O PT é uma facção política, sobre isto não há dúvida. E se tornou criminosa, o que também não mais se há
de questionar. E em se tratando de CV e PCC, duas maiores facções criminosas sediadas na Região Sudeste, com tentáculos em
todo o país, pode-se afirmar que são
subsistemas de um só sistema
situacional criminoso, mesmo que atualmente antagônicos. Eis primeiramente
o significado de fação, para depois
as associarmos à fação política (PT):
“A facção é o maior mal e o perigo mais comum. Facção é a tradução convencional da palavra grega stasis, uma das
mais extraordinárias que podem ser encontradas em qualquer língua. Sua raiz significa colocação, montagem,
estatura, estação. Sua gama de
significados políticos pode ser mais bem ilustrada apenas pela relação de
definições dicionarizadas que pode ser encontrada: partido, partido formado com fins sediciosos, facção, sedição,
discórdia, divisão, dissensão e, finalmente, um significado bem abonado, que os
dicionários incompreensivelmente omitem, a saber: guerra civil ou revolução.”
( Moisés I. Finley, em sua obra
“Democracia Antiga e Moderna”, Ed.
Graw Ltda, 1988, págs. 60/1)
A reflexão é escudada na abalizada
obra sobre o CV, escrita pelo
Jornalista Carlos Amorim, sob o título “COMANDO
VERMELHO — A História Secreta do Crime Organizado”. Desta maneira, os interessados poderão comparar muitos acontecimentos
atuais com os registros históricos do livro, com ressalva do autor de que tudo
o que nele está contido foi fruto de “doze anos de pesquisa”, que “não é uma
obra de ficção”, e que “todos os nomes e locais são verdadeiros”. E assim se reporta Carlos Amorim à
questão dos direitos humanos,
referindo-se ao período de governo Brizola, sendo certo que não se pode separar
essas facções políticas da esquerda,
que são subsistema de um só sistema situacional criminoso, bastando
lembrar a candidata a governadora do Rio, pelo PT, que se declara, não
gratuitamente, “a favor do assalto”:
“Anunciou uma política de preservação dos direitos humanos, numa
cidade onde os grupos de extermínio agem abertamente. Colocou na Secretaria de Justiça um ex-perseguido político e
companheiro de partido, Vivaldo Barbosa (...). Brizola chega a nomear um ex-preso
político da Ilha Grande, José Carlos Tórtima, Diretor de Presídio. O crime organizado explorou com
habilidade cada uma dessas demonstrações de civilidade do governo estadual.”
Ainda nesta linha de raciocínio, Carlos Amorim faz outra denúncia:
“Os limites impostos à ação policial nos morros da cidade
permitiram o enraizamento das quadrilhas (...). A paz no morro é sinônimo de
estabilidade nos negócios (...). Mas o respeito ao eleitor favelado —
que decide eleições no Grande Rio — ajudou indiretamente na implantação das
bases de operação do banditismo organizado (...). Estava determinado
a consolidar a base política que se apoiava enfaticamente nos setores
pauperizados. Na eleição de 82,
pesou o apoio da Federação das Favelas (FAFERJ) e da Federação das Associações
de Moradores (FAMERJ). Mas o fato é: o crime organizado usou tudo isso
para crescer (...). O desenvolvimento do Comando Vermelho
foi o subproduto de uma Administração que respeitou o cidadão.”
Não paramos por aqui. Há mais
referências no supracitado livro, que pode ser adquirido via Google. Vale então
focar a fuga do poderoso Dênis da Rocinha e do CV. O fato foi assim foi
registrado por Carlos Amorim:
“Ele saiu pela porta da frente, vestindo um terno fino, e ainda se
deu ao trabalho de despedir-se dos guardas”.
Carlos Amorim sublinha que o CV surgiu do “encontro dos integrantes das organizações revolucionárias com
criminosos comuns” e que “o encontro
rendeu um fruto perigoso: o Comando
Vermelho”. E com rara capacidade
de síntese, apontou sua reflexão para um dos cérebros do CV: o “Professor”,
William da Silva Lima:
“Sobre isso há um depoimento inquestionável: o primeiro e mais importante líder do Comando Vermelho, William
da Silva Lima — o Professor —, diz que leu muitos livros na cadeia. Como nessa história todo mundo
escreveu memórias, William não ia ficar de fora. O fundador do Comando Vermelho publicou QUATROCENTOS CONTRA UM —
UMA HISTÓRIA DO COMANDO VERMELHO, pela Ed.
Vozes.”
