Fonte: Tribuna da Imprensa On Line
Em dezembro, a
ministra Maria do Rosário, como presidente do Conselho de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana, editou uma Resolução cuja principal finalidade era coibir o
uso de arma de fogo pelos policiais. Você sabe como é. Policiais são aquelas
pessoas treinadas para enfrentar, em encrencas mais ou menos grossas, até mesmo
indivíduos apetrechados com armas de guerra e explosivos. A Resolução da
ministra informava aos bravos profissionais, escassos, mal pagos e em
desvantagem no equipamento, que, se puxassem o gatilho no exercício de sua
atividade – ai deles! Sairiam da encrenca com o crime para um rolo com os
inquéritos e com a Justiça.
A criminalidade –
tenho como coisa óbvia – venceu a guerra que empreendeu contra nós. Hoje, em
todo o país, o crime controla a sociedade e impõe regras. Nós as acolhemos por
medo e os governos por motivos ideológicos. “Como assim?”, indagará o leitor.
Ora, ora, nossos governantes acreditam em luta de classes. Para eles, a ação
dos criminosos contra os cidadãos é uma expressão inevitável dessa luta. Ao fim
e ao cabo, os bandidos realizam tarefa política compatível com o que,
dominantemente, pensam as autoridades.
Não esqueça que
muitos dos nossos atuais governantes legitimavam, com esse mesmo entendimento,
os crimes que cometiam ao tempo da luta armada, nos anos 70 e 80 do século
passado. Assaltavam bancos, supermercados, roubavam automóveis e sequestravam
aviões para abastecerem de recursos sua belicosa atividade. Agora, a
identificação com os métodos e objetivos de então levou à complacência e à
solidariedade que se derrama da Resolução nº 8 do tal Conselho.
O agente policial que
porta arma continua sendo visto, pelos nossos governantes, como inimigo de
classe. Não se requer muitas luzes para perceber isso. Ou você já os viu
expressando preocupação, manifestando condolência ou prestando apoio às vítimas
da bandidagem? Quem não gostar vá chorar deitado. É mais confortável.
INSEGURANÇA
A realidade que
descrevi só vai mudar com uma política que se expresse em outra forma de lidar
com o problema, coisa que tão cedo não acontecerá. Segundo todas as pesquisas
de opinião, a sociedade está muito satisfeita com o grupo que hegemoniza a
política nacional. Crê, sob fé cega, que sua insegurança é causada pelos
bandidos e não pela omissão/conivência dos governos que fazem absolutamente
nada – mas nada mesmo! – do que deveriam fazer, na proporção exigida, para
reverter a situação. Ou seja: novas e mais rigorosas leis penais; maiores
contingentes policiais mais bem apetrechados de recursos materiais e
financeiros; aumento significativo das vagas em estabelecimentos prisionais;
respeito aos direitos humanos dos cidadãos e das vítimas da criminalidade.
Quando a polícia do
Rio de Janeiro empreendeu caçada a um dos maiores traficantes do país e o matou
durante tiroteio, ouriçaram-se as autoridades contra a violência da ação.
Encrenca prá cima dos responsáveis pela operação. Pior para nós, os derrotados,
os desarmados, os desassistidos, os expropriados.
Enquanto isso, nos
Estados Unidos, poucas horas depois do atentado praticado durante a maratona de
Boston, um dos terroristas estava morto e o outro preso. Sim e daí? Daí que em
vez de recriminar o FBI pela “violência da operação”, o presidente Obama foi
para a tevê registrar o sucesso da ação e afirmar que “o mundo testemunhou uma
segura e firme verdade: os EUA se recusam a ser aterrorizados”. Nós afirmamos o
oposto
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