terça-feira, 28 de abril de 2015

RIO EM GUERRA LXII


”Cortando na própria carne – Afastamento sumário”

 

Com o título acima, deveras escandaloso, o jornal O GLOBO do dia 27 de maio de 2015, domingo, dedica página inteira às UPPs em nítida cobrança à PMERJ. O foco da crítica, todavia, não apresenta nenhuma novidade, nada. Apenas estimula a volúpia do sistema punitivo da corporação, que logo aceita as pressões direcionadas à retaliação disciplinar sem medir o impacto de tal submissão no contexto interno.

Sim, infelizmente a corporação faz coro com o discurso midiático e acadêmico, - não importando se utópico ou meramente ideológico, - no sentido de que a PMERJ precisa “cortar na própria carne”, clichê bolorento de tão antigo. Daí é que se sabe, de antemão, que tudo permanecerá como “dantes no quartel de Abrantes”, pois a massa humana que veste a farda azul não difere da que representa a sociedade brasileira da qual é parte.

Sim, sim, é tudo farinha do mesmo saco, o que permite supor que nada se alterará por esse tortuoso caminho punitivo em que o PM por ele envereda já sabedor da forte possibilidade do seu descarte por qualquer motivo, desde que seja conveniente ao andar de cima “salvar a própria pele” enquanto “corta a carne” do andar de baixo. Por isso o PM, antigo ou novato, segue em sua caminhada pensando primeiramente “salvar a própria pátria”, porque nele aflora a mesmíssima cultura da sociedade brasileira, que é corrupta dos pés à cabeça, sem exceção de qualquer dos seus segmentos...

É impressionante a matéria, que repisa em caradura temas cansativos, como o índice de excluídos da corporação, esta que, aliás, parece se ufanar disso, não lhe havendo espaço para sugerir um programa de Desenvolvimento Organizacional voltado para o incentivo ao desempenho, tendo o homem como basicamente bom e capaz de se voltar para o Bem em detrimento do Mal.

Não! Não!... Considerar o homem fundamentalmente mau é preciso! Daí a matéria receber o aval da corporação, embora seja de um dano ponderável a ser debitado ao desânimo corporativo no seu pior sentido, A tal ponto que seus articulistas insistem em insinuar que os antigos “são viciados”, sem explicar o porquê de muitos novos também o serem, como se tudo se resumisse ao ser humano vestir farda para ser considerado ruim, como se antes de ser PM ele não existisse nesta mesma sociedade a mais e mais apodrecida.

Chega a ser hilariante, portanto, aventar uma “polícia de proximidade” em favelas apinhadas de facínoras armados de fuzis. Ora, isto é autêntica utopia em se tratando de Brasil e de RJ. Melhor seria encarar a realidade, o que a PMERJ insiste em não ver desde os tempos brizolistas, não é coisa de agora. E a realidade é a do confronto, que, para não ocorrer, depende também de convencer os bandidos homiziados em favelas e traficando drogas, negócio que rende milhões e não corrompe apenas a PM, como insiste a mídia em má intenção, no que é seguida por alguns acadêmicos que fazem o mesmo jogo de cartas marcadas.

Confesso que desconfio qual seja a intenção embutida nesta matéria de página inteira que ainda se desdobra num editorial (opinião do Jornal) em 28 do corrente, terça-feira, desta feita generalizando logo no título a ideia de que “Desvios de conduta têm de ser combatidos em toda a PM”. E sugere a “depuração” da corporação como se fosse o Jornal O GLOBO feito de deuses acima do bem e do mal.

Esta conduta indica ser o Jornal O GLOBO o mandatário da PMERJ, de tal maneira que se permite interferir nos assuntos internos em vez de se limitar a noticiar sobre a corporação com  a isenção devida. Bem, todo esse interesse só pode ter uma motivação predominante: as Olimpíadas de 2016. Até lá o Sistema GLOBO dependerá dos serviços diretos e indiretos da briosa, senão seus milionários objetivos podem culminar prejudicados. Depois disso, então, que se dane a PMERJ e sua “polícia de proximidade”, que não passa de quimera...

3 comentários:

Anônimo disse...

o sr acha q o fato do cmt ter sido chefe da seg. de lá influencia as reportagens?

Anônimo disse...

Emir disse:

Não creio, não. Muito antes de o atual comandante sentar na cadeira o Sistema Globo já interferia no programa de UPPs. Denunciei isto muitas vezes antes da Copa do Mundo. Portanto, não vejo relação de causa e efeito neste caso. E insisto que o programa de UPPs é muito útil ao Sistema Globo, que detém a hegemonia de transmissão das Olimpíadas, assim como detiveram a mesma hegemonia na Copa do Mundo. Claro que a situação permite a especulação, mas prefiro lidar com fatos e comentar. Como você ceve ter observado, eu falei com todas as letras que o Jornal O GLOBO age como se fosse mandatário da PMERJ. É contra essa descarada interferência que eu me insurjo. Entendo que qualquer que fosse o comandante, a poderosa GLOBO adotaria o mesmo comportamento. É cacoete esse tipo de crítica que o Sistema Globo dispara contra a PMERJ.

Anônimo disse...

Onde se lê "detiveram", leia-se "deteve"