terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sobre o pensamento positivo


Da esquerda para a direita: Evanir (falecido), Elma, Eu, Mamãe (falecida) Édio e Enilda.



“Há coisas que melhor se dizem calando.”
(Machado de Assis)


Sou um tagarela incorrigível. Quando estou na roda dos amigos, falo mais que ouço. Sou, talvez, um mau exemplo, embora eu me silencie bastante ao escrever – o que mais faço na minha vida – ou me isole a pensar: um comportamento mais recente. Mas em meio a terceiros, peco pela palavra excessiva, não sei se estimulado por mim ou por meus interlocutores. Eu não devia ser assim, o correto é ouvir mais e falar menos. No fim de contas, a minha mãe, pessoa mais importante da minha vida, me ensinou o valor do silêncio. Ela pouco falava, mas se comunicava como nunca pelo olhar e por frases curtas e significativas. Às vezes ela me punha aos pés dela a mostrar anotações sobre os livros que lia nos seus raros momentos de descanso; eram todas direcionadas para o pensamento positivo, não aquele reduzido ao raciocínio lógico, mas uma espécie de junção de várias percepções físicas e mentais, incluindo a intuição. Eu prestava atenção mais por respeito que por interesse; no fundo, eu achava bobagem me prender a pensamentos positivos, em intuições ou emoções, que me pareciam coisas de mulher. Ela, todavia, insistia no seu ensinamento sobre o valor de as energias positivas serem concentradas de dentro para fora e de fora para dentro de cada ser humano. Mandava-me ler suas frases carinhosamente anotadas em letras redondas, boas de ler. Não havia um adjetivo adornando seus textos rápidos. Ela era direta ao escrever e parcimoniosa ao falar. Esbanjava otimismo em meio às dificuldades materiais extremas em que vivíamos. O grande do seu tempo era gasto na máquina de costura “fechando calças” cortadas por exímios alfaiates que confiavam no seu esmero. Eram muitas horas, em casa, ouvindo o barulho do motorzinho pressionado por seu pé, a cabeça curvada sobre o pano debaixo da rápida agulha a amarrar a linha. Era a vida dela: costurar calças e sustentar cinco filhos menores. Mas arranjava tempo para cobrar de cada um os deveres escolares. Não sabia nos ensinar as lições, mas tentava assim mesmo. E jorrava sabedoria ao marcar presença com seus “pensamentos positivos”. Hoje, indo ao encontro da idade dela (ela faleceu aos 75 anos) sem saber se chegarei lá (conto hoje 63 anos), espanta-me ler sobre o pensamento positivo como manifestação real. Espanta-me constatar, por via dos ensinamentos quânticos, que as partículas subatômicas se movimentam nos auxiliando a viver em otimismo, bastando-nos fixar o pensamento nesse sentido. Hoje sei e creio na existência de uma “inteligência espiritual”; sei que a fé é uma das mais fortes correntes do pensamento positivo; sei que vale a pena “levantar com o pé direito”; sei que a emoção e a intuição não estão no campo metafísico. E fico excogitando como, sem saber de nada disso, já assim a minha mãe nos ensinava a nós, seus cinco filhos, os segredos da mente e do corpo. Ela era e continua sendo o meu grande orgulho!...
Faço este intróito para postar um retrato de minha mãe e seus cinco filhos, e a entrevista do físico quântico Amit Goswami, publicada na Revista Época de 27 de agosto de 2007. O texto dirá o resto e todos me entenderão por que desta vez escrevo pouco...






Nenhum comentário: