domingo, 28 de abril de 2013

A “OPINIÃO PÚBLICA” NA “REPÚBLICA DOS BRUZUNDANGAS”


Há temas que se tornam mitos ou tabus, e as pessoas a eles se abraçam efusivamente ou correm deles como o diabo corre da cruz. Não importa a ordem dos fatores nem o produto, a questão é emocional e costuma ser introjetada individual e coletivamente por meio de propagandas enganosas, com desculpas pela redundância. Impressionante é o efeito dessas manobras de contágio nas pessoas, que se tornam reféns de falsas emoções ao serem impregnadas de pensamentos alheios. Exemplo desse comportamento de “gado de rebanho” se vê hoje na Coreia do Norte, na Venezuela e em outros lugares onde o culto à personalidade é comum. E já se assiste a essa espécie de “culto” no Brasil, e de muitas formas. Uma delas é o descarado paternalismo governamental a alimentar o povo faminto com migalhas, e, para tanto, ele, o povo, deve estar faminto. Daí o racionamento das migalhas, de modo que a fome seja prevalente, e o estômago ronque, e a boca salive. Porque sem a carência de alimentos não haverá o suprimento mínimo a enganar estômagos e mentes coletivas. Sem pensamentos racionais estimulados só haverá a emocional aclamação dos mitos ou o apavorante temor dos tabus.

Assim tem sido a (in) governabilidade do país nas mãos de esquerdas e direitas emboladas num só sentido: a permanência no poder. Sim, pois o poder está ocupado pelos mesmos personagens políticos e pouca coisa mudou nas últimas décadas. E quiçá não mudará nem que feneçam gerações. No fim de contas, o poder no Brasil é hereditário desde os tempos da Colônia. Daí assistirmos ao maniqueísmo posto principalmente no Facebook por pessoas incautas e/ou estultas que se prendem a interesses midiáticos para assim receberem um pouco da luz alheia, não importando qual seja a equação geradora da iluminação de suas obscuras mentes involuntariamente tornadas espelhos a refletirem imagens que não lhes pertencem. Pior é que algumas dessas gentes vivem se enganando a si e enganam a outrem, pondo-se como “lideranças de categorias”, quando, na verdade, não lideram nem mesmo a si próprias. Agem, sim, como seres meramente aclamativos. Batem palmas no meio da multidão com tão tamanhona força que machucam as mãos sem a percepção de que seus esforços são inúteis em meio ao rumor geral das palmas coletivas.

Este é o Brasil de hoje, tal como foi o de ontem, sem personalidade e definição, vivenciando o modismo do abraço impensado à ideia alheia tal como um careca a usar peruca para demonstrar ao mundo sua cabeleira. Enfim, a maioria dos que designam por “sociedade brasileira” não passa de gentes orgânicas e calorosas. São tendentes, por isso, essas gentes, à cegueira e à surdez. São rebanhos que se encaminham a passos estreitos, largos ou estourados rumo ao abismo do nada de sempre. E é desse emaranhado que emerge o que a imprensa em geral determina como “opinião pública”, que nada mais é que opinião de quem a publica, a “verdade” do ser pensante em busca da aclamação sabendo-a certíssima. Não é opinião decorrente de pesquisas com significativa amostragem e sem manipulação das estatísticas. Por outro lado, mesmo sendo pesquisa por amostragem considerável, há de se saber que método de aferição garantiu a leveza do resultado, demais ainda da necessidade de se saber se o relatório confere com os gráficos. Ora, no Brasil não há tempo e perder nem dinheiro a gastar com pesquisas de opinião com vistas à difusão sensata da verdade apurada. Bastam apenas lastros de genialidade de pensantes com assinatura, voz ou imagem nos meios de comunicação e já temos plantada a “opinião pública”. E também é assim que se constroem mitos e tabus e se destroem reputações.

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