sexta-feira, 10 de julho de 2015

RIO EM GUERRA CII

 Retrospecto das UPPs II

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Alb’ert Einstein)


"Do G1 Rio, em 10/07/2015 06h26 - Atualizado em 10/07/2015 07h40

'A vida da minha filha foi destruída', diz viúva de PM morto em UPP no Rio

Filha de policial pediu para comemorar aniversário em cemitério.

Comissão atende psicologicamente feridos e famílias de mortos.

Henrique Coelho


Filha de capitão de UPP morto fez desenho mostrando enterro do pai( Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)

“A vida da minha filha foi destruída”, afirma Bianca Silva, viúva do capitão Uanderson Manoel  da Silva, comandante da UPP Nova Brasília, no conjunto de favelas do Alemão, morto em setembro de 2014. A morte do pai afetou muito a vida de Maria Beatriz da Silva, hoje com oito anos. A menina é uma das muitas pessoas que sofrem para superar o trauma de ter perdido ou ter algum parente policial ferido em áreas de UPP.

O G1 iniciou nesta quinta-feira (9) uma série de três reportagens para contar a história dos policiais que morreram dentro de comunidades que contam com a presença de UPPs no Rio.

"Ela tem passado por psicólogos, mas não melhora. Me bate, me morde, surta e depois chora muito, arrependida. Estou muito nervosa", relata. Bianca diz que a filha, de acordo com psicólogos, desenvolveu transtorno opositor desafiador. "Ela tem dificuldade para aceitar ordens, e diz que morre de medo que eu morra", conta.

As lembranças do dia do enterro foram traduzidas num desenho (confira acima), e ainda emocionam Bianca."No dia do enterro, ela pedia: levanta, papai, levanta!", conta ela. Em outubro do ano passado, pouco mais de um mês depois da morte de Uanderson, Maria Beatriz não quis saber de comemorar o aniversário com festa e presentes. O endereço da comemoração foi o Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.

'Ela fez questão de ir para o cemitério. As velas do bolo foram apagadas em cima do caixão do pai", conta Bianca.

A Divisão de Homicídios investiga a possibilidade, dada como “quase certa” internamente, de o tiro fatal ter sido disparado por um policial da própria equipe comandada por Uanderson Manuel da Silva. Os resultados dos laudos devem ser apresentados juntamente com os casos de Elizabeth Alves e Eduardo de Jesus, que morreram nos dias 1 e 2 de abril no morro do Alemão.

Acompanhamento

Maria Rosalina, de 74 anos, mãe da soldado da UPP Parque Proletário Alda Rafael Castilho, morta em fevereiro de 2014, afirma que não recebeu ajuda da PM após a morte da filha.

Uanderson foi o primeiro comandante de UPP a morrer no Rio (Foto: Arquivo Pessoal)

"Tenho acompanhamento de psicólogo porque meu patrão me paga", diz a empregada doméstica. "Eu tinha muito medo, mas ela nunca teve. No dia em que ela morreu, ela me disse quando chegou na base: 'Estou aqui, um beijo'. E nunca mais falei com ela", lembra ela, emocionada.

De acordo com o boletim disciplinar interno do dia 19 de março de 2014, Alda Rafael Castilho e Marcelo Gilliard da Silva Miranda foram atingidos por disparos de arma de fogo que atingiram o container 1 da UPP. No mesmo confronto, dois moradores ficaram feridos.

Tanto Maria Rosalina quanto Bianca receberam assistência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, presidida por Marcelo Freixo (PSOL).

"Querem colocar os direitos humanos contra a atividade policial, e não é esse o objetivo. [O objetivo] É garantir que o direito de todos, inclusive dos policiais, seja respeitado. Se o policial fizer bem o seu trabalho, tem de ser aplaudido. Se fizer mal ou cometer algum desvio de conduta, ele tem de ser afastado, e caso seja condenado, preso", afirmou o deputado.


Tatuagem relembra data em que PM foi baleado (Foto: Peterson Alves/Arquivo Pessoal)

'Estou vivo por milagre'

Peterson Alves, policial da UPP Camarista Méier, morava perto do local de trabalho. Ele estava entrando em uma farmácia para comprar um remédio para a filha quando foi surpreendido por criminosos.

"Levei um tiro no tórax. No hospital, soube que tinha perdido um pedaço do fígado e rasgado o estômago e perfurado meu peito saindo atrás do braço esquerdo. Por incrível que pareça não perdi o movimento do braço", relata ele, que fez uma tatuagem para relembrar o dia em que "renasceu" para a profissão: 18 de julho de 2014.

