segunda-feira, 18 de maio de 2015

RIO EM GUERRA LXX

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

O DIA ONLINE

17/05/2015 11:56:53 - Atualizada às 17/05/2015 12:10:51

'Não quero que ele vire estatística', diz irmão de comerciante morto

Filhas presenciaram a cena e perguntam constantemente pelo pai. Segundo morador, UPP não tem diálogo

CARMEN LUCIA E MARCELLO VICTOR

Rio - O irmão do comerciante Alexandre Cavalcante de Oliveira, de 36 anos, morto por um tiro de fuzil na cabeça quando saía de casa no Morro dos Telégrafos, na Mangueira, na noite deste sábado, contou que policiais demoraram duas horas para levá-lo para o hospital, que ele chegou com vida, mas não resistiu. Alexandre foi morto durante uma suposta troca de tiros entre policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Mangueira e traficantes.


"Acabaram com a nossa família. Mataram um pai de família, de cinco filhos, que era trabalhador, casado há dez anos. A PM disse que houve uma tentativa de invasão de traficantes. Mas, a comunidade não está pacificada? Como tem isso? O que sei é que meu irmão está morto. Eu só peço que ele não vire estatística", disse Arídio, de 38.

"Meu irmão era um pai amoroso", contou Arídio. "Ele desejava muito ver a filha nascer", completou. A mulher de Alexandre está grávida de oito meses.

Segundo Arídio, as filhas de Alexandre, uma de 6 e a outra de 13, presenciaram a confusão. "Elas perguntam constantemente pelo pai".

Ele não sabe dizer se a mãe das meninas já contou sobre a morte, já que ainda encontra-se em estado de choque. A filha mais velha do casal faz aniversário neste domingo.

Arídio ressaltou que não há possibilidade de a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) ter boas relações com a comunidade. "A UPP não tem diálogo com a comunidade, não tem um projeto social", criticou.
Arídio e Alexandre eram sócios em uma lanhouse próximo a localidade conhecida como Buraco Quente, na parte baixa da Mangueira. A vítima tinha se despedido das filhas e saía de casa para render o irmão no negócio quando foi baleado na cabeça, por volta das 21h.
De acordo com informações da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), foi aberto um inquérito para investigar a morte de Alexandre. As armas dos PMs foram apreendidas para perícia. Testemunhas e policiais militares foram ouvidos no inquérito.


Irmão disse que policiais só socorreram Alexandre cerca de duas horas após ele ser ferido
Foto:  Estefan Radovicz / Agência O Dia

Guerra em comunidades com UPP já tem 14 mortos

A morte do comerciante Alexandre Cavalcante de Oliveira aumenta a estatística de mortos em morros com Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) em nove dias no Rio. Na tentativa de invasão de traficantes do Morro da Fallet ao Morro da Coroa, ambos no Complexo de Santa Teresa, na região central do Rio, e no complexo do São Carlos, no Estácio, o número de mortos chegou a 14 até sexta-feira. Entre as vítimas fatais que seriam inocentes estão um rapper e dois mototaxistas, além de outras seis pessoas baleadas.

Nesta sexta-feira, dois ônibus foram incendiados no Estácio e no Rio Comprido, em protesto pela morte dos dois mototaxistas. Os corpos foram encontrados no alto do Morro de São Carlos. Familiares deles acusam PMs do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) pelos crimes, em resposta a um policial da unidade ter sido baleado durante uma operação no dia anterior. O clima ficou tenso na região durante todo o dia.

No Complexo de Santa Teresa, no dia 8, três homens foram mortos na invasão de bandidos da Fallet a Coroa. Na intensa troca de tiros uma grávida foi baleada no Morro da Mineira e três adolescentes, em um campo de futebol no acesso ao Fallet. No último domingo, Dia das Mães, o rapper Diego Rodrigues, de 20 anos, conhecido como 'Di Cria Luniere', foi assassinado no Morro da Coroa. Ele tinha ido visitar o pai na comunidade e teria sido ferido por uma bala perdida.”

G1 Rio

16.05.2015

Três favelas ocupadas têm registro de tiroteio.


16/05/2015 19h10 - Atualizado em 16/05/2015 19h26

Parentes e amigos voltam a acusar PM em enterro de mototaxistas no Rio

Colegas entraram no cemitério pilotando suas motos em homenagem.

Em seis dias, 12 pessoas morreram em tiroteios em favelas do Centro.


Dor e revolta marcaram o enterro dos dois mototaxistas mortos no Morro do São Carlos, no Cemitério do Catumbi, na região central do Rio, na tarde deste sábado (16). Parentes e amigos de Ramon Moura, de 22 anos, e Rodrigo Lourenço, de 29, voltaram a acusar policiais militares pelos homicídios.

Uma faixa na porta do cemitério homenageava Rodrigo, morto com quatro tiros na cabeça. Moradores encontraram o corpo num matagal no alto do São Carlos. No mesmo lugar estava o corpo de Ramon, também foi assassinado a tiros.

"A primeira impressão que nós tivemos era que tinha sido a facadas. A perícia constatou que meu filho tinha quatro tiros na cabeça. Meu filho foi executado, os moradores todos sabem que o Bope é que estava no morro", lamentou a mãe de um deles, que não quis se identificar. "Todos os dois estavam trabalhando. E agora eu quero justiça".

O enterro lotou o cemitério. Muitos colegas de trabalho usavam camisetas com a foto deles. Em outra homenagem, dezenas de motoqueiros entraram no cemitério, pilotando as motos.

Na saída, houve novo protesto. Um grupo de moradores das comunidades e de parentes dos mortos foi até a frente do Palácio Guanabara, sede do governo, em Laranjeiras. A Rua Pinheiro Machado chegou a ficar fechada por 10 minutos. De lá seguiram para o Largo do Estácio, onde a manifestação continuou.

"A comunidade está em luto. Pode subir na comunidade que você vai ver é faixa preta para todos os lados. Eu quero a resposta da nossa Justiça e que eles saibam de uma coisa: no morro, nas comunidades, mora muita gente de bem", desabafou a mãe de um dos mortos.

Quero a resposta da nossa Justiça e que eles saibam de uma coisa: no morro, nas comunidades, mora muita gente de bem", mãe de um dos mortos

Desde o dia 9, pelo menos 12 pessoas morreram em tiroteios nas comunidades vizinhas do São Carlos, Fallet e Coroa. O policiamento foi reforçado após moradores voltarem a protestar no Catumbi, que dá acesso ao São Carlos. Segundo a Unidade Polícia Pacificadora (UPP), o Batalhão de Choque e o de Operações Policias Especiais (Bope), além de agentes de outras UPPs da região, ficarão no local por tempo indeterminado.

Moradores do Morro de São Carlos interditaram, nesta sexta, o tráfego Largo do Estácio, que dá acesso ao morro, por cerca de meia hora. O Batalhão de Choque da Polícia Militar foi chamado para dispersar o protesto e houve confronto no local. Os policiais usaram bombas de efeito moral contra os manifestantes, que arremessaram pedras.

Semana sangrenta

Além de Ramon e Rodrigo, outras 10 pessoas morreram na região desde o dia 9. Na quinta-feira (14), um homem identificado como Ysmailon da Luz Alves Santos, de 21 anos, morreu baleado no tórax. Na comunidade do Querosene, no São Carlos, um menor de 15 anos, João Vitor Gomes, também foi morto.

Segundo a polícia, agentes do Bope faziam um patrulhamento de rotina quando foram recebidos a tiros. Os policiais envolvidos na ação foram ouvidos e as armas, apreendidas.

