerrilheiro contra o regime militar nada mais representou que tentativa de implantar uma versão totalitária esquerdista, castrista ou stalinista, ambas fanáticas e sanguinárias. E na empolgação da vitória no primeiro turno, o inegável líder do grupo (José Dirceu) anunciou que Lula está “além do PT”, ou seja, quem está além ou aquém está fora! Hum... Será que estou errado?...
Nenhum dos candidatos aborda temas profundos em favor da consolidação da democracia no Brasil. Não se fala em reforma política. O discurso prende-se a obras feitas ou por fazer e busca afetar o sentimento clientelista do povo com promessas paternalistas, enquanto os miseráveis de sempre morrem nas filas de sempre das parcas UTI dos hospitais estatais. A campanha mais me parece compra de votos tendo como moeda de troca os floreios eloquentes e como se o povo não tivesse vontade própria ou fosse absolutamente bestunto.
Não são promissores os totalitarismos de esquerda existentes no mundo. E José Serra, ao se situar como “janguista de carteirinha” com direito a imagens históricas ao lado de Jango, e se vinculando às “reformas de base” (em síntese, pregavam as reformas agrária, educacional, tributária, administrativa e urbana, com características socialistas), tenta se autodefinir como antigo defensor dessa ideologia que, inegavelmente, pertence à candidata Dilma Roussef.
José Serra abomina, portanto, a posição social-democrata representada pela sigla partidária que o acolhe, ao tentar descambar para o fracassado socialismo. Tenta pescar na esquerda os votos emocionais (ilusórios), enquanto perde os votos racionais (pragmáticos). Assim, os adversários culminam enfiados num mesmo balaio a ser levado pelos burros votantes ao abismo antidemocrático que se tenta eternizar no Cone Sul depois de dar errado na Europa e no resto do mundo.
Pior é assistir aos artistas burgueses, de fino trato, inteligentes, defendendo um modelo dilmista que os levaria a uma vida ao “modo cubano”. Ora, eles visitam Cuba, acariciam Fidel Castro, exaltam o comunismo de lá, querem-no cá, mas, em termos práticos, não vão viver lá nem o suportarão aqui. Só viajam para Cuba a passeio, o que até eu tenho vontade... Muitos, contraditoriamente, são gênios no que fazem, mas são comunistas teóricos, esquerdistas de araque! Ou então eu sou burro elevado à enésima potência... A não ser pelo fato de ser filho de um líder sindical, comunista fichado pelo DOPS/RJ por ter sido tenazmente perseguido pela Polícia do Estado Novo (fascista) de Getúlio Vargas, ídolo dessas gentes vermelhas por fora e verdes por dentro. Ora! Vá haver incoerência assim nos diabos! Não se pode mais crer em ideologias. Tornaram-se abstrações!...
Nos debates, os candidatos usam e abusam dos oximoros. Urdem “pegadinhas” e tentam transformar pequenos incidentes familiares ou mesmo administrativos em “pecados capitais”; assumem, na verdade, um relevante despreparo psicológico e conceitual para governar. Fico imaginando Rui Barbosa assistindo a esses debates... Morreria de tédio ou de raiva. Porque nenhum dos adversários defende programas e projetos político-institucionais com vistas a fortalecer nossa claudicante democracia; nenhum deles convence quando tenta desmerecer o outro e ambos caem abraçados na mesma vala de acusações várias que transformam debates em duelos mortais. Creio que esse duelo não terá vencedores. Como ocorre nos faroestes, os contendores atirarão simultaneamente e morrerão em comoriência, havendo o risco de o país ser entregue a um “menino do Rio” improvisado de última hora ou a outro paulista que estampa na cara sua notória sede de poder e o benefício de si mesmo. Por conseguinte, seja qual for o resultado, é melhor desejar vida longa para o (a) vencedor (a), de modo que os vices jamais assumam a Presidência da República...
Ó democracia! Como suportais tantos malefícios jorrados contra vós?... Onde estão as verdadeiras cores do Pavilhão Nacional? Por que manchar as cores nacionais com o vermelho das “lutas armadas” já iniciadas pela narcoguerrilha urbana e rural? Onde estão e quantos serão os verdadeiros brasileiros que querem a felicidade aristotélica?... Ora, nada concluiremos desse duelo de iguais, vinhos da mesma pipa, farinha do mesmo saco. Querem saber?... Não mais observarei esses debates retilíneos e desgraciosos, e não sei se votarei em algum deles! Assumo, com franqueza, isenção, e sem remorsos, que estou em indecisão tendente à anulação do meu voto, terceira alternativa ruim! Enfim, permaneço prisioneiro do meu terrível trilema e tenho pouco tempo para decidir...

5 comentários:

Paulo Xavier disse...

Concordo em gênero, número e grau, como dizíamos antigamente. A príncipio tentei enganar a mim mesmo admitindo que os tempos são outros, que a hipocrisia vem se sobrepondo à verdade, que os fins justificam os meios. Ledo engano; o que vejo é uma sociedade deteriorada, onde os valores estão invertidos a muito tempo. Em quem acreditar, nessa altura do campeonato, é a pergunta que fica.
Cel Larangeira, compreendo a sua indignação e entro para esse time dos indecisos. Talvez eu fique com ela por repúdio ao partido dele, pela covardia que o trabalhador foi vítima em um passado recente.

Anônimo disse...

Comandante;
Eis ai a solução para os problemas do Brasil

JESUS CRISTO para presidente
Mahatma Gandhi para vice


OU SHAI'TAN para presidente

Vlad III, o Empalador para vice


Eu, juro estar indeciso...
Porém, porém estou me declinando à segunda Hipótese

Anônimo disse...

Se Jesus Cristo de repente aparecesse no Brasil seria preso por charlatanismo pelos doutores da lei e Gandhi seria preso por subversão à ordem, perturbação do trabalho e sossego alheio e desacato à autoridade.

Anônimo disse...

Amigo Anônimo

Votemos em LOIS CEFER jogados as profundezas por oba e graça de tentar dar o GOLPE; olha isto antes da CRIAÇÃO.
Acredito que, o "criador" fez o "Hades" para que os humanos possam viver em guerras, conspirações, sacanagens, corrupção, pedofilias, formação de quadrilhas e outras barbáries.

Com “o verdadeiro KARA” no comando, juro que isso aqui vai virar o céu.
Pois, com tanta gente usando "o criador" como cabo eleitoral.
Que tal LOIS CEFER 666 para governar essas glebas chamadas "brasil"

Anônimo disse...

Tenho a absoluta certeza que fazer graça politica, com o que é divino. Não é o caminho mais acertado.
Estou no anônimato, quem não respeita Jesus não respeita ninguém. E nessas blexas moral que as almas são arebanhadas e ai acontece atrocidades e dizem que não sabem por o que fez.