Poucos dias antes, Anderson Carolino, ex-UPP Jacarezinho, estava próximo à sede da unidade quando levou uma pancada na parte de trás de seu carro. Ao sair do veículo, levou um tiro no abdome que o fez ser internado no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Central da Polícia Militar. "Tive seis órgãos afetados. Tirei baço e vesícula, e por ter ficado sem me alimentar por três meses, emagreci 20 quilos. Tendo perdido tantos amigos e passando por tantas privações, foi difícil. Estou vivo por milagre", conta. Até a publicação desta reportagem, Carolino ainda não havia voltado a atuar como policial militar.



Comissão atende familiares e feridos

A Comissão de Atendimento a Policiais Feridos das UPPs recebeu, em 2014, pelo menos 90 casos de policiais feridos e mortos, 40 deles apenas entre a criação do projeto, em setembro, e dezembro de 2014. Pelo menos 30 destes 90 casos foram referentes ao Alemão.

Segundo os dados da comissão, foram atendidos 23 policiais por disparos de arma de fogo em março de 2015. Três das sete mortes em unidades de polícia pacificadora em 2015 ocorreram entre os dias 6 e 14 de março.


Peterson e Carolino foram apenas dois dos casos atendidos pela equipe formada por seis policiais, formados em psicologia ou serviço social. Segundo os próprios integrantes da comissão, os trabalhos são focados em um olhar mais social e mais crítico com relação à instituição e ao trabalho dos policiais.

"O paradigma da violência é muito difícil de tirar da cabeça da sociedade, até porque o policial reflete a sociedade que o rodeia. É difícil você manter a serenidade em uma área conflagrada", explica Francisco Guimarães, psicólogo de 32 anos, que trabalhou por quatro anos na UPP Vila Cruzeiro.

Entre as maiores dificuldades, segundo a assistente social Pamela Themudo, estão os gastos mais contidos devido à crise orçamentária no estado, além do componente emocional. “Temos que tentar não nos apegar, porque senão não trabalhamos direito. Mas nosso trabalho é desenvolver a empatia, apesar das dificuldades dentro da corporação”, avalia ela, antes de atender à mais uma ligação da família de um policial ferido.

MEU COMENTÁRIO

Esta é a segunda matéria da lavra do jornalista Henrique Coelho, de forte apelo emocional, porém maculada pela estupidez dum deputado estadual que se enfiou no assunto para desmerecer mais uma vez a corporação PM, mesmo quando se trata da morte por assassinato em tocaia de vários PMs de UPPs, sem destaque de posto ou graduação, isto é irrelevante no meu modo de ver, o importante é lembrar que foram mortos por traficantes em locais "pacificados" por UPPs...

Mas o estúpido parlamentar, - em vez de se limitar a dizer que “assiste” as famílias dos PMs assassinados (não sei como ele o faz, creio que isto não passe de cascata), o estúpido parlamentar insere na matéria sua maliciosa insinuação, para ser coerente com a sua verdadeira causa, que é a de menoscabar a PMERJ sempre que possa:

(“Tanto Maria Rosalina quanto Bianca receberam assistência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, presidida por Marcelo Freixo (PSOL).

"Querem colocar os direitos humanos contra a atividade policial, e não é esse o objetivo. [O objetivo] É garantir que o direito de todos, inclusive dos policiais, seja respeitado. Se o policial fizer bem o seu trabalho, tem de ser aplaudido. Se fizer mal ou cometer algum desvio de conduta, ele tem de ser afastado, e caso seja condenado, preso", afirmou o deputado.)

Não vou comentar sobre as estatísticas nem sobre a natural indignação dos familiares dos companheiros assassinados. Esse deputado do PSOL esgotou minha inspiração com suas declarações enviesadas, como sempre faz, aliás. Prendo-me então a ele para dizer que lamento viver numa sociedade destinada a aplaudir personagens como esse deputado estadual, que lembra a figura de um abutre a se deliciar de corpos humanos como se fora carniça. 

Ah, ele não me engana a mim, e é o que me basta em vista desta segunda matéria de uma sequência de três, segundo nos informa o Jornal! Lamento também pela fraqueza ou má intenção do jornalista ao forçar a demonstração do lado ruim da corporação (como se todos da mídia e da política fossem santos) em meio a assunto tão trágico para a Família PM. Espero, porém, que ele mude o seu tom ambíguo no próximo capítulo...



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