Terça-feira: 2 mortes

Outro tiroteio na noite de terça-feira (12) deixou mais dois mortos no Morro da Coroa, no Catumbi. De acordo com informações da Delegacia de Homicídios (DH/Capital), as investigações estão em andamento para apurar as circunstâncias da morte de Geraldo Martiniano da Silva, de 44 anos, e Luan Rodrigues de Sousa Gama, de 20 anos.

Domingo: 2 mortes

Um novo tiroteio deixou mais duas pessoas mortas na manhã de domingo (10). O rapper Diego Luniére, de 22 anos, morreu após ser baleado no pescoço. Ele estava na comunidade para visitar o pai. Um outro homem, identificado como José Roberto Viana Porto Junior, foi baleado no olho e também morreu.

Sexta-feira: 4 mortes

Na noite da sexta-feira (8), criminosos do Morro da Fallet, em Santa Teresa, tentaram invadir o Morro da Coroa. Os dois morros têm UPPs, mas a presença dos militares não intimidou os criminosos, que iniciaram uma intensa troca de tiros. Quatro pessoas morreram. Três deles tinham passagens pela polícia: Leonardo Silva de Castro, Rodrigo da Silva e Daniel Lima. Jonathan Carosos também morreu e seis pessoas ficaram feridas.

UPP desde 2011

Os morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro, todos na região de Santa Teresa, têm uma Unidade de Polícia Pacificadora desde fevereiro de 2011, com sede na Rua Navarro. A Polícia Militar informou que o policiamento na região foi reforçado.”

“G1 Rio

17/05/2015 10h14 - Atualizado em 17/05/2015 10h45

PM morre após ser baleado ao sair de casa em São Gonçalo, no RJ

Policial militar era lotado no 12° BPM (Niterói).

Não há informações sobre a motivação do crime.


Um policial militar do 12° BPM (Niterói) morreu após ser baleado por volta de 7h deste domingo (17) ao sair de casa no bairro Porto da Pedra, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. A informação é da Polícia Militar.

Ainda de acordo com a PM, o cabo Luiz Carlos Barbosa de Lima Júnior chegou a ser socorrido e levado para o pronto socorro de São Gonçalo. Não há informações sobre a motivação do crime.”


MEU COMENTÁRIO

Inicio pelo fim...

Morre mais um PM, assassinado ao sair de casa, em São Gonçalo. É ínfima a notícia, sem qualquer condimento. Notícia seca de explicações, morte de PM não interessa, é como o cachorro morder a perna do transeunte... Para a imprensa interessa o transeunte mordendo a perna do cachorro. E assim continuará sendo, a fila dos jovens desesperados anda e não esvaziará jamais neste país  a mais e mais populoso e sem oportunidade, nem de estudo nem de trabalho.

Mas as notícias seguem em “suíte”. São do Jornal O DIA e do G1 (Globo). As localidades onde se enfileiraram as mortes de civis possuem UPPs. Temos nesta semana ocorrências de sangue nas favelas de São Carlos, Coroa, Fallet, Mangueira, Rocinha e Maré, todas ocupadas com forças de pacificação.

Deduz-se, pois, que não há nenhuma pacificação, e que as UPPs estão a lembrar modelo semelhante de policiamento: os PPCs (Postos de Policiamento Comunitário) que funcionavam em muitas favelas e suas periferias. Foram em sua maioria desativados por não oferecerem segurança nem mesmo aos PMs que neles atuavam como “polícia de proximidade” ou polícia de “integração comunitária”, chavão requentado sob nova nomenclatura.

Sim, há pouca ou nenhuma diferença entre PPC e UPP. Na verdade, é o mesmo que seis ou meia dúzia, uma questão de sigla, só que a primeira existia durante a ditadura e não serviria aos propósitos atuais de “inovação democrática”...

O problema é que o romântico “dono do morro”, – fruto de cultura anterior, que de romântica nada tinha a não ser a referência na música de Moreira da Silva, o “Kid Morengueira”, –  o “dono do morro” deu lugar ao cruel traficante-mor e suas quadrilhas armadas até os dentes dominando praticamente todas as favelas do RJ e não apenas as da capital. Incluindo-se a periferia delas, já no asfalto, onde queimam os ônibus e fecham as ruas protesto popular, tudo a mando do tráfico.

