domingo, 28 de abril de 2013

Os vinte anos das Chacinas da Candelária e de Vigário Geral


O ano corrente (2013) é jornalisticamente significativo porque marca vinte anos de duas chacinas havidas na capital do Rio de Janeiro (Candelária e Vigário Geral), assim como nos fará relembrar as trapalhadas dos “investigadores” que acusaram inocentes em vez de apurar seriamente os dois fatos criminosos relevantes.

Para os que defendem a ingerência direta do MP em investigações policiais, devo lembrar que essas duas foram comandadas pelo MP/RJ por meio de promotores de justiça alinhados ao então Procurador-Geral, hoje militante petista, Dr. Antonio Carlos Biscaia, na época (1993) alinhado ao PDT. Claro que ele, na condição de chefe máximo do MP/RJ, deveria determinar uma séria investigação nos dois momentos e não se há de negar que o fez. Também não se deve deixar de reconhecer que os promotores de justiça designados para os casos intentassem o deslinde dos crimes. Pretendiam, decerto, singularizar e denunciar os verdadeiros autores e culpados pelas duas chacinas que abalaram o mundo, quase que resultando intervenção federal no RJ durante o segundo período de brizolismo no desinfeliz RJ escolhido pelo gaúcho como curral eleitoral.

O problema das tais investigações prendeu-se, todavia, ao açodamento de uma turma useira e vezeira em ações truculentas e ilegais aprendidas na ditadura: os arapongas da comunidade de informações da PMERJ e seus xerimbabos instalados no sistema de controle interno da corporação (refiro-me ao ano de 1993). E assim foi feito, bastando concomitantemente alocar no QG da PMERJ alguns poucos delegados de polícia judiciária a lamber os pés dos arapongas alçados pelo MP/RJ ao máximo poder por empréstimo direto de suas intocáveis assinaturas.

Deste modo singular, os inquéritos foram processados como bolos sem receita, desde que nele o recheio fosse feito de desgraçados PMs escolhidos a dedo para bancar rapidamente os crimes, não importando ao sistema se os escolhidos por critérios vários e inconfessáveis fossem ou não inocentes. Isto, na ocasião, era o de menos, a amiga mídia não podia esperar e qualquer acusado era logo exposto ao público como nos inquisitoriais tempos dos “castigos-espetáculos” em que acusados por bruxarias eram imolados diante de alucinadas multidões.

Vinte anos... Que restará na lembrança dos bons, isentos e justos?... Garanto que nada, pois os carrascos se tornaram heróis e os inocentes, muitos deles levados a condenações eloquentes, tornaram-se vilões, enquanto os reais criminosos (que praticaram os dois crimes e não foram identificados), muitos deles, até hoje riem do sistema que não os alcançou e jamais os alcançará. Em compensação, mesmo os sabidamente inocentados em tempos posteriores, – aliás, por iniciativa do próprio MP, representado em diversos tribunais e varas criminais, – os sabidamente inocentados continuam sob desconfiança de uma mídia que não tem interesse em distinguir inocente de culpado, eles são “iguais perante a sede de vingança” dos ideólogos de esquerda, pessoas desequilibradas, fanáticas, ávidas do sangue de quem usa farda, embora, e curiosamente, os arapongas melhor representem, ou deveriam representar, a famigerada repressão política, razão maior desta ira da mídia e das esquerdas pátrias. Mas, não! Essas pessoas da esquerda, em extremada contradição, buscou apoio para elucidar as duas chacinas exatamente naqueles que se dedicaram a retaliá-las durante a tão combatida “repressão”.

Difícil talvez entender, mas nem tanto em se tratando de Brasil e de sociedade corrupta desde a sua origem e em todos os seus aspectos endógenos e exógenos. Sim, nós, brasileiros, formamos uma sociedade que adora aclamar movimentos anticorrupção midiaticamente elaborados e difundidos à desatenta massa, enquanto o “bandido-cidadão” bate a carteira do transeunte, este que, igualmente distraído, bate palmas efusivamente para outros batedores de carteira a encenarem palavras de ordem contra a corrupção com o fim de distraí-lo... Como, aliás, e há bem pouco tempo, fazia um notório Procurador de Justiça e Senador, hoje ainda Procurador de Justiça e não mais Senador, indicando ter sido mais fácil ao sistema alijar um Senador da República que um Procurador de Justiça sacripanta. Mas, em se tratando de PMs, estes são absolutamente iguais, sem identidade individual, mero gado pronto para corte, e por mais que não almejem ser gado, não conseguem, não há nenhuma mobilidade social nesta República dos Bruzundangas a lhes permitir outros meios de subsistência. Entregam-se eles, então, ao exercício de uma profissão odiada pela sociedade em virtude de campanhas midiáticas garantidoras do ódio popular contra a polícia, claro que contando sempre com seus aliados detentores de informações oficiais, mesmo que convenientemente fabricadas para atender à ganância de poder e de dinheiro dos pensantes: os arapongas.

Eis o palco de ontem e de hoje, eis o cenário de chacinas e da imolação de militares estaduais que delas não participaram e que para elas não concorreram. Mas, mesmo assim, mesmo posteriormente absolvidos em sua maioria por conclusão do próprio Ministério Público que os acusara precipitadamente, eles permanecem execrados como se culpados foram e apenas não se lhes provou a culpa. Arrenego! Duas vezes arrenego!... Pois os vinte anos decerto marcarão a história no mesmo falso diapasão a determinar o dissonante tom do sistema, e não o que seja afinado com a realidade passada e presente. Mas não me importa, reclamo para alertar os bons e justos, que são muitos, e que se veem diariamente vitimados por bandidos que não mais se contentam em arrepanhar uma carteira recheada, mas eliminam sumariamente suas vítimas não sem antes torturá-las, garantindo-se no anonimato e na certeza de uma impunidade histórica, tudo em nome de um caótico e aparentemente irreversível proselitismo.

Porque não é outro o atual momento dos assaltos perpetrados por quadrilhas de “crianças” de 15 anos em diante, todas sabedoras do que fazem e conhecedoras do Estatuto da Criança e do Adolescente; enfim, todas cientes de tudo e dispostas a desordenar o ambiente social a seu bel-prazer. Claro que esnobam o fato de não serem trancafiados, e ostentam esse sanguinário poder ao público e à desorientada polícia, que mais não sabe que fazer com os “di menores”. Daí às vezes as reações impensadas de alguns policiais reproduzindo matanças, como, aliás, vem acontecendo Brasil afora. Mas quando ocorre logo se manifesta a indignação sociedade dentro da reducionista ótica de que o bandido que mata está no seu papel e o policial que mata não passa de criminoso desviado de sua função social, que é a de “morrer se preciso for, matar nunca”... Com efeito, o policial não se pode desviar, mas gado estourado não se importa com o abismo à frente, o que implica buscar outra solução além da exigência óbvia de punição para evitar estouros de boiamas policiais revoltadas, já que revoltados são inconsequentes aqui e no resto do planeta...

É isto o que o cidadão ordeiro deseja para si e seus descendentes?...

Não creio nisso!...





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