São fortes os rumores nas redes sociais sobre a desmilitarização das Polícias
Militares. De concreto, que eu saiba, há a PEC 51, sobre a qual comentei em
mais de um artigo. Mas há outras PECs versando sobre a desmilitarização e/ou
extinção dessas corporações militares estaduais, mais parecendo “febre” essa
história.
Agora as últimas notícias, verdadeiras ou falsas, dão conta de que a
desmilitarização é tese de campanha defendida pela própria presidente Dilma
Rousseff; há também boatos dando conta de que esta tese é abraçada por mais de
70% da tropa das Polícias Militares, segundo suposta pesquisa de opinião que
circula na internet.
O fato é que a desmilitarização das Polícias Militares é intenção
aberta do PT, já que o autor da PEC 51 é senador petista, embora só se possa
afirmar alguma vitória do partidário propósito mediante teste de voto da
referida Emenda Constitucional nas comissões e no plenário do Congresso
Nacional. Até lá, tudo não passa da vontade de um, não importando aqui se boa
ou má.
Mas a repercussão entre os contrários à intenção do petista emerge também
extremada; eles tacham os favoráveis de “traidores da pátria”, como se o
militarismo nas Polícias Militares fosse algo sagrado e intocável. Ou seja, marcam
posição sem aprofundar a questão, tornando-a espécie de “fundamentalismo”.
Não vejo assim nem assado... Porém, entendo como fato que grande
parcela de tropa da PMERJ, especificamente, defende o fim do militarismo. As reclamações
apresentadas são muitas, mas poderiam aqui ser resumidas ao desrespeito à
dignidade da pessoa humana, ao aviltamento dos direitos e garantias individuais
e à negação ao PM dos direitos sociais acessíveis aos trabalhadores urbanos e
rurais nos termos grafados na Carta Magna.
Com efeito, a tropa da PMERJ vem desde muito tempo reclamando de
maus-tratos pelo andar de cima. Alega que os superiores só querem saber de
cumprir ordens políticas, até as absurdas, desde que mantenham inalcançáveis suas
cabeças coroadas. Enquanto isso, a tropa efetivamente sofre e reclama, e não
apenas por ser sugada em escalas de serviço exaustivas, mas também por serem
seus integrantes (praças) facilmente descartáveis do serviço ativo por
discutíveis medidas disciplinares que se tornam irrecorríveis em todas as
instâncias e poderes. Enfim, a tropa é tratada como gado de rebanho e nada mais...
Por isso, creio eu, a tropa almeja, quase que instintivamente, a
desmilitarização, para assim fugir do arrocho generalizado. Já os superiores
reagem arrochando ainda mais a porca no exausto parafuso. Mas a reclamação não
é recente, eu bem me lembro de pesquisa encomendada ao IBOPE pela PMERJ, nos
idos de 1983, quando era comandante-geral o Cel PM Carlos Magno Nazareth
Cerqueira. Nesta pesquisa, por sinal detalhada, que recebeu de mim análise e
produção de relatório devidamente assinado e arquivado nos anais da corporação
(PM.5), havia uma sugestiva indagação: “Qual é a qualidade que você mais admira
nos seus superiores”. Acompanhando a pergunta vinham como resposta diversos
adjetivos tais como: honestidade, competência, urbanidade no trato dos
subordinados, dentre outros. No final da lista, havia a resposta “nenhuma
qualidade”. Foi esta a preferida por mais de 70% dos entrevistados, devendo-se
considerar que havia superiores respondendo e que não devem ter jogado contra o
próprio patrimônio...
Creio que o exemplo basta para compreendermos por que a tropa prefere a
desmilitarização, pouco significando as iradas reações do andar de cima, do
tipo “busque outra profissão”. Sim, uma inútil recomendação neste rodar da
carruagem, pois até os novatos PMs já ingressam na corporação defendendo
mudanças nos critérios hierárquicos e disciplinares.
Não estou aqui defendendo a desmilitarização como intentam os
falaciosos políticos e outros tantos acadêmicos a eles ligados. Creio que o
momento não é propício para tratar deste tema, que é bem mais complexo do que
pensam os prosélitos defensores da desmilitarização pela simples extinção das
Polícias Militares. Mas que o tema precisa ser discutido, não me há dúvida!
É momento eleitoral, e há, na verdade, muitas propostas de Emenda Constitucional
no sentido unívoco da desmilitarização por via da extinção abrupta das Polícias
Militares, esquecendo-se todos que a ordem pública nacional tem como seu
principal alicerce os 500.000 (quinhentos mil) PMs espalhados pelo território brasileiro,
diuturnamente, garantindo a ordem pública. E algumas poucas paralisações (não
importando aqui discutir se ilegais, elas aconteceram inobstante a proibição da
greve entre militares) deram mostras de que o ambiente social ingressa
imediatamente no caos sem a presença das Polícias Militares nas ruas e
logradouros. Enfim, não se pode conceber um ambiente social ordenado sem o
concurso das forças policiais estaduais.
Por outro lado, porém, há de se pensar na necessidade de se rever toda
a estrutura de segurança pública no Brasil a partir da Carta Magna, incluindo o
tema desmilitarização, do qual não há mais como fugir e deve ser enfrentado sem
paixões. Terá de ser assim porque o modelo militar estadual está gravado na Lei
Maior, esta que, todavia, não pode ser mexida e remexida ao bel-prazer de
ideologias, mas, sim, com rigor técnico. Este, contudo, é a última das
intenções políticas neste conturbado momento por que passa o país.
Deixemos então o tema para depois das eleições, embora sabendo que
qualquer resultado levará o país a uma situação delicada em termos de ordem
pública. Porque os detentores do poder irão às ruas badernar se perderem nas
urnas, conforme muitas ameaças tornadas públicas por facções ligadas ao PT,
particularmente pelo líder dos sem-terra... Pior é que se houver a manutenção
do status quo pela permanência do PT
e de seus partidos aliados no poder central e periférico, é de se esperar que eles
avancem no propósito de “avermelhar” a nação brasileira o máximo que puderem, a
exemplo da Venezuela, da Argentina, da Bolívia, do Equador, de Cuba e algures.
A partir daí... Bem, não sei o que acontecerá ao Brasil, ainda mais se
resolverem cutucar a onça verde-oliva com vara curta... E, para quem não se
lembra, as Polícias Militares são forças auxiliares reserva do Exército
Brasileiro...
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