quarta-feira, 11 de março de 2015

RIO EM GUERRA XXV

“O mundo está perigoso para se viver! Não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa dos que o veem e fazem de conta de que não viram.” (Albert Einstein)

G1 Rio

11/03/2015 06h22 - Atualizado em 11/03/2015 06h43

Cinco PMs de UPP ficam feridos em ataque na Zona Norte do Rio

Policiais estavam em um dos acessos ao Morro do Gambá.

Segurança foi reforçada na região; ninguém foi preso.



Criminosos promoveram na noite desta terça-feira (10) um ataque no Lins de Vasconcelos, na Zona Norte do Rio. Cinco policiais da Unidade de Polícia Pacificadora de Camarista-Méier ficaram feridos. As informações são do Bom Dia Rio.

Segundo a Polícia Militar, os PMs estavam próximos a um carro policial quando os criminosos passaram atirando. O crime ocorreu em um dos acessos ao Morro do Gambá. Houve uma intensa troca de tiros. Três policiais foram baleados e encaminhados para o Hospital Marcílio Dias. Até o horário de publicação desta reportagem a unidade de saúde não tinha divulgado o estado de saúde dos agentes. Outros dois PMs foram atingidos por estilhaços e ficaram levemente feridos.

Ainda segundo a PM, não houve registro de prisões e apreensões durante a madrugada, mas a segurança na região foi reforçada. Os policiais tentam localizar os criminosos que atiraram contra os agentes.

COMENTÁRIO

Venho notando por onde passo, especialmente no interior, agrupamentos aqui e ali de viaturas que, por orientações regulamentares, deveriam estar circulando em roteiros ou estacionadas em seus respectivos pontos-base, geralmente por dez minutos, havendo ainda a possibilidade de mudança de rumo e concentração de força ativa em virtude de ocorrências para as quais são direcionadas pelas centrais de operações de suas unidades. Mas a realidade é que as vejo, quase sempre, postadas como belas mangueiras a enfeitarem pracinhas...

Não me vou pôr em situações específicas para tornar minha observação uma denúncia contra A ou B. Refiro-me ao panorama geral, porém certo de que esses ajuntamentos de viaturas por longo tempo, num mesmo lugar, com os PMs distraidamente papeando, deve ser sabido e autorizado por seus comandos, ou, pelo menos, pelos comandos imediatos das guarnições (UPP, DPO etc.) que presumivelmente são supervisionadas. Bem... Não sei se o são, nos meus tempos de serviço ativo a supervisão era efetuada por diversos escalões e até pelo próprio comandante do batalhão. Fiz muito isso enquanto oficial superior servindo em UOp ou como seu comandante.

Suponho que a imobilidade hoje aparentemente tornada rotina deva ser por carência de combustível, pois de viaturas e PMs é que não é o caso, eles lá estão com suas viaturas estacionadas, tais como esse grupo atingido por aleatórios tiros de bandidos passando em alta velocidade, dando chance à sorte mínima dos PMs de não serem atingidos em cheio. Mas é certo que quando eles reagem não acertam seus oponentes, nem os alcançam para prendê-los, falha operacional aberrante que já matou muitos deles em locais com UPP.

Confesso que me impressiona como os PMs abusam da sorte fingindo que os perigos não existem na realidade que vivenciam. A desconcentração deles é incabível e talvez responda por algumas inesperadas reações a produzirem excessos contra pessoas inocentes. Sim, creio que a distração responde não somente por morte ou ferimento dos agentes, mas também afeta o inocente transeunte em vista dessas reações atabalhoadas e fatais aos que deles esperam proteção, mas recebem inesperado chumbo quente.

Nem me vou referir às artimanhas de sempre a justificarem o caminho letal dos projéteis jorrados em espanto das armas dos PMs. Isto já se tornou chatice, repetição incômoda, na verdade clichê instintivo que cai por terra na primeira investigação. E aí os autores são presos, excluídos disciplinarmente, execrados diante do povo e da família, mais um errante no mundo real que não era aquele da farda e do exercício sereno da “polícia preventiva” como prioridade e da “polícia repressiva” como exceção, tais como apreendidas nos teóricos ensinamentos intramuros dos quartéis.


A ocorrência em sublinha encerra uma contradição. Afinal, PMs que deveriam proteger a comunidade de onde estavam aglomerados não conseguiram nem mesmo se proteger dos bandidos que acintosamente passaram por eles e atiraram neles como se jogassem pedra numa mangueira apinhada de mangas maduras. Enfim, a pedra pode até errar o alvo, mas a mangueira não reage. E quando acerta, a manga cai de madura. Assim estão os PMs, caindo de maduros, porque, paradoxalmente, demonstram-se verdes no exercício da arriscada profissão que abraçaram talvez imaginando-a mera ficção.

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