terça-feira, 23 de maio de 2017

RIO VIOLENTO — FRACASSO DAS UPPs — A FRATURA ESTÁ EXPOSTA E O SISTEMA SITUACIONAL INSISTE NO ESPARADRAPO COMO REMÉDIO



“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)


MEU COMENTÁRIO

Não por acaso, – embora o foco maior seja a audácia dos traficantes do Morro da Providência (onde há também UPP), como retrata a matéria, – lá está no rodapé mais um confronto no Complexo do Alemão a pôr em dúvida o anúncio de que a PMERJ instalará mais torres de vigília ao modo panóptico, como se o estático olhar direcionado ao tortuoso ambiente específico, – que poderia ser por meio de algo mais dinâmico e imprevisível aos bandidos, por meio de drones, – como se olhar a partir de pontos estáticos fosse resolver um problema que demandaria muito mais que isto e não exatamente isto.
 




Essa insistência em se concentrar no erro do efetivo massificado, em vez de ocupar maximamente o ambiente geral, produz esses vazios que, paradoxalmente, tornam vulneráveis locais de onde deveriam sair a solução do controle do banditismo com mão de ferro e meios capazes de inibir a audácia deles. Ora, que mais falar diante desta evidência de fracasso total? E não se trata de fracasso somente do sistema PMERJ, mas do sistema de segurança pública no geral, incluindo organismos militares e policiais federais, todos unidos em cegueira deliberada não se sabe até quando.
Porque hoje o que resta para provar a má política de segurança pública, além da morte sistemática de PMs, é a desmoralização de todo os sistema, o que não é privilégio somente do RJ, mas de todos os Estados-membros pátrios e da União enquanto entidade maior e responsável pelo todo, porém alheia à crescente criminalidade, limitando-se a apresentar resultados nefastos que já ocorreram e nada de previsão e de ação no sentido de atalhá-los em prevenção ou em repressão eficiente e eficaz.
Enquanto isso, os estudiosos de áreas afins universitárias permanecem em seus inócuos discursos ideológicos marxistas-leninistas, com a maioria deles querendo ver o circo pegar fogo. Do mesmo modo se comporta uma imprensa que noticia o caos, mas não cobra soluções compatíveis com a realidade do grave problema de ordem pública, porque teria de abandonar o discurso “pacifista” ajustado à mesma ideologia supracitada – o esparadrapo na fratura exposta –, o que jamais o fará.
Num momento de gravidade política, a bandidagem, que não é burra, que tem dinheiro a rodo e que está organizada bem mais que o sistema situacional estatal, prova a sua superioridade afrontando-o e confirmando que o ambiente social brasileiro pertence ao Poder Marginal.
A questão é quando, onde e como o Estado e a Sociedade reagirão à altura do problema. Na verdade, eu acho que nunca, pois se trata de um Estado corrompido em todos os sentidos, intervencionista ao extremo, tendo como cliente uma conformada Sociedade que não sabe como fazer valer seus valores, eis que na prática abalroados pelo Poder Marginal, especialmente o do tráfico de drogas e suas poderosas facções.

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