Mas como os grandes jornais, embora distribuídos em todas as bancas nos municípios do RJ, não cobrem ocorrências policiais fora da capital, a não ser as de grande porte ou que desmereça a PM, sempre a “Geni” da história, a população recebe somente fragmentos de um problema muito mais grave em extensão e profundidade.

Sim a criminalidade é global, é sistema atuante no ambiente geral do RJ, com seus subsistemas conectados em tudo que é canto, tendo como aglutinador a venda de drogas. A PMERJ é apenas um dos susbsistemas do sistema de segurança pública, praticamente sozinha neste contexto de reação ao tráfico numa situação onde a seletividade do uso da força nem tem tempo de ocupar a mesa do Estado-Maior, as prioridades vêm de fora, dos políticos, que usam e abusam da corporação sem qualquer preocupação com o seu destino. Sim, é impressionante como a PMERJ se dobra e se desdobra em muitas tropas de “reforço ao Policiamento” enquanto ocupa mais favelas já sabendo que o resultado será o de sempre, este que se lê aqui: vítimas faveladas e PMs mortos nas favelas ou saindo da casa ao quartel ou no seu retorno ao lar.

Já a Polícia Civil se mantém coerente com a sua cautela sempre redobrada, instaurando inquérito policial como resposta aos azares, recolhendo armas de PM à perícia, notícia que necessariamente se repete e atende aos clamores midiáticos. Enquanto isso, as famílias enlutadas clamam por “justiça”, assim repisando o cansativo clamor das esquerdas em vista de algo impossível, não há justiça neste país desde muito tempo. Afinal, os sistemas são feitos de gentes finas e rotas: os primeiros precocemente se assentam na justiça, com pompas de sapiência universitária e de sobrenomes, e os segundos são enterrados precocemente, quase que como no tempo do vai-volta e da cova coletiva.

E a sociedade? Que acha disso?...

Ora, a sociedade é indiferente, consumista, hábil na ladroagem e no jeitinho, crente na fórmula do “sabe com quem ta falando?”. A sociedade, enfim, é alienada e drogada. Daí se comportar como estrela de primeira grandeza o asseado e sorridente traficante Beira-Mar, sentado diante de um Juiz, de pé e togado, lendo uma sentença sem efeito prático, por isso se sentindo menor, até porque sabe que é exceção, o vilão da história numa sociedade em que o herói é o traficante que sustenta muitos narizes chiques. E para os narizes e pulmões pobres, que venham a maconha e o crack garantindo o lucro astronômico do tráfico, com boa parte deste lucro destinado às elites mandatárias que fingem asseio, mas são mais apodrecidas que os facínoras-empresários que comandam o espetáculo do narcotráfico no Brasil, tendo o mundo como manancial. E o resto é a consequência do sangue derramado em ruas poeirentas ou enlameadas, ou em esgotos a céu aberto nas favelas planas, ou em arbustos de ervas daninhas que insistem em sobreviver nos abismos e encostas dos morros favelados. E nem mais se pergunta: “Até quando?...”

Um comentário:

Anônimo disse...

Não há um estadista sequer de culhão para apenas declarar que o estado do Rio de Janeiro necessita ser imposto um estado de exceção para extirpar o tráfico belicoso de nossos limites territoriais e devolver ao Estado o controle territorial.
Já somos pior que uma Colômbia pois ao menos a guerrilha tem seu ponto forte de presença nos rincões distantes no interior das selvas ou zonas rurais.
Aqui, o tráfico belicoso permeia entre a população civil.
Já não espero mais por dias melhores; atuo na privação de liberdade de menores infratores e vejo que o melhor é trocar de carreira o quanto antes a fim de que não me torne também só mais um número frio nas estatísticas.