A Editora Vozes pertence à
Pastoral Penal. Mera coincidência? É óbvio que não! Carlos Amorim, em seu livro, reporta-se a alguns trechos da
“preciosa obra” do líder do CV
William da Silva Lima, publicada sob os auspícios daquela Editora:
“Quando os presos políticos se beneficiaram da anistia, que marcou
o fim do Estado Novo, deixaram na cadeia presos comuns politizados,
questionadores das causas de delinqüência e conhecedores dos ideais do
socialismo. Essas pessoas, por sua
vez, de alguma forma permaneceram estudando e passando suas informações adiante
(...). Na década de 60 ainda se encontrava presos assim, que passavam de
mão em mão, entre si, artigos e livros que falavam de revolução (...). O entrosamento já era grande, e 1968 batia às portas. Repercutiam fortemente na prisão os
movimentos de massa contra a ditadura, e chegavam notícias da preparação da
luta armada. Agora, Che Guevara e Régis
Debray eram lidos. Não tardaria
contatos com grupos guerrilheiros em vias de criação.”
E
no prefácio do livro de Carlos Amorim, escrito pelo importante jornalista Jorge
Pontual, da Globonews, com o título: “Palavra
de leitor”
“O Comando Vermelho pôde parodiar impunemente as organizações de
esquerda da luta armada, seu jargão, suas táticas de guerrilha urbana, sua
rígida linha de comando. E o que é
pior: com sucesso.”
O livro de William da Silva Lima,
prócer do CV, teve, por parte do governante Brizola, pela Pastoral Penal e pela
ABI, o patrocínio de seu local de lançamento, com pompas de obra produzida por
“gênio literário”, segundo ainda nos informa Carlos Amorim:
“O livro de William da Silva Lima foi lançado no auditório da
Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no dia 05 de abril de 1991, durante
seminário sobre criminalidade dirigido pelo Instituto de Estudos de Religião,
de orientação católica. O texto
final foi copidescado por César Queiroz Benjamim, um ex-militante do Movimento
Revolucionário 8 de outubro (MR-8), que trabalhou sobre um original de mais de
quatrocentas páginas.”
Nota-se a perplexidade de Carlos
Amorim, diante das constatações que fez em sua pesquisa de doze anos, o que
torna a sua obra única no gênero. Ele
ainda afirma que:
“As palavras do Professor dão bem a ideia do quanto ele se
desenvolveu nos contatos que manteve na cadeia. Dizem que, ao contrário da maioria dos militantes da esquerda,
ele leu O CAPITAL — conhecimento que ainda hoje falta a muito comunista de
carreira.”
Com efeito, a história costuma
encaixar as ideias e fatos delas decorrentes, como num quebra-cabeça cujas
peças espalhadas custam a encontrar seu lugar no tabuleiro. Mas acabam se encaixando e formando o desenho final que fora
anteriormente determinado. Também
não foi por mero acaso que a ABI foi escolhida. É só retornar ao passado e aos idos de 1962, para constatar que
uma das brilhantes presenças no movimento que gerou a “Declaração de Goiânia” era a do ilustre Jornalista Barbosa Lima
Sobrinho. Por isso, talvez, a ABI
tenha sido escolhida como palco do CV... E o conluio do governante Brizola
e de seus sectários com o CV não terminou no lançamento apoteótico
da mais importante “obra literária” do CV. Segundo ainda informa Carlos Amorim,
outro fato surpreendente ocorreu e foi por ele assim sintetizado:
“Duas semanas após o lançamento, no dia 19 de abril, o fundador do
Comando Vermelho, com autorização do DESIPE, manteve um encontro com
jornalistas estrangeiros no Hospital Penitenciário. Esta foi a segunda vez na história do sistema penal brasileiro
que um preso comum deu entrevista coletiva à imprensa. Na noite de autógrafos na ABI, quem assinava os livros era a
mulher dele, Simone Barros Corrêa Menezes.”
Somente para aguçar a curiosidade
e a reflexão daqueles que tiverem acesso à leitura deste texto, informa ainda
Carlos Amorim a respeito desse personagem do CV, alçado à condição de “gênio literário” pelos sectários brizolistas:
“William da Silva Lima, um pernambucano de cinqüenta anos, se
considera um guerrilheiro, (...). Hoje ele está preso em BANGU I.”
Aparece também no livro de Carlos
Amorim talvez a mais impressionante revelação de William da Silva Lima, gravada
pelo Detetive de Polícia João Pereira Neto, da Divisão Antissequestro do Rio:
“William comenta que alguns intelectuais pretendiam usar o Comando
Vermelho na luta política. (...). Alguns deles, pequenos-burgueses, pretendiam usar nossas
comunidades e nossa organização com finalidades políticas. À medida que não deixamos usar, comprovamos, sem soberba, que
conseguimos aquilo que a guerrilha não conseguiu, o apoio da população carente. Vou aos morros e vejo crianças com
disposição, fumando e vendendo baseado.
Futuramente elas serão três milhões de adolescentes que matarão vocês (a
polícia) nas esquinas. Já pensou o
que serão três milhões de adolescentes e dez milhões de desempregados em armas? Quantos BANGU I, II, III, IV, V...terão que ser construídos para
encarcerar essa massa?”
O assunto é vasto, mas por agora
é o que basta!
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