domingo, 12 de abril de 2015

RIO EM GUERRA LI

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

G1

11/04/2015 20h01 - Atualizado em 11/04/2015 20h01

Parte da tropa de UPP do Alemão termina curso de aperfeiçoamento

Turma com 60 PMs concluiu treinamento neste sábado (11).

Treinamento da tropa foi anunciado após morte de menino de 10 anos.
  
Policiais da UPP Nova Brasília fazem curso de aprimoramento (Foto: Divulgação Polícia Militar)

Policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Nova Brasília, no conjunto de favelas do Alemão, Zona Norte do Rio, terminaram, neste sábado (11), o treinamento com agentes do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar. O treinamento aconteceu depois de uma série de episódios de violência no conjunto de favelas, dentre eles a morte de um menino de 10 anos e de uma mulher no dia 2. Policiais estão sendo investigados, pois são suspeitos de terem efetuado o disparo que matou a criança.

O curso, ministrado por agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), Batalhão de Ações com Cães (BAC) e Grupamento Aeromóvel (GAM), faz parte do processo de realinhamento da atuação da polícia em áreas pacificadas. As aulas contaram com o apoio de psicólogos e médicos.

Os PMs também receberam instruções de primeiro-socorros, uso de tecnologias não letais, tiro, técnicas de abordagem de pessoas e condução de viaturas, técnicas de autoproteção e proximidade, patrulhamento e gerenciamento de erro.

O psicólogo do COE tenente Carlos Oliveira afirmou que o treinamento desperta a percepção dos policiais acerca de sua atuação nas comunidades pacificadas. Ainda de acordo com ele, os agentes que necessitarem de acompanhamento psicológico receberão assistência dos especialistas da corporação.

"O treinamento pretende contribuir para o aperfeiçoamento da atuação policial. Além disso, no fim do curso, se identificarmos algum policial que precise de mais apoio psicológico, ele será encaminhado para o atendimento individual da corporação, onde receberá assistência e acompanhamento necessários", afirmou Oliveira.

Neste sábado, 60 PMs terminaram o curso. No total, 320 policiais da unidade de Nova Brasília, distribuídos em turmas de 60 homens, passarão pelo curso de aperfeiçoamento. As aulas do próximo grupo terão início na próxima segunda-feira (13). Militares das UPPs de Alemão e Fazendinha, do Complexo do Alemão, também passarão pela capacitação.



MEU COMENTÁRIO


Todo treinamento é bem-vindo, porém deve ser sistemático, tal como é o dos atletas de qualquer esporte competitivo, para evitar a impressão de que se treina o goleiro após levar o "frango"... Não deve, portanto, “terminar”, como anuncia a matéria a insinuar que só agora "começou". Deve, sim, permanecer como um processo sistêmico e evoluir a mais e mais para alcançar a perfeição e absorver novidades tecnológicas e operacionais.

Ressalvo, também, a arma e o alvo utilizados no treinamento de tiro, conforme demonstra a foto do G1: o ponto vital a ser mirado e acertado é o coração, e a arma do treino é fuzil. Enfim, um máximo de letalidade que se pode conceber num exercício que visa, principalmente, a condicionar o homem para agir como o ensinado.

A não ser que eu esteja equivocado em virtude de alguma ilusão de ótica, a distância entre o atirador e o alvo me parece pequena, ou seja, própria para tiro de arma curta, ou de escopeta, ou de metralhadora. Sugere também a prioridade do uso do fuzil em qualquer situação de confronto, instituindo como “normal” a possibilidade de a trajetória da bala ultrapassar o alvo e alcançar outras pessoas distantes do restrito cenário de combate. Ora, não há tanto conforto em Zona de Combate!

Outra coisa: não há como negar que o Complexo do Alemão é Zona de Combate de Guerrilha Urbana, não importando se contaminada por ideologias. Que seja a do lucro, então, o que não configura diferença na ação da força adversa, tão ou mais treinada que a tropa regular em alguns casos! Sim, a PMERJ não cuida de Ação Operacional de polícia, mas de Ação Operativa típica de Defesa Interna, cabendo apenas o uso de Grupos de Combate em deslocamentos rápidos entre Cobertas e Abrigos nem tão acessíveis quanto o galão azul cheio de concreto do treinamento, ele não pode ser levado nas costas...

Esclarecendo que o maiúsculo das expressões significa que trato de Conceitos e portanto não invento, creio que deva estar havendo prática de tiro instintivo diurno e noturno tendo como prioridade, também, o uso de boas armas curtas (em especial de pistolas modernas, de bom calibre, e dotadas de mira a laser), mais fáceis de uso veloz e seguro em situações de perigo próximas do inimigo, esta que deve ser a regra precípua de combate em favela.

Porque, no meu modesto e respeitoso entender de velho instrutor de Emprego Tático de Unidades de PM, ali no Complexo do Alemão há real um cenário de guerra. O próprio uso do fuzil, de lado a lado da contenda, confirma isto. E quando eu intitulo os confrontos naquele conglomerado favelado como de “Guerrilha Urbana” é porque existe sempre uma população civil afetada e tomando partido por um lado, sendo certo que ali não há apoio explícito ao Poder Público, e tudo indica que este apoio pertence ao Poder Marginal, que sabe capitalizar os desastres da tropa regular, como foi o último caso “da morte de um menino de 10 anos e de uma mulher no dia 2.” (G1). E talvez hoje não mais sejam os últimos casos de morte de inocentes em favelas do Rio de Janeiro conflagradas em função do tráfico de drogas.

De resto, que a infelicitada PMERJ continue a “enxugar gelo”, a se expor ao respeitável público, e a agradar aos governantes, tal como faziam entre si os Gladiadores Romanos (únicas vítimas) ante o delírio do povo sem pão, porém saciado com o sangue dos mortos, para júbilo de seus “Césares”...


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