“O mundo está perigoso para se viver! Não por
causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta
de que não viram.” (Albert Einstein)
"JORNAL EXTRA em 01/04/15 06:00
Um em cada cinco PMs baleados ou mortos no Rio é de UPPs do Complexo do
Alemão
Apesar de representarem 2,5% do total do efetivo da corporação, os
policiais militares lotados nas quatro UPPs do Complexo do Alemão são 22,5% das vítimas de ataques criminosos.
Levantamento feito pelo EXTRA mostra que, dos 71 PMs baleados ou
mortos em 2015 no Rio, 48 são lotados em UPPs — 33,3% do total. Desses, 16 são
do Adeus/Baiana, Alemão, Nova Brasília e Fazendinha.
A última vítima dessa região foi um
soldado da Fazendinha que foi atacado ao deixar o trabalho, na noite de
anteontem, na localidade conhecida como Campo do Seu Zé. Atingido na mão, ele
foi socorrido para Hospital Getúlio Vargas e está fora de perigo.
Segundo o levantamento, das 71 vítimas, 19 foram
mortas. Do total de atingidos no Complexo, dois foram feridos na Fazendinha,
cinco na Nova Brasília e nove no Alemão.
Nesta terça-feira, o EXTRA voltou a
base avançada da UPP na Rua Canitar, de onde policiais militares foram expulsos
há pelo menos um mês. Três soldados, de fuzis, continuavam a pé em uma garagem
a cerca de 50 metros do contêiner da UPP. A estrutura está inutilizada desde
que criminosos da região instituíram um limite para os PMs: segundo eles, caso
o ultrapassem a linha imaginária traçada por eles, os bandidos ameaçam
matá-los.
“Monitora aí para eles (PMs) não
ficarem de maldade. Se tentar chegar, arremessa logo e deixa eles f...”, avisam
os bandidos, pelo rádio, durante a tarde.
JORNAL EXTRA, EM
12/04/2015
A ocupação dos complexos do Alemão e
Penha, em 2010, derrubou em 61% o número de vítimas de Perfuração de Arma de
Fogo (PAF) no Hospital estadual Getúlio Vargas (HGV), que atende os dois
conjuntos de favelas. O efeito, porém, não foi duradouro: já no ano seguinte,
as estatísticas de baleados voltaram a subir. Se em outubro de 2011 —
exatamente um ano após a entrada das forças de segurança — 21 pessoas deram
entrada na unidade, no mesmo mês do ano passado os casos já haviam subido para
31, um aumento de 47,6%.
A situação este ano é mais grave. Um
levantamento feito pelo EXTRA nos registros da sala de polícia do HGV mostram
que, entre 1º de janeiro e 10 de abril, 138 pessoas atingidas por tiros deram
entrada no hospital. O número é equivalente a mais de uma vítima por dia.
De acordo com o levantamento, a proporção das vítimas baleadas nos complexos do Alemão e da Penha e atendidas no Getúlio Vargas também cresceu nos primeiros cem dias de 2015. Em janeiro, eram seis entre 34 casos; em março 14 dos 40 pacientes haviam sido feridas nos conjuntos de favelas. Nos dez primeiros dias de abril, foram oito vítimas nos complexos entre o total de 19 baleados levados para a unidade.
PMs são maioria entre os feridos
Na análise dos baleados no Alemão e na Penha, os
policiais militares das UPPs da região são maioria entre os pacientes. Em
janeiro, todos os seis baleados que deram entrada no HGV eram PMs.
Nos meses seguintes, a proporção se manteve: dos 11
atingidos em fevereiro nessas comunidades, oito eram militares. Em março, das
14 vítimas de tiros no Alemão e na Penha, 11 foram policiais atingidos durante
confrontos com criminosos. Entre 1º e 10 de abril, havia três policiais entre
os oito feridos na região.
Na última sexta-feira, havia quatro baleados no HGV
— três deles na sala amarela (área para pacientes que não correm risco de vida)
e um recém-saído do CTI. Presos sob custódia, eles foram atingidos na Maré, na
Nova Brasília e em Irajá.
Procurada pelo EXTRA, a Secretaria estadual de
Saúde destacou que o HGV é uma “unidade de emergência de portas abertas”, que
atende a todos que o procuram."
MEU
COMENTÁRIO
Não sei se devo insistir no tema, a velocidade dos
acontecimentos acaba por nos vencer, pondo um fato anterior na rabeira de outro
mais recente. Mas creio que neste caso a ordem dos fatores não altera o produto
e o registro da história não se deve perder nas entrelinhas de jornais que
embrulham o peixe no dia seguinte.
Daí é que, como venho dizendo e repisando, o
Complexo do Alemão é cenário de Grave Perturbação da Ordem Pública que tem como
causa a Calamidade Social do banditismo urbano, situação bem mais que de Ordem
Pública e a demandar o acionamento de todas as defesas possíveis, além da
restrita Defesa Pública.
E se há o preconceito semântico contra a Defesa
Interna, com todas as suas implicações e desdobramentos, que seja a situação
então configurada como Calamidade Pública a exigir intervenção da Defesa Civil,
não a que erroneamente se restringe às ações dos Corpos de Bombeiros, absurdo
constitucional que precisa ser revisto no Congresso Nacional, ouvidos os
especialistas no assunto e considerada a literatura universal e pátria a
respeito desta modalidade de defesa da população civil que nasceu durante os
bombardeios alemães endereçados a Londres na II Grande Guerra.
Na época, Sir Winston Churchil definiu a Defesa
Civil da seguinte maneira:
“A Defesa Civil é uma obrigação para com a
humanidade, que não pode ser abdicada por nenhuma nação, comunidade ou
indivíduo.”
Pra começo de conversa, que sirva a lição ao
prefeito da Capital do RJ, Senhor Eduardo Paes, que diz estar “prestando favor
à PMERJ” ao construir sedes de UPP. Favor uma ova! É obrigação dele! Mas ele
não é o único que deixa a polícia “sozinha”, como reclamou o secretário José
Mariano Beltrame, que não sei como suporta a solidão em que está na sua luta
contra a violenta criminalidade que assola o Brasil e, especialmente, o Estado
do Rio de Janeiro.
Não significa a constatação nenhum elogio ou defesa
ao secretário de Segurança Pública. Mas esta é a realidade, assim como é real o
fato de que o Complexo do Alemão jamais foi conquistado ou pacificado,
encontra-se em avançado estágio de Grave Perturbação da Ordem Pública, a tal
ponto que os jornais defensores do programa de UPPs não a podem mais ignorar.
É caso das matérias em comento, prova inconteste do
que venho reclamando desde o início, assim como abordei o tema no meu último
romance de ficção denominado FOGO URBANO, todo ele, na verdade, extraído da
vivência que tenho, ou direta, por conta do meu passado de combatente, ou
indireta, por conta do meticuloso acompanhamento que faço das notícias
veiculadas pela mídia, muitas delas controversas a ponto de elevar o nível de
incerteza dos leitores de um só jornal, que acabam internalizando uma só verdade,
quando a realidade é o contrário dela igualmente veiculado em outro jornal,
sejam ou não concorrentes entre si.
Que fique o restante ao livre arbítrio do leitor
deste blog que nada mais almeja que deixar para a posteridade este conturbado tema...
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