sábado, 9 de setembro de 2017

A GUERRA NO RIO - A lógica do militarismo na PMERJ (ou a falta dela)



 “O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)



Por conta de crises econômicas, financeiras e morais internas e externas a PMERJ enfrenta, cabisbaixa, o ocaso institucional. Mais grave é que a passividade impera também no âmbito administrativo que sustenta a operacionalidade, porque este âmbito administrativo desde alguns anos vem discriminando no outro (operacional) o militarismo essencial ao desenvolvimento da corporação como estrutura pautada pela hierarquia e disciplina.
Ao passar pelas ruas cariocas e fluminenses (separo de propósito para lembrar que a PMRJ e a PMEG jamais se uniram numa só estrutura, a não ser por conta de uma legalidade ditatorial sem legitimidade) as passar pelas ruas cariocas e fluminenses o cidadão vê com naturalidade uma dupla de “cosme e damião” formada de diversas maneiras, que lembram o “Belchior” do conto machadiano “ideias de Canário” das “tampas sem panelas e das panelas sem tampas”: é subtenente com cabo, é sargento com sargento, é sargento com cabo, é cabo com soldado, é subtenente com subtenente, e em algumas situações há até oficiais ombreando praças.
Deste modo avesso aos paradigmas militares outrora concebidos por mentes importantes em vista de guerras nas quais a hierarquia e a disciplina conscientes são vitais, a PMERJ inova em teimosia o seu policiamento. E mais ainda inovou e insiste em errar ao manter as UPPs, modelo concentrador de tropa tão defeituoso quanto o que se vê nas ruas.
Há uma máxima estrutural, atribuída a Louis Sullivan, que diz que a “forma deve seguir a função”. Sob o manto deste argumento simples, que, em síntese, significa que a estrutura (eficiência) de uma organização deve seguir os seus objetivos para alcançá-los de maneira ótima (eficácia ou efetividade, dependendo do autor considerado), poderíamos até admitir uma teratogênese estrutural nos meandros da PMERJ. Ocorre, porém, que numa avaliação de resultados somos obrigados a concluir que a corporação está longe de ser eficiente e eficaz em todos os seus aspectos internos e externos. Mais parece uma bolha de sabão exposta aos azares do vento e dos espinhos arbóreos.
A “ciclotimia decisorial” se sobrepõe à lógica do que se poderia dizer simples. Porque a corporação se rende aos políticos e insiste num modelo estrutural complexo, ou melhor, ininteligível sob a ótica da Doutrina de Emprego nas Seguranças Individual e Comunitária que fundamentam a Segurança Pública. Daí passar a ser normal a anormalidade estrutural, claro que com reflexos negativos na seletividade do uso da força ante uma criminalidade armada para a guerra e autista em relação às leis criminais vigentes. Prova disso mais contundente é o somatório de assassinatos de PMs nos últimos anos, bastando somar o que ocorreu de 1994 para cá, segundo dados publicados pelo jornal EXTRA de 27 de agosto de 2017 (3334 PMs mortos). Afinal, será que ninguém é responsável por isto? Continuará assim até quando?... A QUEM ESSE GENOCÍDIO INTERESSA?



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