terça-feira, 22 de maio de 2018

ELEIÇÕES: A IMPORTÂNCIA DO VOTO



                               


Tempo de campanha, eleições à vista, candidatos de montão jorrando charme, discursos eloquentes etc. Promessas, compromissos, andanças, corpo-a-corpo, sorrisos treinados, vestimentas estereotipadas, enfim, aí está, diante de nós, - e mais uma vez, - a famigerada campanha eleitoral (ou vale-tudo eleitoral...).
Muito bem, é assim aqui e algures, ontem e hoje, ressalvadas as diferenças culturais e as condições econômicas e políticas de cada nação. Mas, seja lá como for a dança dos votos tupiniquins, votar é bom, é a democracia funcionando, mesmo que eivada de crimes: eleitorais, passionais, de fraude, de sangue etc. Não importa, democracia compensa, e é com esse pensamento que o povo irá às urnas mais uma vez escolher novos candidatos ou reiterar antigas escolhas.
Segundo a ótica de Aristóteles, para a política alcançar a felicidade é indispensável existir a pólis. Mas, qual é a nossa “pólis”? São as favelas transformadas em cidadelas por traficantes-burgomestres, mandatários absolutos desses locais? São as periferias distantes, abandonadas e esburacadas? São os bairros aristocráticos?... Como prover politicamente um estado de felicidade para todos num estamento marcado por tantos abismos sociais?...
No Brasil o voto é imposição astutamente eternizada por políticos autodenominados democratas, mas que, na verdade, não passam de herdeiros bastardos de tempos sombrios, coloniais, imperiais etc. Mas... teriam sido tão sombrios como os atuais tempos?... Ah, difícil saber qual tempo terá sido pior! De minha parte, creio que os militares, embora arrogantes no exercício do poder, foram mais honestos e francos que esses “democratas” que vêm ao longo das últimas décadas gerenciando o Brasil. Mas a mídia, em nome de uma discutível liberdade (mais parece libertinagem), situa-se em postura “de esquerda” defendendo os “democratas” e atacando seus contrários, quando deveria ser isenta ao noticiar fatos para a sociedade, ou seja, sem interferir na mente das pessoas por meio de matérias propagadoras de ambiguidades, aproveitando-se da ignorância até de letrados.
Afinal, um dos pressupostos da democracia, desde Péricles, é a irrestrita obediência de todos às leis promulgadas por vontade popular. Antes, nascida na Ágora (praça), a lei era determinante dos comportamentos particulares e públicos. Deste modo, o Estado deveria primeiramente acatá-la, para depois cobrá-la dos cidadãos. Mas não é bem assim na prática, o Estado é useiro e vezeiro em descumprir leis. É, na verdade, um déspota-ladrão a serviço de burocratas (eleitos pelo povo ou comissionados em cargos públicos) e/ou efetivos (burocratas eternizados por via de concursos públicos). Ou ainda: é o Estado servindo-se dos burocratas, e vice-versa, como se vida própria tivesse e não existisse povo a ser servido. Eis o Leviatã do mal!... Na verdade, o Estado é o que Erich Fromm há mais de três décadas denominava como “megamáquina” a serviço da destruição, sob o pretexto de formar um novo mundo usando a natureza como “matéria-prima”.
E assim, desviados de rumo, chegamos aos poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário), estes que deveriam primar pela independência de suas relações, tendo como base os paradigmas legais; mas, em contrário, vivem em conluio e/ou conflitos conforme seus interesses imediatos, muitos deles inconfessos, colocando-se acima das leis e dos direitos dos cidadãos. Com efeito, atropelam-se entre si e não atendem nem mesmo aos próprios burocratas que dão vida às suas estruturas, e cuja “competência” é simbolizada por uniformes e títulos associados a seus desmedidos poderes: eis a legalidade do “ter” em contraposição à legitimidade do “ser”. Sim, é curioso ver o Estado, entidade virtual, ganhar vida e impor-se aos burocratas que o integram, deturpando, por meio destes, as leis que ele, Estado, deveria defender. Ora, toda essa anomia culmina sempre e invariavelmente em prejuízo de quem cumpre as leis no ferrão: o povoléu.
Uma das formas mais aberrantes de descumprimento de leis é o que se conhece como “embargo de gaveta”, ou seja, os burocratas, na impossibilidade de negar direitos, evitam dá-los não despachando seus processos geradores. No âmbito administrativo isto se tornou tragédia e vem causando transtornos vários à democracia. São os próprios burocratas negando direitos a todos e até a seus iguais, também burocratas, formando um círculo vicioso cujo efeito é a inércia dos atingidos pela injustiça, ou a revolta deles contra tudo e todos. Afinal, alguém deve pagar a conta segundo o ideário popular de que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. E os fracos, exauridos, entregam-se ao conformismo, não tendo como nem em quem descontar.
Eis apenas um exemplo de como a democracia e seus pilares ruem em virtude da anomia conscientemente adotada (em ação ou omissão) por aqueles que deveriam primar pelo fiel cumprimento da lei, cobrando dos cidadãos obediência a ela, mas, especialmente, cobrando-se a si, o que não ocorre! Eis, sem embargo, o mau exemplo brasileiro abrangendo os três níveis da administração pública (União, Estados e Municípios), que não se respeitam entre si nem respeitam os cidadãos! Sim, ninguém respeita nada e ninguém: é a anomia no seu máximo!
Tudo isso pode parecer bobagem, talvez lugar-comum ignorado de imediato pelos que começaram a ler este texto, e, com desinteresse, interromperam a leitura. Mas, se os que o leram até aqui bem refletirem verão que são autores e/ou vítimas voluntárias ou involuntárias desse processo tendente a piorar e vencer gerações, para desalento nosso e dos que nem ainda nasceram. Na verdade, caminhamos a passos largos para a catástrofe (natural e social).
Será que vale a pena lutar contra isso? Ou tudo está bem?... Ah, que cada um decida e traduza a sua decisão no momento do voto, lembrando, principalmente, se apenas ouviu de longe os discursos dos candidatos ou se teve alguma chance de pessoalmente questioná-los para inferir conclusões a justificarem a qualidade de sua escolha. Quanto a mim, vou insistir no voto refletido, mesmo que para me arrepender mais uma vez. Tudo bem, um dia eu acerto, a democracia compensa, e o Estado e seus burocratas hão de novamente tornar-se respeitadores das leis e fiéis servidores do povo. Por derradeiro, sugiro: cuidado com a mídia envenenada e envenenadora das mentes ignaras!


Um comentário:

Inconfomado disse...

Não acredito em urnas eletrônicas